BRASÍLIA - O ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) decidiu não participar de um encontro com a cúpula tucana marcado para esta quarta-feira, 18, em Brasília, que tinha como objetivo fazer com que ele desistisse de ser candidato à Presidência. Agora, Doria negocia com os dirigentes da sigla para que a reunião aconteça no início da próxima semana, em São Paulo.
O convite havia sido feito durante reunião da Executiva Nacional do PSDB, na noite desta terça, 17, mas a recusa de Doria já era esperada; o ex-governador não chegou a confirmar sua presença. “O momento é de diálogo. O projeto de construção política deve priorizar o Brasil e o povo brasileiro”, disse Doria em mensagem publicada nesta quarta no Twitter.
A maioria dos presentes no encontro da Executiva tucana na terça manifestou descontentamento com a possibilidade de Doria ser candidato à cadeira do presidente Jair Bolsonaro. Até parlamentares que antes atuavam como aliados dele, como o líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas (DF), e o secretário-geral da sigla, deputado Beto Pereira (MS), passaram a destacar a inviabilidade eleitoral do tucano.
Depois que saiu do cargo de governador de São Paulo, Doria também perdeu o apoio de parlamentares do Estado. O presidente nacional do partido, Bruno Araújo, chegou a dizer a aliados que uma candidatura presidencial de Doria “mata” a tentativa de reeleição do governador paulista Rodrigo Garcia (PSDB). O argumento usado pela cúpula do PSDB é o de que Doria, além de não crescer nas pesquisas de intenção de voto, tem alto índice de rejeição.
Sentindo-se abandonado pelo PSDB, Doria preparou uma carta na qual acusa o comando do partido de “golpe” e de tentar agir no “tapetão”. Durante a reunião desta terça-feira, o deputado Carlos Sampaio (SP) chegou a dizer que o ex-governador cometeu um “erro jurídico e político” ao fazer a carta. A avaliação geral, até de aliados do paulista, é a de que a carta só serviu para ampliar a indisposição com Doria.
Os principais defensores de Doria no encontro foram o tesoureiro do partido, Cesar Gontijo; o ex-ministro Antonio Imbassahy e o presidente do PSDB paulista, Marco Vinholi, que também é o coordenador da pré-campanha.
A deputada Bruna Furlan, vice-presidente do PSDB, divulgou um vídeo horas antes da reunião na qual elogiou o ex-governador, mas não compareceu à reunião da Executiva tucana. “Nós devemos ouvir a voz dos filiados que elegeram, que decidiram e escolheram o nosso candidato à Presidência da República, João Doria”, disse.
O comando do PSDB queria anunciar nesta semana uma aliança com o MDB, que tem a senadora Simone Tebet (MS) como pré-candidata a presidente. Os dois partidos contrataram pesquisas qualitativa e quantitativa para definir uma candidatura de consenso. Tanto o grupo de Doria quanto o de seu rival, o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), avaliaram, porém, que as pesquisas foram feitas sob medida para fazer com que Tebet seja a candidata, sob o argumento de que ela é menos rejeitada.
Aécio não quer que Doria seja candidato, mas também não quer adiantar uma aliança com o MDB. Para ele, o melhor caminho é convencer o paulista a abrir mão da candidatura para que o PSDB apresente outro nome, que poderia ser o do senador Tasso Jereissati (CE) ou o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite.
Sem consenso sobre uma chapa única, as duas legendas vão apresentar somente o resultado das pesquisas nesta quarta-feira. Até agora não há qualquer acordo na terceira via sobre a disputa presidencial. A tendência é que uma definição ocorra somente perto do período das convenções dos partidos, entre o fim de julho e o início de agosto.
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