SÃO PAULO, PORTO ALEGRE, BELO HORIZONTE, SALVADOR, RECIFE e NATAL – Pelo menos 77 faculdades de Direito em 26 Estados e no Distrito Federal realizam nesta quinta-feira, 11, atos em defesa da democracia com a leitura da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito, conforme levantamento do ex-presidente da Federação Nacional dos Estudantes de Direito Rodrigo Siqueira Junior. Além da defesa do processo eleitoral, as manifestações foram marcadas por protestos contra o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em Belo Horizonte, três manifestações foram lidas ao público: Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito, da Universidade de São Paulo (USP); Manifesto à Nação em Defesa da Democracia, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); e Nota Pública da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ao final, pelo menos 150 pessoas gritaram “ditadura nunca mais”.
Em Porto Alegre, estudantes, sindicatos e associações participaram do ato em defesa da democracia com a leitura da Carta aos Brasileiros e Brasileiras, na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Aos gritos de “fora, Bolsonaro”, os estudantes protestavam contra o corte de verbas da Educação pelo governo federal.
Em Salvador, o movimento estudantil foi o protagonista dos protestos em defesa da democracia, na manhã desta quinta-feira, 11. Eles percorreram as ruas do centro da capital baiana. Também participaram membros de centrais sindicais e partidos de esquerda. A concentração teve início às 9 horas, no Campo Grande, e, por volta das 10 horas, os manifestantes seguiram pela Avenida Sete de Setembro. O ato acabou pouco depois do meio-dia, na Praça Castro Alves.
No Recife, o ato ocorreu na escadaria da Faculdade de Direito do Recife da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A leitura da Carta aos Brasileiros foi dividida por lideranças de movimentos sociais, das universidades e da Cátedra D. Helder Câmara, além de representantes dos indígenas de etnia pankararu.
Em Fortaleza, a manifestação ocorreu em frente à Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC). A carta foi lida por Inocêncio Uchôa, juiz aposentado e ex-preso político durante a ditadura militar (1964-1985).
“O Brasil tem enfrentado dificuldades em sua trajetória, em que correntes autoritárias tomaram o governo”, disse. “Mas se em 77, aquela carta assinada por juristas deu um impulso contra a ditadura, a de hoje se diferencia pelo amplo apoio que recebeu, alcançando quase 1 milhão de assinaturas. Essa carta de agora é endossada pela população”, afirmou.
Em Natal, estudantes, dirigentes sindicais e membros de movimentos sociais saíram em caminhada pela principal avenida Salgado Filho, na zona sul da capital potiguar. Com faixas, cartazes e bandeiras, os estudantes gritaram frases como “educação não é mercadoria” e “fora, Bolsonaro”, além de críticas ao governo federal. Alguns participantes estão trajados com camisas de partidos de esquerda e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em Florianópolis, o ato ocorreu na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). “A UFSC não poderia se furtar, nesse momento, de como fez em outros tantos momentos de estar junto na defesa do estado democrático de direito”, afirmou a vice-reitora da UFSC, Joana Célia dos Passos. A manifestação contou com a presença de cerca de 500 pessoas, que assistiram à transmissão ao vivo da leitura da carta feita pela USP.
“Como a história nunca fica no passado, não surpreende estarmos aqui para frear a tentativa de retorno ao regime autoritário em nosso país”, disse o presidente da Apufsc, Bebeto Marques, que organizou o evento ao lado de outras 29 entidades. | Manoela Bonaldo, Érico Almeida Fabres, Marcellus Madureira, Anderson Ramos, Augusto Tenório e Ícaro Carvalho
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