Ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) e ex-ministro das Relações Institucionais (2007-2009), José Múcio Monteiro Filho é o principal cotado para ser ministro da Defesa no novo governo Lula. O anúncio do seu nome é aguardado para a próxima semana, junto com a indicação dos futuros comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Conhecido de longa data do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Múcio também foi deputado federal por Pernambuco durante cinco mandatos e tem carreira de quase cinquenta anos de vida pública.
Elogiado pela capacidade de articulação política, José Múcio tem bom trânsito nas Forças Armadas e acredita-se que pode contornar dificuldades de relacionamento de Lula com a cúpula militar. O nome dele como possível titular da Defesa já foi elogiado, inclusive, pelo atual vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), que tem contrariado o tom agressivo de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL).
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Caso a indicação seja confirmada, as Forças Armadas voltarão aos cuidados de um ministro da Defesa civil depois de quase cinco anos. Antes de Bolsonaro, o ex-presidente Michel Temer (MDB) já havia nomeado o primeiro militar para o cargo, o general Joaquim Silva e Luna, no começo de 2018. A pasta existe desde 1999.
O primeiro cargo de Múcio em um governo petista foi como ministro da Secretaria de Relações Institucionais, de novembro de 2007 a setembro de 2009. Em outubro do mesmo ano, assumiu como ministro do Tribunal de Contas da União, do qual se aposentou no início de janeiro de 2021, dois anos antes da aposentadoria obrigatória (aos 75).
“Busquei , incessantemente, ao longo desses anos e durante toda minha vida, construir pontes, pois considero que as melhores soluções são resultantes da soma dos diversos pontos de vista”, disse Múcio em seu discurso de despedida do TCU, em dezembro de 2020.
Múcio foi deputado federal por Pernambuco entre os anos de 1991 e 2007, além de vice-prefeito e prefeito de Rio Formoso (PE) e titular de secretarias do governo pernambucano. Em quase cinco décadas, ele passou por diversos partidos. Começou na Arena, partido ligado ao regime militar, onde atuou de 1966 a 1979. No ano seguinte, se filiou ao PDS, no qual permaneceu até 1991. Depois, integrou o PFL (ex-DEM) por 10 anos. Em 2001, migrou para o PSDB e, desde 2003, é filiado ao PTB.
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Durante a pandemia de covid-19, o ex-ministro do TCU se posicionou contrário à gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL). Em entrevista ao Poder360, Múcio afirmou que o chefe do Executivo perdeu a oportunidade de fazer “um grande pacto de governabilidade”. “Não é nem pelos que pensam igual ao governo. O vírus não tinha filiação partidária. Não era ideia de nenhum partido. Era o inimigo coletivo do Brasil, do mundo inteiro. Poderíamos nos juntar. Lamento até porque o governo gastou muito, mas não soube dar”, disse.
Aos 74 anos, recentemente, Múcio foi convidado para integrar o grupo de transição do governo Lula focado nos trabalhos da área de Defesa, já se projetando como potencial ministro e cumprindo a condição básica determinada pelo petista: ter um civil à frente da pasta.
Como mostrou o Estadão, nesta segunda-feira, 28, Lula se encontrou com um general e três brigadeiros da reserva para informar que, na semana que vem, os anúncios dos nomes serão feitos. O encontro contou com nomes como o do ex-comandante da Aeronáutica brigadeiro Juniti Saito, os também brigadeiros Nivaldo Rossato e Ruy Chagas Mesquita, além do general Gonçalves Dias, responsável pela segurança de Lula tanto no governo como na campanha deste ano. Dentre os civis, estavam o próprio José Múcio, Aloizio Mercadante e o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin.
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