BRASÍLIA – O PT quer que a senadora Simone Tebet (MDB-MS) seja ministra da Agricultura, caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vença a eleição, mas aposta que ela pode preferir a Educação, pasta cobiçada pelo partido. Uma outra cadeira citada para a senadora é a do Supremo Tribunal Federal (STF). Professora de Direito, Simone poderia ser indicada para uma das duas vagas a que Lula terá direito a preencher na Corte, caso chegue ao Palácio do Planalto.
A primeira dessas vagas será aberta em maio de 2023, com a aposentadoria do ministro Ricardo Lewandowski. A segunda, em outubro, com a saída da presidente do STF, Rosa Weber. As aposentadorias são compulsórias, uma vez que os dois completarão 75 anos.
Convertida em cabo eleitoral de Lula no segundo turno, a senadora é vista pela campanha petista como trunfo político para conquistar votos de indecisos, principalmente de centro e centro-direita. Ela estará nesta sexta-feira, 21, ao lado de Lula em Minas, onde o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, fechou aliança com o governador reeleito Romeu Zema (Novo).
A senadora não condicionou seu apoio a cargos. “Nunca tratei desse assunto com o PT. Nunca falei como o presidente Lula sobre isso. Não estou nessa luta por cargo, estou pela democracia e pelo futuro dos nossos filhos”, escreveu Simone no Twitter, na tarde da quinta-feira.
Ao declarar voto em Lula no último dia 5, três dias após o primeiro turno, Simone pediu que, se eleito, ele adote algumas propostas na área social, como a criação de uma poupança de R$ 5 mil ao jovem que concluir o ensino médio, além de período integral para alunos de cursos técnicos. O ex-presidente aceitou.
Embora coordenadores da campanha de Lula não falem publicamente sobre composição de eventual Ministério, o PT nunca escondeu que gostaria de comandar novamente a Educação. Se Fernando Haddad (PT) perder a disputa pelo governo paulista e Lula vencer o confronto com Bolsonaro, o ex-prefeito é um nome cotado para voltar à Educação. Haddad também é citado para outras pastas, como Economia. Uma ala do PT quer emplacar na Educação o senador eleito Camilo Santana (PT), ex-governador do Ceará.
Outro nome lembrado para a Educação é o de Gabriel Chalita. Professor de Filosofia do Direito, ele esteve à frente da Secretaria de Educação no governo de Geraldo Alckmin (PSB), em São Paulo, e na gestão de Haddad na Prefeitura.
Foi na casa de Chalita que Lula e Alckmin iniciaram as negociações para a formação da chapa ao Planalto, em julho do ano passado. Ex-tucano, Alckmin migrou do PSDB para o PSB, e hoje é vice de Lula. Chalita foi filiado ao PDT, mas atualmente está sem partido.
A lembrança de Simone para a pasta da Agricultura ocorre porque ela tem bom trânsito no agronegócio e defende o desenvolvimento sustentável. A senadora fez na quarta-feira uma caminhada de apoio a Lula, em Brasília. “Eu estou aqui pela democracia. Eu e o presidente Lula temos grandes diferenças políticas e econômicas, mas colocamos o povo em primeiro lugar”, afirmou ela.
A senadora estará nesta sexta-feira ao lado de Lula em visita a Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, e Juiz de Fora, em Minas. O Estado é o segundo maior colégio eleitoral do País, só atrás de São Paulo. Em Minas, Lula ficou na frente de Bolsonaro no primeiro turno – o placar foi de 48,29% a 43,60% –, mas o PT avalia que a votação do ex-presidente poderia ter sido bem maior. A tradição política mostra que quem vence em Minas ganha a eleição presidencial.
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