Lula diz que novo PGR não será um ‘amigo’, mas alguém que ‘não faça denúncia falsa’

Presidente também afirma que ‘perdeu confiança’ no Ministério Público Federal após atuação do ex-procurador Deltan Dallagnol na Operação Lava Jato

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Foto do author Natália Santos
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira, 1º, que a indicação ao cargo de procurador-geral da República não será um nome “amigo de Lula”, e sim uma pessoa que “não faça denúncia falsa”. De acordo com o petista, a escolha do próximo chefe do Ministério Público Federal (MPF) será “no momento certo e na hora certa”. O presidente afirmou ainda que “perdeu muita confiança” na instituição, depois da atuação do ex-procurador da República e ex-deputado federal Deltan Dallagnol na Operação Lava Jato.

“Obviamente que vou escolher com mais critério e com mais pente-fino para não cometer um erro. Eu não quero escolher alguém que seja amigo do Lula. Eu quero escolher alguém que seja amigo deste País, alguém que goste do Brasil, alguém que não faça denúncia falsa, que não levante falso sobre o outro. Quem denuncia uma denúncia falsa e depois não prova deveria pagar as custas do processo, porque assim a gente consegue fazer as pessoas serem mais honestas e decentes em suas decisões”, disse Lula, durante o programa Conversa com o Presidente, live semanal do petista no canal oficial do governo.

Presidente afirmou que a indicação ao cargo de procurador-geral da República não será um nome “amigo de Lula”, e sim uma pessoa que “não faça denúncia falsa” Foto: TV Brasil GOV

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Segundo o presidente, não há pessoa no País que “tem mais experiência de escolher procurador” do que ele, que já definiu o nome de três chefes do MPF. “Ninguém neste País tem mais experiência de escolher procurador do que eu, que já escolhi três. Então, eu vou escolher no momento certo, na hora certa. Vou conversar com muita gente, vou ouvir muita gente. Vou atrás de informações de pessoas que eu pensei. Vou discutir se é homem, se é mulher, se é negro, se é branco. Tudo isso é problema meu”, disse. “Ninguém tem que ficar tentando adivinhar.”

Augusto Aras deixa o cargo de procurador-geral da República em setembro, após quatro anos na posição com indicação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Como mostrou o Estadão, Aras tem virado alvo de críticas cada vez mais duras dos setores que não concordam com a recondução dele ao cargo, principalmente pela inércia diante de denúncias contra o ex-presidente e pela suposta omissão durante a pandemia de covid-19.

O procurador, entretanto, tem recebido apoio na sua campanha de recondução de membros dentro do PT como o dos conterrâneos: o ex-governador da Bahia e ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).

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Perda de confiança

Durante live, o presidente também afirmou que perdeu “muita confiança” no MPF após Deltan Dallagnol integrar a força-tarefa da Operação Lava Jato. “Eu sempre tive o mais profundo respeito pelo Ministério Público. Era uma das instituições que eu idolatrava neste País. Depois dessa quadrilha que o Dallagnol montou, eu perdi muita confiança. Eu perdi porque é um bando de aloprados que acharam que poderiam tomar o poder atacando todo mundo ao mesmo tempo, atacando o governo, o Poder Executivo, o Poder Legislativo, a Suprema Corte, todo mundo. Eles fizeram a sociedade brasileira refém durante muito tempo”, disse.

Entre os episódios envolvendo o então procurador e Lula, está o uso, em uma coletiva de imprensa, de uma apresentação em PowerPoint por Deltan para indicar supostas ligações do petista com casos de corrupção.

Em março de 2022, a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) condenou Deltan Dallagnol a pagar indenização de R$ 75 mil a Lula pelo PowerPoint em que acusou o petista de liderar uma organização criminosa. O placar foi de quatro votos a um. A conclusão dos ministros foi que houve “excesso” na divulgação da denúncia contra Lula e que o ex-procurador ofendeu a honra e a reputação do ex-presidente. Lula pedia R$ 1 milhão por danos morais.