BRASÍLIA - Antes mesmo de o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, ser oficialmente indicado para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), PSDB e PMDB já iniciaram uma disputa pela vaga que se abriu no Ministério da Justiça.
Filiado ao PSDB, Moraes assumiu o ministério em maio do ano passado como uma indicação do partido. Entretanto, a cadeira não deve permanecer com os tucanos. O entendimento da cúpula do PMDB é de que o PSDB já foi suficientemente agradado e que o Ministério da Justiça deve ficar com o partido do presidente da República.
Além do Ministério da Justiça, o PSDB também está à frente da Secretaria de Governo, com o recém-nomeado Antônio Imbassahy (PSDB-BA), do Ministério das Cidades, com Bruno Araújo (PSDB-PE), e do Itamaraty, com o senador José Serra (PSDB-SP).
Para os peemedebistas, a indicação de Moraes para o STF não significa uma "perda de cargo" no Ministério da Justiça, e sim uma "promoção". Dessa forma, eles analisam que seria justo que o PSDB abrisse mão do ministério para deixar que o PMDB preencha a vaga com alguém do próprio partido.
Os tucanos, por sua vez, não querem perder o Ministério da Justiça. Em conversas reservadas, senadores da cúpula do PSDB defendem que essa cadeira já estava negociada com o PMDB muito antes de Michel Temer assumir interinamente o governo.
Publicamente, entretanto, os senadores preferem disfarçar as pressões e defendem que a indicação para o Ministério da Justiça é uma escolha apenas de Michel Temer. Líder do governo no Congresso e aliado próximo de Temer, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) minimizou articulações para indicar o novo ministro da Justiça. "Nem o PMDB nem o PSDB fazem indicações para o Ministério da Justiça. Isso cabe tão somente ao presidente Michel Temer", afirmou.
Sobre a possibilidade de indicação do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), que foi levantada ao longo do dia, Jucá não poupou elogios ao parlamentar, mas tornou a defender que a escolha cabe apenas ao presidente. "Anastasia é excelente senador e gestor. Ele é um coringa, que pode jogar em qualquer posição. Mas essa avaliação cabe ao presidente", disse.
Por ora, Temer não tem dado sinais de que pretende ceder às pressões de PMDB ou PSDB. A tendência é de que considere a escolha para o cargo estritamente pessoal. A definição sobre o nome tampouco deve sair logo - nesse ínterim, a pasta será tocada por José Levi Mello do Amaral Júnior, atual secretário-executivo. / COLABOROU RICARDO BRITO
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