Quanto o governo Lula gasta no X de Elon Musk? Veja o valor total e como o dinheiro é usado

Gastos foram realizados entre janeiro de 2023 e abril de 2024; parte dos pagamentos realizados pelo governo foi para quitar ações da gestão Bolsonaro

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Foto do author Weslley Galzo
Atualização:

BRASÍLIA - Apesar das indiretas recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao empresário Elon Musk, o seu governo destinou R$ 654 mil aos cofres da rede social X (antigo Twitter), que é controlada pelo bilionário, para impulsionar “publicações de utilidade pública” e ações de comunicação institucional entre janeiro do ano passado e abril deste ano.

Os gastos foram realizados por seis Ministérios e pela Presidência da República. As pastas firmaram 95 contratos, de acordo com os dados disponíveis no Portal da Transparência. A Secretaria de Comunicação Social da Presidência foi a recordista de repasses à rede social de Musk. Foram destinados mais de R$ 263 mil à plataforma por meio de 37 contratos desde o início do governo Lula.

Lula e Elon Musk Foto: Evaristo Sá/AFP e Michel Euler/AP

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O Ministério da Saúde ocupa o segundo lugar do ranking com a destinação de mais de R$ 185 mil ao X por meio de 35 contratos. A titular da pasta, Nísia Trindade, está pressionada pela alta dos casos de dengue no início deste ano. Porém, apenas quatro ações de impulsionamento foram fechadas com a rede social entre fevereiro e março deste ano, ao custo de R$ 21 mil.

Como mostrou o Estadão, o governo Lula reduziu em 58,5% o valor gasto com campanhas de comunicação para prevenção e conscientização sobre a dengue no ano passado, mesmo com diversos alertas de que a epidemia de 2024 poderia alcançar um número recorde de casos e que a prevenção deveria ser intensificada antes da chegada do verão. A pasta da Saúde gastou R$ 163 mil com impulsionamentos no X no ano passado, mas não há a especificação de quanto deste valor foi destinado a publicações sobre a dengue.

As outras pastas que usaram a rede de Elon Musk para veicular as suas campanhas publicitárias foram os Ministérios das Comunicações (R$ 74 mil por quatro contratos), do Desenvolvimento Social (R$ 67 mil por oito contratos), da Educação (R$ 30 mil por sete contatos), dos Transportes (R$ 19 mil por três contratos) e da Integração (R$ 13 mil por dois contratos).

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A pasta dos Transportes afirmou à reportagem que os recursos foram destinados ao impulsionamento de duas ações de utilidade pública: a Campanha da Semana Nacional de Trânsito 2023 e a Campanha “Rodovida”.

“As redes sociais oferecem uma ampla variedade de opções de segmentação, permitindo alcançar diretamente o público-alvo das campanhas com base em características demográficas, interesses, comportamentos online e muito mais. Isso aumenta a eficácia da publicidade, pois os anúncios são exibidos para pessoas que têm mais probabilidade de se interessar pelo conteúdo abordado na campanha”, disse o Ministério em nota à reportagem.

Já o Ministério do Desenvolvimento Social usou o dinheiro destinado à rede social de Musk para estimular campanhas do Bolsa Família, do Cadastro Único e do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). “Alcançar a população em geral com informações que são cruciais para conhecimento das políticas públicas e sobre os programas e serviços do Ministério”, afirmou.

O Ministério da Integração fez os pagamentos ao X para veicular campanhas da Defesa Civil. O objetivo, segundo os técnicos da pasta, foi “atingir o máximo de pessoas possível - dentro do público-alvo - com a verba disponível com frequência ideal para entendimento e fixação da mensagem”. “As veiculações no Twitter fazem parte de um plano de mídia mais abrangente que envolveu televisão aberta, rádio, mídia exterior, redes sociais, mobile e redes de conteúdo”, disse em nota.

Alguns dos pagamentos feitos pelos Ministérios de Lula em 2023 foram para quitar ações contratadas pelo governo Jair Bolsonaro no ano anterior. Os gastos do Ministério das Comunicações no ano passado, por exemplo, foram todos contratados pela gestão passada. “Os recursos para os pagamentos foram reservados e realizados com o orçamento daquele ano. Na época, a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) fazia parte do Ministério das Comunicações”, disse a pasta em nota à reportagem.

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Em fevereiro deste ano, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), se reuniu com três executivos de outra empresa do bilionário Elon Musk: a SpaceX. O encontro foi durante o World Mobile Congress, uma conferência realizada em Barcelona (Espanha) para falar sobre conectividade. Parte da equipe de Musk na agenda com o ministro era representante da Starlink, a internet via satélite da companhia.

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Havia a expectativa de que o serviço de internet fosse instalado nas escolas do País após a adoção de uma política que facilitou a contratação da empresa. Como mostrou o Estadão, o governo federal redefiniu parâmetros das velocidades de internet necessárias para conectar milhares de escolas públicas depois de o Ministério da Educação (MEC) baixar uma regra que limitava a concorrência entre as empresas e favorecia a entrada da Starlink no setor.

Apesar do histórico de relacionamento com Musk e dos gastos com o X, governo do presidente Lula tomou o lado do Supremo Tribunal Federal (STF) e do ministro Alexandre de Moraes na disputa com o empresário pela remoção de perfis propagadores de desinformação na rede social.

Na última terça-feira, 9, Lula fez uma declaração cifrada que foi compreendida como uma indireta a Musk. “O crescimento do extremismo de direita que se dá o luxo de permitir que o empresário americano, que nunca produziu um pé de capim neste País, ouse falar mal da Corte brasileira, dos ministros brasileiros, do povo brasileiro. Não é possível”, afirmou.

“Tem até bilionário tentando fazer foguete, tentando fazer viagem para ver se encontra espaço lá fora, não tem. Ele vai ter que aprender a viver aqui, ele vai ter que usar muito do dinheiro que ele tem para ajudar a preservar isso aqui”, disse o petista.

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Procurados, os Ministérios da Saúde, da Integração, da Educação e a Secom não retornaram até a publicação desta reportagem.

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