Presidente do STM vê crimes militares de Bolsonaro e avalia que ele pode ser julgado pela Corte

Maria Elizabeth Rocha tomou posse do cargo nesta quarta-feira e disse que cabe ao Ministério Público Militar apontar os eventuais crimes cometidos pelo ex-presidente que é capitão reformado do Exército

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Foto do author Weslley Galzo
Atualização:

BRASÍLIA – A nova presidente do Superior Tribunal Militar (STM), Maria Elizabeth Rocha, disse nesta quarta-feira, 12, que identifica crimes militares na conduta do ex-presidente Jair Bolsonaro, que é capitão reformado e foi denunciado no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.

“Eu identifico alguns (crimes militares de Bolsonaro), mas não cabe a mim identificar. Esse é o papel do Ministério Público Militar. Ele é o autor da ação penal e o detentor da denúncia. Se ele ainda não se pronunciou, seria um prejulgamento da minha parte mencionar qualquer um deles”, afirmou Elizabeth Rocha em entrevista após tomar posse do cargo.

Solenidade de posse da presidente do Superior Tribunal Militar (STM). ministra Maria Elizabeth Rocha, realizada na tarde desta quarta-feira 12 Foto: Wilton Junior/Estadão

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A declaração da presidente do STM pressiona os procuradores militares, que até o momento não apuram crimes relacionados à patente de capitão reformado do Exército de Bolsonaro, e preferiram aguardar os desdobramentos de uma eventual ação penal a ser instaurada no STF.

Embora tenha evitado tipificar eventuais crimes militares cometidos por Bolsonaro, a presidente do STM mencionou como exemplo a possibilidade dele vir a ser julgado por incitação de tropas à golpe de Estado.

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A declaração foi feita enquanto a magistrada ilustrava eventuais hipóteses que poderiam levar o ex-presidente ao banco dos réus também na Justiça Militar. “Tudo vai depender de como será feita a apuração penal no Supremo Tribunal Federal e qual será a decisão dos ministros da 1ª Turma e posteriormente do plenário”, disse.

No discurso de posse, Maria Elizabeth evitou falar dos atos de 8 de Janeiro ou do envolvimento de setores das Forças Armadas com a tentativa de golpe investigada pelo STF. Finalizada a solenidade, ela justificou que escolheu deixar os assuntos de lado para priorizar a pauta feminista e enfatizar o fato de ser a primeira mulher presidente em 207 anos de história. Em entrevistas, no entanto, ela já defendeu que os militares não devem se envolver com política.