Pressionado, Bolsonaro tenta 'zerar jogo' do combate à pandemia em reunião com Poderes

Presidente vai falar sobre a estratégia do governo de ampliar a vacinação e a compra de mais imunizantes

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BRASÍLIA - Pressionado pelos seguidos recordes no número de mortes registradas pelo coronavírus, Jair Bolsonaro vai acenar a presidentes e representantes de outros Poderes com ações mais intensas de combate à pandemia. A reunião marcada para esta quarta-feira, 24, no Palácio da Alvorada, marcará uma espécie de tentativa do presidente de "zerar o jogo" na atuação contra a crise. Bolsonaro vai falar sobre a estratégia do governo de ampliar a vacinação e a compra de mais imunizantes. Para dar respaldo a essa mudança, dirá aos participantes do encontro que o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, centralizará esses esforços à frente da Pasta.

O problema é que Bolsonaro deve ouvir alertas duros dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara, Arthur Lira. Os dois cobram uma coordenação organizada das ações contra o coronavírus e providências para abertura de mais leitos de UTIs, além de abastecimento de oxigênio e medicamentos que estão com seus estoques em risco.

Jair Bolsonaro, presidente do Brasil Foto: Gabriela Bilo/Estadão

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Bolsonaro já espera por esse comportamento, adotado por Pacheco e Lira, publicamente, nos últimos dias. O pronunciamento do presidente em rede nacional de rádio e TV, nesta terça-feira, faz parte desse aceno do Palácio do Planalto na direção de um diálogo mais amplo na condução do combate à pandemia. 

Com a sua avaliação em queda nas pesquisas, Bolsonaro admitiu para aliados que precisava reformular a ação do governo, dando ênfase na vacinação, recuando das críticas públicas que fizera sobre isso. Agora, tem quase pedido uma trégua aos adversários, como fez na segunda-feira, ao dizer que o vírus precisa ser destruído, e "não o presidente".

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Na esteira do movimento, a Secretaria Especial de Comunicação (Secom) alinhou com o presidente a divulgação de uma intensa campanha pelas redes sociais para tentar mostrar que o governo nunca foi contra a vacina. Apesar dessa batalha para tentar impor uma narrativa favorável entre os eleitores, o governo admite que o desgaste político somente será contido com a redução de mortes.

Segundo um ministro próximo do presidente, Bolsonaro aceitou demitir o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, justamente para sinalizar que o governo pretendia agir com mais eficiência.

Mas se por um lado Bolsonaro vai falar intensamente em defesa da vacinação, por outro não está disposto a ceder na sua posição contrária às medidas restritivas, como o lockdown e o toque de recolher determinado por vários governadores e prefeitos. O presidente vai insistir na tese de que a economia será afetada cada vez mais por esse tipo de restrição e que as pessoas poderão acabar se revoltando, espalhando o caos nas cidades. O próprio Queiroga, que já demonstrou não pretender bater de frente com as ideias do presidente, vai argumentar que essas restrições precisam de análise mais criteriosa antes de serem adotadas.

O Planalto também quer aproveitar o encontro também para difundir uma imagem de ação coordenada entre os Poderes. No anúncio da reunião, o governo afirmou que ela se dará "para fortalecer o ambiente de união nacional para prevenção e combate ao vírus da Covid-19, além de ser um espaço para discussão de ações institucionais conjuntas". No mesmo anúncio foram confirmadas as participações no encontro do presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, e do procurador-geral da República, Augusto Aras, além dos ministros André Mendonça (Justiça), Fernando Azevedo (Defesa), Marcelo Queiroga (Saúde), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), José Levi (Advocacia-Geral da União) e do agora ex-ministro Pazuello. Governadores aliados, como Cláudio Castro, do Rio, e Ronaldo Caiado, de Goiás, também foram convidados. 

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