BRASÍLIA - O candidato do Pros à Presidência da República é um coach motivacional que colocou em risco a vida de 32 pessoas ao levá-las, em 4 de janeiro, para acampar no Pico dos Marins, no interior de São Paulo. Sem experiência em escaladas, desprovido de equipamentos e diante de condições ambientais adversas, o grupo liderado por Pablo Marçal precisou ser socorrido pelo Corpo de Bombeiros.
A “expedição” era uma parte dos cursos que ele vende e custam até R$ 3 mil. A mistura de uma retórica religiosa e conservadora com declarações motivacionais lhe renderam mais de 2,3 milhões de seguidores no Instagram.
Nas redes sociais, Pablo Marçal se define como “empresário, investidor e escritor”. Também se anuncia como alguém com “grande desejo de ajudar as pessoas a prosperarem em suas vidas”. Para vender os cursos, recorre a termos como “destravar códigos da prosperidade e do governo da alma”. Como candidato, quer “destravar a nação”.
No acampamento mal sucedido, ventos de 100 km/h rasgaram as barracas. O grupo foi resgatado na manhã seguinte e foi publicamente criticado pelo Corpo de Bombeiros, pois já estavam postas todas as evidências de que a subida não era recomendada, sobretudo para pessoas sem experiência.
A operação dos bombeiros durou cerca de dez horas. No dia seguinte ao resgate, Marçal não fez autocrítica. “Na nossa subida ontem na montanha, a gente correu muito risco. Aí alguém me fala: ‘Mas pra que correr risco?’ Se você não quer correr risco, fica na sua casa assistindo os stories”, afirmou.
Com 2,4 mil metros de altitude, o Marins, localizado na região do Vale do Paraíba, é conhecido para turismo montanhoso. As autoridades, porém, emitiram alertas para as condições inadequadas para subida naquela época.
O influenciador disse que não obrigou ninguém a segui-lo morro a cima. Contudo, na parte da aventura publicada nas redes sociais ele debochou de pessoas que desistiam da subida e dizia que elas tinham a “mente limitada”.
Natural de Goiânia, o influenciador tem 35 anos. Filiou-se ao Pros em março para disputar a presidência. À Justiça Eleitoral, declarou patrimônio de R$ 16,9 milhões.
Se a candidatura for mantida, será a primeira vez que o Pros, criado em 2010, terá um candidato ao Palácio do Planalto. O partido vive uma disputa interna com repercussão na Justiça que pode alterar os planos da atual cúpula.
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