PT escala Marina e Alckmin na busca pelo voto evangélico na reta final da campanha

Coordenação do núcleo evangélico da sigla está traçando possíveis programações para os dois aliados do ex-presidente Lula nos próximos dias

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Por Giordanna Neves

A menos de dez dias das eleições, a campanha do candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai intensificar o movimento em busca do voto evangélico, segmento no qual o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem ampla vantagem. A ex-ministra Marina Silva (Rede), que declarou apoio público ao petista, e o candidato a vice Geraldo Alckmin (PSB) serão escalados para atrair esses eleitores religiosos.

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Marina é evangélica e é identificada como alguém com grande respeitabilidade entre o segmento. Alckmin é católico praticante, mas também foi designado para atrair esses eleitores. A campanha está traçando possíveis programações para os dois nos próximos dias, de acordo com o pastor presbiteriano Luís Sabanay, que coordena o núcleo de evangélicos da sigla.

Como mostrou o Broadcast Político, a campanha instituiu um Comitê Evangélico para dar organicidade às ações em busca dos eleitores do segmento. O núcleo organizou uma agenda de atividades diárias para dialogar diretamente com esse público e que terão continuidade nessa reta final. Batalhas nas redes sociais com postagens que abordam temas do cotidiano imediato da eleição, massificação de material nas redes em horários de picos e panfletagens com mensagens aos religiosos em todo o Brasil serão intensificadas. O cronograma vai até primeiro de outubro, um dia antes das eleições.

Marina Silva e Geraldo Alckmin participaram de ato com ex-presidenciáveis que declararam apoio a Lula no dia 19 de setembro. Foto: Ricardo Stuckert

Com foco nos colégios eleitorais mais representativos do País, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro serão prioridades também do Comitê. Na próxima terça-feira (27), o fundador e coordenador nacional da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, Ariovaldo Ramos, que participa da comunicação da campanha junto aos religiosos, se reunirá em Minas com o candidato ao governo apoiado pelo PT, Alexandre Kalil (PSD), em um encontro com evangélicos.

“Nós pedimos para cada coordenação estadual fazer com que a campanha de Lula e Alckmin seja visível. E como se dá isso? Através de testemunho. Qual a diferença da nossa campanha e da campanha do Bolsonaro? Não instrumentalizamos religião”, disse Sabanay. De acordo com a pesquisa Datafolha divulgada na última quinta-feira (22), o chefe do Executivo lidera entre os evangélicos com 50%, enquanto Lula aparece com 32%. A diferença reduziu: no dia 9 de setembro, o placar era de 51% a 28%, respectivamente. A melhora é atribuída às ações promovidas neste último mês.

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O objetivo da campanha não é, no entanto, reverter os índices, mas reduzir a distância. O foco na busca pelos votos continua sendo, essencialmente, a mulher evangélica, maior parte negra e periférica, que cuida do lar e da família, que rejeita a pauta armamentista por preservar a segurança dos filhos e temer a violência dentro de casa e que sente diariamente as consequências da crise econômica - temas que contrastam, justamente, com o perfil do principal adversário na corrida presidencial. A estratégia foi reverberada por pesquisas qualitativas encomendadas pela campanha.

De acordo com Sabanay, as ações planejadas nessas eleições visam, além de discutir os problemas reais que atingem a maioria do público evangélico, combater as mentiras que afastam o eleitorado religioso de Lula. A Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito dará subsídios à campanha nessa reta final. O movimento está preparando, por exemplo, um roteiro para desmentir um vídeo que circula nas redes sociais e que associa Lula e PT ao aborto e à descriminalização das drogas, temas caros ao público religioso.

No material, uma mulher negra diz que, como mãe e cristã, se preocupa muito “com o que está sendo repassado às nossas famílias”. “Eles sempre foram a favor da descriminalização das drogas, da liberação de presos. Eles chegam ao ponto de dizer que veem lógica no assalto. Que o bandido não pode ser preso só porque roubou o celular”, diz. O material recupera uma fala antiga de Lula em que afirma que jovens são assaltados e violentados pela polícia, “às vezes inocente ou às vezes porque roubou um celular”.

No vídeo, a locutora também critica o que chama de “sexualização” das “nossas crianças” nas escolas e a prática do aborto. “Eles pervertem as nossas crianças e ao mesmo tempo tentam nos convencer que matar um bebê no ventre é questão de saúde pública”, afirma. O trecho também recupera um discurso de Lula em que diz que o aborto é “uma questão de saúde pública e todo mundo deveria ter direito”.

“(Esse material) tenta enganar as pessoas. Vamos fazer um vídeo que responda a esses temas, como um fio condutor. Para tudo que eles falaram com manipulação da informação, vamos responder linearmente de forma correta”, disse a jornalista e uma das coordenadoras da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito Nilza Valéria Zacarias.

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A intensificação na propagação de mentiras envolvendo o PT e Lula nessa reta final, alavancado pela rede bolsonarista, tem sido uma das preocupações da campanha para garantir a vitória já no primeiro turno.