PT pede que TSE tome providências sobre suposto favorecimento de PF e PRF a Bolsonaro

Segundo integrantes do PT, corporações estariam sendo instrumentalizadas pelo governo para fazer operações com objetivo eleitoral

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Por Débora Alvares e Lavínia Kaucz
Atualização:

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), um dos coordenadores da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que tome providências sobre suposto uso da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em favorecimento ao presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL).

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O ministro Alexandre de Moraes, que comanda o Tribunal Superior Eleitoral, determinou que os diretores-gerais das Polícias Federal e Rodoviária Federal prestem informações em até quatro horas sobre as acusações de que as corporações estariam agindo em favor do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição.

Na noite de sexta, 28, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou em uma rede social que soube de denúncias a respeito. “Chegaram a nosso conhecimento denúncias de que PF e PRF estariam sendo instrumentalizadas pelo governo para fazer operações com objetivo eleitoral. Diante de quem nunca hesitou em usar o Estado contra adversários, estamos pedindo providências ao TSE, em nome da lisura da eleição”, escreveu no Twitter.

O Estadão/Broadcast vem mostrando, desde o primeiro turno, relatos de pressão de integrantes do governo sobre a Polícia Federal para retomar alguma ação em torno da facada sofrida por Bolsonaro em 6 de setembro de 2018, como forma de recolocar o assunto no noticiário. O presidente e aliados sempre tentaram vincular o caso à esquerda e existe uma avaliação entre analistas políticos de que o episódio desencadeou uma espécie de “voto por empatia”.

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O então candidato à Presidência Jair Bolsonaro, momentos antes da facada, em Juiz de Fora (MG). Foto: Fabio Motta / Estadão (06/09/2018)

O delegado responsável pelo caso, Martín Bottaro Purper, da Diretoria de Inteligência Policial, reabriu o inquérito e solicitou um novo depoimento do autor da facada, Adélio Bispo, argumentando a necessidade de identificar eventuais mandantes ou financiadores do atentado. A PF, porém, já conduziu dois inquéritos a respeito sem encontrar vinculações partidárias ou políticas, destacando ainda que não teria havido mandantes.

Procurado mais uma vez na tarde deste sábado, 29, o Palácio do Planalto não se manifestou. A Polícia Federal tem dito que não fala publicamente sobre investigações em andamento.

Na decisão, Moraes cobrou ainda que a PRF “informe os procedimentos e objetivos da citada operação”. O ministro também mandou que a corporação garanta “o pleno transporte público aos eleitores”. À PF, Moraes solicitou informações imediatas e detalhadas de “todas as apreensões noticiadas pelo Ministério da Justiça”, mencionando uma postagem no Twitter do chefe da pasta, Anderson Torres, que mais cedo, às 11h38, comemorou a apreensão de R$ 5 milhões.

“#Bomdia com enfrentamento direto aos crimes eleitorais. Integração de 10 mil policiais federais com cerca de 500 mil agentes das forças de segurança estaduais, em prol de eleições limpas e seguras. Ontem, já apreendemos quase 5 milhões de reais em dinheiro.”, escreveu Torres.

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Petição

Na ação ao TSE, Teixeira lista matérias jornalísticas para basear seu pedido de providências. Uma delas aponta que uma operação da PF poderia atingir aliados de Lula a poucos dias da eleição e outra relata apuração aberta pelo Ministério Público Eleitoral para investigar possível uso eleitoral da PRF por Bolsonaro. Também há uma notícia sobre operação especial da PRF em estradas que cortam a Bahia para coibir crimes eleitorais.

Na petição, Teixeira destaca que “a instrumentalização das instituições para criar fatos políticos artificiais e ingerir no processo eleitoral, lamentavelmente, têm sido cada vez mais frequentes”.

No início de outubro, Bolsonaro autorizou a nomeação de 625 candidatos aprovados em concurso da Polícia Rodoviária Federal. A lei eleitoral restringe a nomeação de servidores durante a campanha. Apesar disso, o Ministério da Justiça e Segurança Pública argumentou que “a não nomeação imediata de pessoal para a PRF comprometeria o funcionamento inadiável das atividades de segurança pública e segurança viária”.

De acordo com o PT, as ações são “concertadas para beneficiar o candidato Bolsonaro” e “adquire contornos deveras sensíveis, notadamente em vista dos anúncios públicos a respeito da realização de operações em regiões historicamente favoráveis ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”.

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