ATIBAIA - “Aqui em Atibaia a esquerda e a direita brigam mas concordam que é o melhor lugar para viver. Seria cômico se não fosse trágico”, disse a assessora de eventos Preta Streifinger, de 38 anos, a repórteres que estavam nesta quinta-feira, 18, na frente da casa onde o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz foi preso poucas horas antes.
Com 115 mil habitantes, segundo o censo do IBGE de 2010,
Atibaia
é conhecida pelo clima ameno de altitude que atrai turistas e moradores das cidades próximas, principalmente, São Paulo, em busca de tranquilidade e contato com a natureza em centenas de chácaras e casas de férias nas encostas da Serra da Mantiqueira. Mas desde que veio à tona o caso do
atribuído ao ex-presidente
, a cidade entrou no roteiro dos escândalos da política. A prisão de
na casa pertencente ao advogado
, a quilômetros do sítio usado por Lula, reforçou essa associação. Ao longo do dia vários memes compartilhados em redes sociais faziam piada com a coincidência.
A casa de Wassef fica no Jardim dos Pinheiros, criado como condomínio de veraneio na década de 1980, mas que hoje também abriga residências. Formalmente, o imóvel abriga o escritório do advogado em sociedade com a prima, Fabienne Sonnenburg, o que chamou a atenção da vizinhança.
“O que faz um escritório aqui num bairro residencial?”, questionou o médico Fernando Guedes, de 66 anos. Guedes mora a cerca de 200 metros da casa e disse que só percebeu a existência de uma placa com o nome dos advogados há cerca de um ano.
Os vizinhos ouvidos pelo
Estadão
não imaginavam que o ex-assessor pudesse estar ali até escutarem o barulho do helicóptero da polícia e a chegada de sete carros para efetuar a prisão, na manhã de quinta-feira. A psicóloga Alba D’Ávila, que mora na casa ao lado, disse que viu há alguns meses um homem careca com as características do ex-assessor mas não soube dizer se era Queiroz.
“Pode até ser que tenha visto, mas nunca ia ligar uma coisa à outra”, disse ela. Segundo Alba, que mora há sete meses no bairro, a presença de várias pessoas na casa era perceptível, às vezes faziam churrasco, mas não havia comunicação com os vizinhos.
“Sempre via o caseiro cuidando das plantas, mas nunca nos falamos”, disse ela. Outro casal de vizinhos, que preferiu não se identificar, afirmou ter visto algumas vezes um veículo importado tipo SUV branco, cujas características batem com as do BMW de Wassef, no local.
Disseram também que é frequente a presença de pessoas diferentes no imóvel, algumas delas com sotaque espanhol.Segundo uma pessoa que conhece a casa, o imóvel é constituído por duas construções, residência principal e a edícula onde mora o caseiro, além de um amplo gramado. A casa principal é usada já há algum tempo por Wassef para guardar documentos e materiais de escritório e até o ano passado não estava em condições para receber moradores.
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