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PT deve aprovar resolução que acusa BC de favorecer ‘rentismo’ e Bolsonaro de fazer ‘tosquices’

Proposta de resolução será votada nesta segunda-feira e afirma também que ex-juiz Sergio Moro patrocinou “guerra soft” contra os petistas

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Foto do author Vera Rosa
Atualização:

BRASÍLIA - Na primeira reunião após a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Diretório Nacional do PT deve aprovar uma resolução com novas críticas à atual política monetária do Banco Central, ataques ao ex-presidente Jair Bolsonaro e ao ex-ministro da Justiça e hoje senador Sérgio Moro. O texto foi apresentado pela corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), majoritária no partido.

O documento afirma que a política patrocinada pelo BC impede o crescimento do País e não controla a inflação. De autoria da tendência de Lula, a proposta intitulada “O terceiro governo Lula e a retomada do projeto democrático, popular e soberano” foi considerado muito light pelas alas mais à esquerda e ainda deve receber emendas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a presidente do PT, Gleisi Hoffman (PT), durante reunião ainda no governo de transição com movimentos sociais Foto: Wilton Junior / Estadão

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“Acertadamente, o governo do presidente Lula através de seu Ministério da Fazenda conduzido por Fernando Haddad tem pautado no país a discussão essencial da reforma tributária e do novo arcabouço fiscal, depois da tragédia do chamado teto de gastos que nunca foi respeitado e só serviu como cortina de fumaça para justificar o descaso com as necessidades do povo brasileiro, enquanto o rentismo lucra através da política de juros altos do Banco Central, que não controlou a inflação e impede a construção de uma trajetória de investimentos para o desenvolvimento do país”, diz um trecho do documento apresentado pela CNB.

Há outros seis documentos em discussão, mas a corrente de Lula tem a maioria. Ao observar que o bolsonarismo não é um fenômeno isolado, o texto da CNB diz que cabe ao governo Lula defender a democracia no Brasil porque o ex-presidente Jair Bolsonaro, “com suas tosquices e ações desumanas e repugnantes”, representa “um pedaço grande” de um país marcado por preconceitos e violência.

O documento afirma que os governos do PT e o partido enfrentaram “escândalos engendrados” e menciona “um projeto articulado de fora, numa guerra ‘soft’ envolvendo redes sociais, mídias empresariais variadas e a parte cooptada do judiciário brasileiro, cuja maior expressão foi o juiz Sergio Moro e sua quadrilha de procuradores.”Além de juiz da Lava Jato, Moro foi ministro da Justiça sob Bolsonaro e hoje é senador.

Na avaliação da corrente de Lula, é preciso “forjar” na Câmara e no Senado “um pacto de ampla maioria que una todos os democratas e forças amplíssimas que se oponham ao Estado Policial”.

Com 18 menções a Lula, a proposta de resolução mais uma vez afirma que “desde o golpe contra a presidente Dilma, em 2016″, o partido passou por um “longo processo de luta e resistência”. Um dos parágrafos afirma que “o Estado de bem-estar social brasileiro é uma obra inconclusa”.

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Para Valter Pomar, dirigente da Articulação de Esquerda, muito mais do que um governo exitoso é necessário “ampliar a unidade da esquerda política e social” no Brasil. “O golpe de 8 de janeiro reforça a necessidade de alterar o artigo 142 da Constituição, bem como de substituir o ministro da Defesa”, avaliou Pomar, numa referência a José Múcio Monteiro. O artigo 142 regulamenta o papel da Forças Armadas e foi várias vezes citado por bolsonaristas para defender ações antidemocráticas.

Na reunião desta segunda-feira, 13, o PT também aprovou mudanças em sua direção. O ex-deputado Henrique Fontana (RS) será agora secretário-geral do partido no lugar de Paulo Teixeira, que foi nomeado ministro do Desenvolvimento Agrário. O senador Humberto Costa (PE) foi escolhido vice-presidente do PT, substituindo Márcio Macêdo, hoje ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Já Paulo Okamotto vai presidir a Fundação Perseu Abramo, que era dirigida por Aloízio Mercadante, atual presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

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