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PSD, de Kassab, é o partido com mais prefeitos eleitos, e comandará um em cada seis municípios

Partido liderado por Gilberto Kassab é seguido por MDB e PP, com 864 e 752 prefeituras, respectivamente; PT fecha segundo turno em nono lugar, com 252 Executivos municipais

Foto do author André Shalders
Atualização:

BRASÍLIA – O Partido Social Democrático (PSD) é o grande vencedor das eleições municipais de 2024, a julgar pelo número de prefeitos eleitos. Criado pelo ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab em 2011, o partido destronou pela primeira vez o MDB como a legenda com mais prefeitos eleitos no País, ao conquistar o comando de 891 municípios. O resultado divulgado oficialmente pelo TSE aponta 887, por não incluir candidatos que concorreram por meio de recursos judiciais após terem as candidaturas indeferidas.

No cômputo geral, o MDB ficou em segundo lugar em número de prefeituras, com 864, mas obteve uma importante vitória ao conquistar São Paulo neste domingo, com Ricardo Nunes. O MDB também lidera em vereadores eleitos, com 8.113.

O presidente do PSD, Gilberto Kassab: resultado deste ano é resultado de "trabalho extraordinário" de candidatos. Foto: Felipe Rau/Estadão

O Progressistas (PP), do senador Ciro Nogueira (PI), ficou em terceiro, com 752 prefeituras; e o União Brasil terminou em quarto lugar, com 591. Já o Partido Liberal (PL), que tem como presidente de honra o ex-presidente da República Jair Bolsonaro, terminou com 517 – um aumento significativo em relação aos 345 prefeitos eleitos em 2020, mas bem abaixo do objetivo do presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, de eleger mil prefeitos usando o ex-presidente como cabo eleitoral.

PSD e MDB também serão os partidos que governarão o maior número de brasileiros. Os municípios governados pelo PSD somam 35,3 milhões de habitantes, enquanto o MDB governará 35,1 milhões de moradores. O PL terá 25,4 milhões de pessoas sob seu comando, e o União Brasil, 22,2 milhões. O PT governará 9,6 milhões de brasileiros, um milhão a mais que o PSB (8,5 milhões).

O partido de esquerda mais bem sucedido nas eleições deste ano, em número de prefeituras, foi o Partido Socialista Brasileiro (PSB), que fez 312 prefeituras, inclusive a capital de Pernambuco, Recife, com a reeleição de João Campos. Já o PT, partido do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, governará 276 prefeituras. Será apenas o nono partido com mais prefeituras no País. Só terá sob seu comando uma capital: Fortaleza (CE).

Além de terem feito o maior número de prefeituras em geral, MDB e PSD também comandarão o maior número de capitais de Estados. Os dois partidos terão cinco capitais cada um. PSD terá sob seu comando Rio de Janeiro (RJ), Florianópolis (SC), São Luís (MA), Belo Horizonte (MG) e Curitiba (PR). Já o MDB comandará, além de São Paulo, Porto Alegre (RS), Belém (PA), Macapá (AP) e Boa Vista (RR).

Ao Estadão, Kassab atribuiu o bom resultado do PSD ao “extraordinário trabalho” dos candidatos e líderes do partido em Pernambuco, Paraná, São Paulo, Ceará, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

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“Foram campanhas propositivas, que discutiram o futuro das cidades e dialogaram com os eleitores. É como gostamos de fazer no PSD. Parabéns ainda aos vencedores apoiados pelo PSD em todo o Brasil. Agora os eleitos, prefeitas e prefeitos, vereadores e vereadoras, precisam arregaçar as mangas a partir de 1º de janeiro e mostrar aos eleitores, como temos feito desde 2012, porque merecemos a confiança nas urnas”, disse ele.

Para o presidente do MDB, o deputado federal Baleia Rossi (SP), o resultado do partido este ano foi uma vitória da “moderação” e do “equilíbrio”. “Não tem ideologia que funcione sem entregas para a população. Também não adianta fazer aliança se não tiver um projeto claro. Vamos governar o maior número de pessoas, e conquistamos o maior números mandatos (prefeitos, vices e vereadores. É um orgulho ter eleito o maior número de mulheres”, disse Rossi.

Segundo o presidente do PP, Ciro Nogueira, o resultado eleitoral mostrou que o brasileiro está se cansando da polarização entre os extremos ideológicos. “Foi um recado claro das urnas. As pessoas estão cansadas dessa polarização, que deixa os verdadeiros interesses das pessoas de lado. Eu acho que o verdadeiro vencedor das eleições foi o Centro, e, principalmente, o bom senso”, disse ele ao Estadão.

De acordo com o cientista político Gabriel Guimarães, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ), o resultado deste ano mostra a prevalência do modo tradicional de fazer política local no Brasil, em detrimento da política ideológica e baseada em redes sociais.

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O resultado “é a consumação da forma tradicional de fazer política, baseada em entregas da máquina pública e em contato direto com a população. Dos 24 prefeitos que disputaram o segundo turno, 20 foram reeleitos. Isso é um dado que corrobora essa percepção. Esse modo de fazer política foi também turbinado pelas emendas parlamentares, nos últimos anos”, disse Guimarães.

Como mostrou o Estadão após o primeiro turno da disputa deste ano, o uso das emendas parlamentares foi determinante para o bom resultado de partidos do “Centrão”. No grupo das 50 cidades mais beneficiadas por emendas nos últimos quatro anos, prevaleceu a indicação do congressista que mais enviou dinheiro para aquele local. Dessas 50 cidades, em 28 foi possível identificar quem era o candidato apoiado pelo congressista que mais mandou emendas. E, em 25 dessas 28, o “apadrinhado” do congressista foi o vitorioso.