No primeiro turno das eleições 2024 na capital paulista, cada voto do prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, custou R$ 23,51. O valor é o resultado da divisão entre os R$ 42,3 milhões desembolsados pela campanha do emedebista até o dia 6 de outubro e os 1.801.139 votos obtidos pelo chefe do Executivo municipal ao final da apuração.
Na primeira etapa do pleito, a campanha de Nunes arrecadou R$ 44,8 milhões, dos quais R$ 44,2 milhões foram provenientes do Fundo Eleitoral.
Adversário do prefeito no segundo turno, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) gastou mais tanto no valor bruto quanto na divisão por eleitores conquistados. A campanha do candidato do PSOL custou R$ 59 milhões durante o primeiro turno, quando Boulos obteve 1.776.127 votos. O custo por voto do parlamentar foi de R$ 33,23.
Boulos arrecadou R$ 65 milhões durante a primeira etapa da eleição. A maior parte do montante equivale a repasses do Fundo Eleitoral – R$ 64 milhões –, contemplando também doações de pessoas físicas, de R$ 640 mil, e de financiamento coletivo, de R$ 273 mil.
Os custos por voto dos candidatos que avançaram à segunda etapa do pleito destoam do terceiro colocado, o empresário e ex-coach Pablo Marçal (PRTB). O influenciador registrou 1.719.274 eleitores e teve R$ 7,7 milhões em despesas contratadas. A arrecadação foi de R$ 8 milhões, dos quais 100% foram de doações. No comparativo, cada voto do ex-coach custou R$ 4,50.
Os números utilizados pelo Estadão para o levantamento constam nas prestações de contas entregues pelas equipes dos candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O prazo para informar a relação de despesas contratadas durante o primeiro turno terminou em 5 de novembro. A prestação de contas relativa ao segundo turno pode ser enviada à Justiça Eleitoral até o dia 16 de novembro.
O valor considerado para a divisão pelo número de votos é o de despesas contratadas, que equivalem, efetivamente, aos valores gastos pelas atividades de campanha. Cada candidato também presta contas acerca das receitas obtidas, ou seja, o montante arrecadado pelo candidato. Os recursos do Fundo Partidário não utilizados são devolvidos ao partido, enquanto o montante do Fundo Eleitoral é recolhido pelo Tesouro Nacional. Os recursos de outras origens, como doações de terceiros e do próprio candidato, são encaminhados aos partidos em contas bancárias específicas para a movimentação desses recursos.
Em São Paulo, o pior custo-benefício por voto obtido é do metroviário Altino Prazeres (PSTU). O candidato gastou, em média, R$ 141,01 por cada um dos 3.017 votos que recebeu. O metroviário arrecadou R$ 429 mil para a campanha, dos quais 99% são do Fundo Eleitoral. O candidato do PSTU contratou R$ 425 mil em despesas e terminou o pleito em oitavo lugar, com 0,05% dos votos válidos.
O apresentador de TV José Luiz Datena (PSDB) é o segundo candidato com o maior gasto por voto. O jornalista obteve 112.344 votos, o equivalente a 1,84% dos votos válidos – o pior desempenho da história do PSDB em eleições da capital paulista – ao custo de R$ 5,9 milhões em despesas contratadas. Cada voto do tucano, em média, custou R$ 53,32.
A receita da candidatura de Datena foi de R$ R$ 3,8 milhões, um valor menor do que a soma das despesas contratadas. Dessa forma, o jornalista acumula R$ 2,1 milhões em dívidas de campanha. A arrecadação do tucano foi, predominante, do Fundo Eleitoral, que corresponde a 97,9% das receitas obtidas.
O terceiro maior custo por voto é de Bebeto Haddad, do Democracia Cristã. A campanha do ex-deputado federal arrecadou R$ 142 mil, dos quais R$ 100 mil correspondem a serviços estimáveis de seu partido e R$ 42 mil a doações de apoiadores. Recursos estimáveis são aqueles que não são financeiros. Tratam-se de doações de um determinado bem ou serviço que, para fins de prestação de contas, são estimados em um determinado valor.
Bebeto Haddad contratou R$ 42 mil em despesas de campanha e obteve 833 votos, a pior votação entre os dez postulantes à Prefeitura da capital paulista. Ele teve a candidatura indeferida por problemas na documentação. Os votos, que acabaram anulados, custaram, em média, R$ 51,28.
Tabata Amaral arrecadou R$ 17,8 milhões, dos quais R$ 14,9 milhões foram do Fundo Eleitoral, o equivalente a 83%. As doações de pessoas físicas equivalem a R$ 2,7 milhões. Também houve R$ 200 mil de receita provenientes de financiamento coletivo. O gasto da deputada federal do PSB foi de R$ 17,3 milhões. Cada um dos 605.552 votos pela parlamentar, portanto, custou, em média, R$ 28,57.
Marina Helena arrecadou R$ 2,9 milhões, dos quais R$ 2,4 milhões são do Fundo Eleitoral, o equivalente a 84%. O pleito de 2024 marcou a estreia do Partido Novo no uso de recursos provenientes de fontes públicas, o que contraria uma bandeira defendida pela sigla em sua fundação, em 2015. A norma foi revista pela legenda no primeiro semestre deste ano.
A candidata do Novo à Prefeitura de São Paulo também contou com R$ 270 mil de doações de pessoas físicas e R$ 20 mil de financiamento coletivo.
O candidato João Pimenta, do PCO, registrou 960 votos e não declarou despesas em sua prestação de contas ao TSE. O candidato do PCO disse ter arrecadado R$ 97 mil em bens estimáveis relativos a doações de seu partido.
Depois de Pimenta, o menor gasto por voto registrado é de Ricardo Senese, da UP. O metroviário arrecadou R$ 23,3 mil para a campanha e, desse montante, gastou R$ 556, terminando o pleito com 5.593 votos, um custo médio R$ 0,10 por voto.
Do montante arrecadado por Senese, 65% equivalem a um financiamento coletivo, enquanto o restante correspondem a bens estimáveis de voluntários da campanha e de uma panfletagem fornecida por seu partido.
Siga o ‘Estadão’ nas redes sociais
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.