Progressistas prevê apoio a Bolsonaro e Lula nas eleições de 2022

Legenda de Ciro Nogueira, Arthur Lira e Ricardo Barros vai se dividir na disputa, principalmente no Nordeste

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BRASÍLIA – Principal partido da base de sustentação do presidente Jair Bolsonaro, o Progressistas vai se dividir no apoio a candidatos na campanha de 2022. Embora avalize o governo Jair Bolsonaro e tenha conquistado ainda mais prestígio com a entrada de Ciro Nogueira na Casa Civil, o partido tem estratégias diferentes nos Estados, principalmente no Nordeste, onde disputas regionais fazem uma ala se movimentar na direção de alianças com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O deputado André Fufuca (MA), que assumiu a presidência do Progressistas após Nogueira ter sido nomeado na Casa Civil, afirmou que a direção nacional deverá dar autonomia para as seções estaduais tomarem decisões em 2022. Apesar do aceno de que o Progressistas não agirá como bloco na campanha, Fufuca observou que ainda não há qualquer acordo fechado para as eleições. “Tem muita água para passar debaixo da ponte até lá”, justificou.

Seções estaduais terão autonomia, diz André Fufuca. Foto: Dida Sampaio/Estadão

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A aliança do Centrão com o governo, simbolizada por Nogueira como “capitão do time” e por Arthur Lira (AL) no comando da Câmara, não impediu que o principal partido desse grupo mantivesse vínculos com o PT de Lula no Nordeste, sobretudo na Bahia e em Pernambuco.

Lula pretende fazer uma maratona de viagens pela região, nos próximos dias, e Bolsonaro também investe cada vez mais no reduto petista. Nesta sexta-feira, 13, por exemplo, esteve no Ceará para entregar moradias populares. Em Juazeiro do Norte, Bolsonaro disse que defende “a bandeira de Padre Cícero” e continua “combatendo o comunismo”.

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Além das reuniões esperadas com governadores do PT e com partidos aliados da esquerda, como o PSB, Lula vai se encontrar com líderes do Progressistas, como o vice-governador da Bahia, João Leão, e o deputado Eduardo da Fonte (PE), ambos presidentes dos diretórios estaduais da legenda.

A primeira parada será no Recife (PE), neste domingo. O senador Humberto Costa (PT-PE) confirmou que o ex-presidente pretende ir além das conversas com a esquerda. “Ele vai se reunir com todos os partidos da frente popular (da base do governador Paulo Câmara, do PSB). Vai fazer muitas conversas lá”, disse o senador.

Costa defendeu o diálogo com o Centrão. “Existem partidos lá que já se relacionaram conosco, que nós temos boa relação, mas que hoje estão na base de sustentação de Bolsonaro”, disse. O Progressistas é a principal legenda do Centrão, grupo informal de partidos conhecido pela troca de apoio político por cargos, e também abriga o deputado Ricardo Barros (PR), líder do governo na Câmara e alvo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid.

Na eleição presidencial de 2018, os cenários estaduais também contrastaram com o nacional. O próprio Nogueira, que era presidente do partido, preferiu apoiar o PT e aparecer em comícios do então candidato à Presidência Fernando Haddad no Piauí. À época, o Progressistas estava na coligação que apoiava o concorrente do PSDB, Geraldo Alckmin, e tinha Ana Amélia como vice da chapa.

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Em um aceno às alianças locais, o PT votou quase que integralmente – 48 de uma bancada de 53 – pela volta das coligações para as eleições de deputados e vereadores. A retomada dessa regra eleitoral foi aprovada na Câmara em primeiro turno, ainda precisa passar por mais uma votação ali e, depois, pelo crivo do Senado.

Para o cientista político Bruno Carrazza, o retorno das coligações proporcionais à cena política favorece o PT, embora o partido seja grande. “Com a volta das coligações, o PT vai poder organizar e se coligar com vários partidos do Centrão nos Estados”, disse ele.

Carazza também avaliou que a mudança dificulta o surgimento de uma alternativa entre Lula e Bolsonaro. “Parte do Centrão vai ficar com Bolsonaro e outra parte, com o PT. Vai sobrar muito pouco para, eventualmente, surgir alguém que não seja Lula e Bolsonaro”, observou.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, negou a preferência do partido pelas coligações, disse que os votos foram para impedir o “distritão” – modelo no qual os candidatos mais votos nos Estados são eleitos – e declarou que as alianças podem ser feitas com as regras atuais. “Isso (apoio do Centrão nos Estados) independe das coligações proporcionais”, afirmou a deputada.

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Filiação. Com a ida de Ciro Nogueira para o Palácio do Planalto e ainda sem a definição do futuro partido de Bolsonaro, que está sem legenda desde 2019, as negociações para que o presidente se filie ao Progressistas foram retomadas.

“Bolsonaro vai procurar um partido que dê melhores condições para ele trilhar o projeto de reeleição”, disse André Fufuca. “Se (Bolsonaro) for para o PP, vai começar esse projeto.”

Vice do petista Rui Costa no governo da Bahia, João Leão foi o primeiro filiado do Progressistas a vocalizar a insatisfação com a possibilidade de entrada de Bolsonaro no partido. “Bolsonaro quer um partido para ter comando. No PP (como o Progressistas é conhecido), ele não vai ter. O partido tem um comando parlamentarista. Todos temos voz e vez”, afirmou Leão, em entrevista ao jornal A Tarde. O vice-governador da Bahia é pai do deputado Cacá Leão (BA), líder da sigla na Câmara.

Em 23 de julho, dois dias após Nogueira ser convidado para a Casa Civil, João Leão fez uma publicação nas redes sociais defendendo a aliança com o PT de Rui Costa e com o PSD do senador Otto Alencar, integrante da CPI da Covid e opositor de Bolsonaro.

“Vou falar do teodolito. Ele tem três pés: um pé na política, que é o PT, o outro é o PSD e o PP”, afirmou Leão, em vídeo postado no Facebook. O vice-governador pregou a manutenção da aliança. “Temos no meio o pêndulo, que são partidos aliados nossos, que ficam no pêndulo para dar equilíbrio ao teodolito. O que nós queremos? Manter esse grupo junto”, insistiu.

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