Quais são os próximos passos da tramitação da PEC do Aborto? Veja

Propostas de Emenda à Constituição seguem tramitação que envolve criação de comissão especial, votações nas Comissões de Constituição e Justiça da Câmara e do Senado e aprovação em dois turnos nos plenários das duas Casas

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Foto do author Karina Ferreira

A Câmara dos Deputados deu mais um passo na tarde desta quarta-feira, 27, para proibir os casos em que a interrupção da gravidez é permitida na lei brasileira – incluindo quando uma pessoa sofre um estupro e engravida do criminoso. Aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a proposta de emenda à Constituição (PEC) que visa acabar com as provisões de aborto legal no País ainda precisa seguir um rito específico no Congresso para, eventualmente, ser convertido em lei.

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Presidida pela bolsonarista Caroline de Toni (PL-SC), que defende a PEC, a CCJ analisou a constitucionalidade, a legalidade e a técnica legislativa da proposta, julgando sua admissibilidade. Com o texto aprovado por 35 votos favoráveis e 15 contrários, a proposta precisa agora passar por uma comissão especial, que deve ser criada para que a Casa analise essa matéria específica – não pelo mérito dela, mas porque se trata de um dispositivo que tem o poder de transformar a Constituição.

Após ser avaliada e aprovada por essa comissão, que deve ser constituída de membros indicados pelos partidos e tem o prazo de 40 sessões do plenário para dar um parecer, a PEC precisa ser votada pelo plenário da Câmara em dois turnos, respeitando o intervalo de cinco sessões entre as votações. O texto só seguirá para o Senado caso seja aprovado com 308 votos favoráveis dos deputados.

Uma vez na outra Casa, a proposta também deve passar pela CCJ de lá e, se aprovada, seguir para a votação do plenário em dois turnos. Se a PEC for alterada no Senado, deve voltar para a Câmara, onde precisa ser novamente votada. O trâmite continua até as duas Casas aprovarem o mesmo texto e que, uma vez aprovado, será promulgado como emenda constitucional em sessão do Congresso Nacional. Também é possível que apenas a parte que os parlamentares de ambas as Casas concordaram seja promulgada.

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A votação nesta quarta-feira, 27, teve confusão e precisou até ser interrompida após manifestantes a favor do direito reprodutivo das mulheres entrarem no plenário e gritarem as palavras de ordem: “criança não é mãe” e “estuprador não é pai”.

A proposição foi protocolada em 2012 pelo deputado federal cassado Eduardo Cunha (Republicanos-RJ) e garante a inviolabilidade do direito à vida “desde a concepção”. Movimentos feministas são contrários à proposta, argumentando que ela viola o direito de planejamento familiar, pode proibir pesquisas em embriões não implantados, impede o acesso a diagnósticos de pré-natal, impede acesso a técnicas de reprodução assistida, fortalece desigualdades raciais e viola direitos fundamentais – além de revogar um direito já estabelecido em lei.

Aborto na Câmara

O aborto já tinha entrado na pauta do Legislativo federal neste ano, quando bolsonaristas promoveram um projeto de lei que equiparava o procedimento feito após 22 semanas de gestação ao crime de homicídio, estabelecendo penas de seis a 20 anos de prisão para a mulher que o realizasse. A Câmara acelerou a tramitação desse texto no plenário em uma votação que durou cinco segundos.

Após fortes críticas de movimentos populares e de organizações da sociedade civil, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), decidiu criar uma comissão representativa para discutir o projeto e afirmou que o tema ficaria para o segundo semestre do ano. Até então, não teve nenhum avanço.

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A pauta de costume, que provoca engajamento entre conservadores e reação da sociedade civil que considera o tema como uma questão de saúde pública e direito individual, volta agora para a Câmara em meio ao indiciamento de Jair Bolsonaro e aliados em uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022.

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