A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Criptomoedas aprovou nesta quarta-feira, 23, a quebra dos sigilos bancários dos atores Cauã Raymond e Tatá Werneck. O autor do pedido é o deputado federal Delegado Paulo Bilynskyi (PL-SP), que encabeça mais 22 requerimentos direcionados à comissão. Os atores fizeram propaganda para uma empresa de criptomoedas suspeita de lesar cerca de 200 mil investidores em um esquema de pirâmide.
Bilynskyj é delegado licenciado da Polícia Civil de São Paulo. Em seu primeiro mandato como deputado federal, o parlamentar se posiciona a favor de pautas caras ao bolsonarismo, como regras menos rígidas para se obter porte de arma e a criminalização do uso de entorpecentes. Ele é membro da Frente Parlamentar em Defesa da Vida e da Família.
Nos sete meses em que está no cargo, o deputado já apresentou 20 projetos de lei e oito propostas de emenda à Constituição. A mais recente delas propõe que o combate ao uso de drogas seja um “princípio fundamental” da lei brasileira e veda “expressamente a descriminalização do tráfico e a legalização de novas drogas recreativas”. A PEC é uma reação ao julgamento em trâmite no Supremo Tribunal (STF), que pode descriminalizar o porte de maconha para uso pessoal.
Em julho do ano passado, em votação unânime, o Conselho da Polícia Civil decidiu pedir a demissão de Bilynskyj sob o argumento de que o delegado teve posturas racistas e misóginas durante um vídeo publicado na internet.
À época, Bilynskyj, que se dizia professor do cursinho Estratégia Concursos, postou um vídeo no qual homens negros carregavam uma mulher branca, que representava os concurseiros. A legenda dizia que, sem preparação para as provas, “a coisa fica preta”.
Após a decisão do Conselho da Polícia Civil, ele disse que tudo não passava de uma “repressão política.”
Como revelou o Estadão, mais de um ano depois do pedido de demissão ter sido feito, ele ainda depende do aval do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), de quem Bilynskyj se coloca como aliado. Nas redes sociais do delegado, as duas primeiras imagens, fixadas no perfil, são fotos suas ao lado de Tarcísio e de Jair Bolsonaro (PL).
Antes disso, pouco antes das eleições começarem, o delegado foi alvo de outra investigação na Polícia Civil. Em julho do ano passado, ele publicou imagens nas redes sociais empunhando um fuzil e dizendo que lutaria para que a esquerda não ganhasse as eleições, em referência ao candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.
Um outro caso envolvendo Bilynskyj ganhou repercussão em maio de 2020. Ele levou seis tiros da sua namorada, Priscila Delgado de Barros. Os dois discutiram dentro do apartamento dele em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo) e ela se matou depois da discussão. O deputado passou por cirurgias e sobreviveu ao episódio. A investigação sobre o caso foi arquivada. Segundo Bilynskyj, eles teriam brigado por ciúmes.
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