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Quem é Marcos do Val, senador que avalia renunciar a mandato acusando Bolsonaro por golpe

Após receber ligações de filhos do ex-presidente, Do Val buscou isentar Bolsonaro e negou que decisão sobre renúncia esteja tomada; parlamentar tem trajetória polêmica: já afirmou ao ‘Estadão’ ter recebido emenda do orçamento secreto em troca do voto à Pacheco, em 2021

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Por Redação
Atualização:

O senador Marcos Do Val, (Podemos-ES), que publicou em sua conta do Instagram, nesta quinta-feira, 2, um comunicado dizendo que vai apresentar sua renúncia nos próximos dias e sairá definitivamente da política, foi eleito senador pelo Estado do Espírito Santo nas eleições de 2018.

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Em seu mandato, o senador ocupou cargos na Mesa Diretora do Senado, como 1º suplente de secretário, e também em comissões permanente, sendo vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.

Dentre suas atuações como parlamentar, Do Val faz parte da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e da Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor (CTFC), onde ocupava o cargo de vice-presidente.

Marcos do Val, que foi eleito senador em 2018, anunciou nesta quinta-feira, 2, que renunciará ao mandato. Foto: Edilson Rodrigues/ Agência Senado - 27/03/2019

Contradição

No fim da manhã, diante da enorme repercussão do caso, Do Val concedeu entrevista coletiva negando que a decisão sobre renunciar ao mandato já tenha sido tomada. Ele ainda procurou isentar o ex-presidente Jair Bolsonaro, alegando que este permaneceu calado diante do plano de golpe apresentado por Daniel Silveira. Como mostrou o Estadão, o recuo se deu após o senador receber ligações telefônicas dos filhos do ex-presidente.

Não é a primeira vez que Do Val entra em contradição ou procura desmentir declarações gravadas.

Em uma entrevista concedida ao Estadão em julho do ano passado, o parlamentar afirmou ter recebido emenda do orçamento secreto em troca do voto à Pacheco para eleição na presidência do Senado, em 2021. Na época, Do Val afirmou que os recursos seriam uma forma de “gratidão” pelo apoio e declarou ter sido informado sobre a verba por Davi Alcolumbre (União-AP), articulador da campanha de Pacheco ao comando do Senado, após o resultado da disputa.

“Eu não sei qual é a conversa que ele teve em valores com os outros. Para mim, quem me ligou dizendo foi até o Davi (Alcolumbre), não foi nem o Rodrigo. E aí com o Davi que eu perguntei. Eu achei até muito para eu encaminhar para o Estado (Espírito Santo), mas como (é) questão de saúde, eu não vou negar. Eu perguntei: “Mas teve algum critério?” Ele só falou: “Aquele critério que o Rodrigo falou para vocês lá no início”. “Ah, tá, entendi.” Mas ele falou: “Só que o Rodrigo te colocou no critério como se você fosse um líder pela gratidão de você ter ajudado a campanha dele a presidente do Senado”. Eu falei: “Poxa, obrigado, não vou negar e vou indicar”, disse.

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Após a publicação da entrevista, o senador divulgou uma nota na qual afirmou ter sido “mal interpretado”. O senador destacou, ainda, que todo recurso recebido foi destinado ao Espírito Santo. “Pelo desculpas por eventual mal entendido”, escreveu.

Horas antes de divulgar o comunicado em que comunicou que entregaria seu pedido de renúncia nos próximos dias, o senador participou de uma live nas redes sociais, na qual afirmou ter sofrido coação do ex-presidente Jair Bolsonaro para apoiar um golpe de Estado. Na live, o senador não especificou quando e onde este pedido foi feito. Ele também disse ter denunciado o caso.

“Eu ficava p... quando me chamavam de bolsonarista. ‘Ah, o senador bolsonarista e tal’. Vocês esperem. Eu vou soltar uma bomba aqui para vocês: sexta-feira, vai sair na Veja, a tentativa do Bolsonaro, que me coagiu para que eu pudesse dar um golpe de Estado junto com ele. Só para vocês terem ideia. E é lógico que eu denunciei”, disse o senador.

Aikido e Swat

Capixaba, nasceu em Vitória. Tem 51 anos e já atuou como militar do Exército Brasileiro no 38º Batalhão de Infantaria. Do Val tem dois irmãos e uma irmã, é casado e tem uma filha, Carol. A vontade de estar mais próximo da família fez parte da justificativa do senador para renunciar ao mandato.

Mestre em Aikido, ele é diplomado e credenciado pela International Aikido Federation, com sede em Tóquio, no Japão. O parlamentar também fundou o Centro Avançado em Técnicas de Imobilizações (CATI), responsável pelo treinamento policial de agentes de segurança pública e privada. O empreendimento, segundo o site oficial da empresa, permitiu ao senador participar de treinamentos de instituições como SWAT, NASA e FBI. Além de atuar em outras corporações policiais nos Estados Unidos, França e China, por exemplo.

Do Val também foi responsável por treinar figurantes do filme Tropa de Elite para fazer, dentre outros exercícios, incursão em comunidades do Rio. Devido a seu negócio, o parlamentar recebeu o título de Membro Honorário da SWAT de Beaumont, no Texas, bem como títulos de mestre Honoris Causa em Artes Marciais pela FACEI, e Doutor Honoris Causa em Artes Marciais, pela Universidade Erich Fromm World Univesity, da Florida (US).

Corrupção

Do Val foi autor da PEC 30/2019, que dispõe sobre a prevenção e o combate à corrupção. Também elaborou o PL 2599/2021, no qual propõe a coordenação de ações dos três Poderes para o “combate ao desperdício de recursos públicos e o fortalecimento da eficiência na gestão pública”. Logo no início de mandato, em 2019, Do Val representou a Comissão de Relações Exteriores do Senado nos Estados Unidos e foi recebido pelo Departamento de Estado, Congresso Nacional e Pentágono, em Washington, a fim de discutir temas para o combate ao crime organizado, cibernético e na área de Defesa Nacional.

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Apoiador do candidato bolsonarista Rogério Marinho (PL-RN) na eleição para o comando do Senado nesta quarta-feira, 1, o senador foi acusado de traição após ter cumprimentado Rodrigo Pacheco pela reeleição à presidência da Casa. O próprio Do Val deu a entender que, além da pressão de Bolsonaro pelo golpe, o estopim para a renúncia seu deu devido às críticas recebidas por políticos e grupos de direita, como o ex-deputado estadual paulista Arthur do Val, conhecido como Mamãe Falei, e Renan Santos, ambos integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL). Eles acusaram o senador de “traição”.

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