A duas semanas do início oficial da campanha eleitoral, a disputa pelo Senado no Rio de Janeiro abriu uma crise entre os diretórios estaduais do PT e do PSB e rachou o palanque de Luiz Inácio Lula da Silva no Estado.
O ex-presidente decidiu apoiar Marcelo Freixo (PSB) para o Palácio Guanabara, e os petistas esperavam ter primazia para indicar o candidato da chapa à cadeira no Senado. O escolhido era André Ceciliano (PT), presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Mas o presidente estadual do PSB, o deputado federal Alessandro Molon, não quis abdicar de sua candidatura e decidiu mantê-la, contrariando o PT, que pressionava por um único candidato para o cargo.
Insatisfeita, a executiva estadual do partido no Estado aprovou, por maioria, o rompimento da aliança com Freixo na noite desta terça-feira, 2. Eles acusam o PSB de descumprir o acordo estadual. Cabe ainda ao diretório nacional validar a decisão junto com os outros partidos que compõem a federação: PCdo B e PV. A executiva nacional deve tratar do assunto em reunião prevista para esta quinta-feira, 4.
Se levada adiante, a decisão abre margem para a legenda costurar outra aliança no Estado, com o candidato do PDT ao governo, Rodrigo Neves. Dessa forma, Lula passaria a ter dois palanques no Rio, o de Freixo e o de Neves, que é o candidato de Ciro Gomes no Estado.
A campanha de Freixo conta com a palavra de Lula, que se comprometeu em apoiá-lo. Em ato político no Rio no início de julho, o petista reforçou: “Para esclarecer, no Rio de Janeiro, meu candidato a governador se chama Marcelo Freixo. Não tenho nada contra os outros, mas é preciso ter posições”.
Como mostrou a Coluna do Estadão, a investida do Partido dos Trabalhadores fluminense contra a chapa de Freixo pode provocar mudanças na agenda da campanha de Lula no Estado. Em vez de ações em regiões onde o deputado tem vantagem, Lula deve remanejar seus compromissos para a Baixada Fluminense.
Freixo tem evitado comentar o impasse. Na convenção nacional do PSB, realizada em Brasília na semana passada, ele disse apenas: “Sou candidato a governador”, se desvencilhando do atrito pela eleição ao Senado. Molon, por outro lado, tenta reforçar seu nome como o candidato “que mais tem condições” de vencer o bolsonarismo no Estado.
Irredutível, Molon disse em nota: “Mais uma vez reafirmo: não fiz e não participei de qualquer acordo para ceder ao PT a vaga para o Senado. Temos o dever de derrotar o bolsonarismo no Rio de Janeiro. Isso é o mais importante e é em torno disso que a unidade do campo democrático deve ser construída”. A chapa de Freixo rivaliza com a do governador Cláudio Castro (PL), que é bolsonarista.
Desempenho nas pesquisas
A pesquisa eleitoral mais recente sobre a disputa pelo Senado no Rio, da Real Time Big Data, mostra um empate técnico no primeiro lugar entre o atual senador Romário (PL), com 16%, e o deputado federal Alessandro Molon (PSB), com 17% das intenções de voto. Na sequência, aparecem o ex-prefeito do Rio Marcelo Crivella (Republicanos), com 12%, o deputado bolsonarista Daniel Silveira (PTB), com 9%, e André Ceciliano (PT), com 5%.
A mesma pesquisa aponta que o governador Cláudio Castro (PL) está à frente na disputa pelo governo, com 31%, e Marcelo Freixo está no segundo lugar, com 24% dos votos válidos. Em um eventual segundo turno entre os dois, 40% dos entrevistados disseram que votariam em Castro e 31% escolheriam Freixo, enquanto 21% dos eleitores afirmaram que votariam em branco ou nulo. Outros 8% não souberam ou não responderam.
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