PSDB aprova aliança para lançar Simone Tebet como candidata à Presidência, mas enfrenta divisões

Na composição para apoiar o MDB, os tucanos vão indicar o senador Tasso Jereissati para vice da chapa

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Foto do author Lauriberto Pompeu

Por 39 votos a favor, seis contra e uma abstenção, a cúpula do PSDB aprovou ontem uma aliança com o MDB para lançar a senadora Simone Tebet (MS) à sucessão do presidente Jair Bolsonaro (PL). Após mais de seis meses de negociações, a frente que reúne PSDB, MDB e Cidadania põe a terceira via na disputa presidencial, mas ainda enfrenta muitas divergências para a montagem dos palanques nos Estados.

O nome de Simone passou pelo crivo da reunião ampliada da Executiva Nacional do PSDB, com a participação das bancadas da Câmara e do Senado. Na composição para apoiar o MDB, os tucanos vão indicar mais adiante o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) para vice da chapa.

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Apesar do acerto, tanto o PSDB quanto o MDB já preveem traições. A divisão na seara tucana ficou evidente desde as prévias, em novembro de 2021, quando o então governador de São Paulo João Doria venceu. No mês passado, porém, Doria foi pressionado a desistir da disputa porque a cúpula do PSDB dizia que sua alta rejeição atrapalhava a candidatura do governador Rodrigo Garcia a um novo mandato. Principal colégio eleitoral do País, São Paulo é a “joia da coroa” para o PSDB, que governa o Estado desde 1995.

O deputado Aécio Neves (MG) liderou a ala do partido contra o lançamento de Simone, sob o argumento de que desejava candidatura própria, mas foi derrotado. “Seria uma bênção se a candidatura da senadora Simone pudesse se fortalecer e ocupar esse espaço da terceira via, mas eu vejo que ela está tendo dificuldade no seu próprio partido”, disse ele, que afirmou ter receio de um movimento pelo voto útil.

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Comando

Há uma ala do MDB no Nordeste que já faz campanha para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e outra, no Sul, que está mais vinculada a Bolsonaro (PL).

Na noite desta quarta-feira, 9, a pré-candidata à Presidência da República pelo MDB, senadora Simone Tebet, se reuniu virtualmente com os presidentes das Executivas Nacionais do MDB, Baleia Rossi, do PSDB, Bruno Araújo, e do Cidadania, Roberto Freire. Foto: Divulgação

Aécio defendeu a candidatura própria do tucano Eduardo Leite, ex-governador do Rio Grande do Sul. Nos bastidores, porém, o presidente do PSDB, Bruno Araújo, chegou a dizer a aliados que Aécio queria mesmo era deixar a porta aberta para Bolsonaro. O deputado sempre negou que tivesse esse plano e já chamou a insinuação de “absurda”. Aécio pretende voltar a comandar o PSDB, em 2023, e é hoje um dos principais adversários de Araújo.

“A alma do PSDB é pela candidatura própria, mas entendemos que o PSDB não existe como fim em si próprio. Existe como fim para permitir o que é melhor para a alternativa dos brasileiros”, afirmou o presidente do PSDB, após a reunião. Simone está com Covid-19, mas na noite de ontem participou de videoconferência com Araújo e com os presidentes do MDB, Baleia Rossi, e do Cidadania, Roberto Freire, para definir os próximos passos da campanha.

O movimento pela terceira via, também batizado pelo grupo de “centro democrático”, foi anunciado em meados do ano passado com o objetivo de quebrar a polarização entre Bolsonaro e Lula, favorito nas pesquisas. Até agora, porém, muitos nomes ficaram pelo caminho, como os do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro (União Brasil) e o do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD).

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Estados

O PSDB e o MDB, porém, ainda se estranham na montagem dos palanques em alguns Estados, como Minas Gerais, Goiás, Pará, Pernambuco e Mato Grosso do Sul. Em Alagoas, por exemplo, uma possível aliança entre os dois partidos também ameaça um acordo feito em São Paulo.

A deputada estadual Jó Pereira (PSDB-AL), prima do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), se movimenta para ser candidata a vice na chapa do senador Rodrigo Cunha (União Brasil-AL). Uma ala tucana, porém, negocia apoio à pré-candidatura de Paulo Dantas (MDB), afilhado político do senador Renan Calheiros (MDB-AL), ao governo alagoano.

O presidente do PSDB admitiu divergências nos Estados, mas disse que isso não atrapalha a aliança nacional. “As eleições nacionais não verticalizam todo o processo”, afirmou. “O que vai valer é o conjunto dessa unidade.” Além de Aécio, votaram contra o apoio a Simone os deputados Alexandre Frota (SP), Paulo Abi Ackel (MG), Eduardo Barbosa (MG), Rossoni (PR) e o senador Plínio Valério (AM). O ex-prefeito de Porto Alegre Nelson Marchezan Junior se absteve.

A decisão do PSDB ocorreu um dia depois de o partido acertar um acordo que envolveu o compromisso do apoio dos emedebistas à candidatura de Leite ao governo do Rio Grande do Sul. O deputado estadual Gabriel Souza (MDB) ainda mantém a pré-candidatura ao Palácio Piratini, mas a expectativa é de que ele seja convencido a concorrer como vice do tucano.

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