Quem é quem na disputa entre Lula e Bolsonaro pelos votos evangélicos

Lideranças evangélicas entram de vez nas campanhas do segundo turno e usam pregações e redes sociais para atrair eleitores do setor religioso

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Por Redação

A disputa pelo voto evangélico se torna cada dia mais importante para a corrida presidencial e as campanhas de Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desenvolvem estratégias para atrair esse público. Segundo análises, do lado do atual presidente, estão grandes igrejas evangélicas e uma pauta centrada nos costumes, enquanto do lado de Lula estão nomes menos conhecidos e uma pauta voltada a questões sócio-econômicas.

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“Os evangélicos que estão apoiando Lula e criticando Bolsonaro estão trazendo um conteúdo ideacional e teológico mais relacionado à questão social e à crítica da violência. Já os evangélicos que estão apoiando Bolsonaro estão trazendo uma teologia mais voltada para a proibição moral, e aí temos principalmente a condenação do aborto e a condenação de modelos de família fora do padrão heteronormativo”, afirma o cientista político e diretor do Observatório Evangélico Vinicius do Valle.

Do lado de Bolsonaro, pastores com 50 milhões de seguidores no Instagram, Facebook e Twitter dão palanque virtual ao candidato à reeleição. Juntos, os dez maiores líderes religiosos apoiadores do presidente ecoam mensagens da luta do “bem” contra o “mal” e de uma “guerra”, em sintonia com o discurso do presidente.

Sem bebidas alcoólicas e com pelo menos 10 trios elétricos de musica gospel, evangélicos participam de Marcha para Jesus  Foto: EFE/Sebastião Moreira

Do lado de Lula, o PT criou núcleos de evangélicos em 21 Estados para tentar recuperar os votos que perdeu entre os mais pobres em 2016 e 2018. O próximo passo foi a criação de comitês que unam líderes neopentecostais aos demais partidos de esquerda.

Entre os apoios recebidos por cada candidato, há ainda outra diferença importante, segundo Vinicius do Valle, que é o perfil dos que estão declarando apoios. “O apoio ao Bolsonaro é feito por grandes igrejas, grandes denominações e pastores midiáticos que controlam uma fatia muito maior do universo evangélico. O apoio ao Lula se dá, principalmente, por quadros dissidentes e igrejas menores. Também há uma predominância de igrejas históricas.”

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Conheça um pouco sobre quem está de cada lado nessa disputa:

Com Lula

Pastor Paulo Marcelo Schallenberger: pastor da Assembleia de Deus-Ministério Cidade Missionária, é chamado de o “novo líder” evangélico de Lula. Sem filiação a partido político, ele está atuando nos bastidores da comunidade neopentecostal em defesa da candidatura petista. Paulo Marcelo participou da nova programação petista voltada ao público evangélico, um podcast e um programa de entrevistas e música gospel que vão ao ar pela TVPT, canal do partido no YouTube, e redes sociais quinzenalmente. O pastor acompanha Lula em caravanas pelo País e faz reuniões com evangélicos pentecostais de igrejas menores, muitas delas localizadas nas periferias das cidades. Atualmente, ele fala com 260 mil seguidores nas redes sociais.

Eliziane Gama: Integrante do Cidadania, está na campanha de Lula com a função de ser uma interlocutora da campanha petista e o público evangélico.

Eliziane Gama atua na campanha do ex-presidente Lula Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Romualdo Panceiro: bispo, ex-número 2 da Universal e atual líder da Igreja das Nações do Reino de Deus. Panceiro rompeu com o bispo Edir Macedo e declarou voto ao candidato petista, de quem diz estar ao lado “desde o primeiro mandato (de Lula)”, rebatendo a afirmação bolsonarista de que “cristão não vota na esquerda”.

Evangélicos com Lula: perfis de religiosos evangélicos criados nas redes sociais por iniciativa própria. “Alguns setores evangélicos — tanto dos partidos da coligação quanto de fora dele — nos contataram com interesse em atuar junto a comunidades evangélicas na campanha, e para isso ser possível registramos esses sites e perfis no TSE”, afirma a equipe de Lula.

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Com Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro e o pastor Silas Malafaia no Rio de Janeiro durante o primeiro turno da campanha Foto: André Coelho/EFE

Silas Malafaia: líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, o pastor afirmou em janeiro, em defesa do presidente, que a vacinação de crianças contra a covid-19 era um “infanticídio”. Agora, em período eleitoral, usa o Twitter para promover candidatos do partido de Bolsonaro “pelo bem do Brasil”. Nas três plataformas, o pastor soma 8,3 milhões de seguidores. Nas publicações, ele associa o petista ao comunismo, questiona a legitimidade de pesquisas eleitorais e acusa o ministro do Supremo Tribunal Federal de perseguir Bolsonaro.

Damares Alves: pastora eleita senadora e ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Em pregações recentes, diz que está “em guerra” e fala do ex-chefe na igreja. Em um testemunho, na Igreja Batista Atitude, em Brasília, chama Bolsonaro de “presidente mais maravilhoso da história”.

Fábio Teruel: deputado federal eleito e um dos principais nomes da música católica no País. O evangelizador declarou voto ao presidente Bolsonaro e diz que suas apresentações têm a intenção de ajudar as pessoas a experimentarem o “amor incondicional”.

Cláudio Duarte: pastor da Igreja Projeto Recomeçar, o líder se apresenta como “um pastor seriamente engraçado”. Entre sermões e esquetes de humor, o pastor com mais de 13,9 milhões de seguidores usa as redes para publicar fotos com o presidente. “Eu sou eleitor de Bolsonaro, sou cabo eleitoral dele e sou intercessor dele”, afirmou, em vídeo.

Pastor Claudio Duarte (esquerda) é apoiador do presidente Jair Bolsonaro Foto: Instagram Claudio Duarte

Apóstolo Estevam Hernandes: pastor da Renascer em Cristo e idealizador da Marcha para Jesus, hoje é um dos principais cabos eleitorais de Bolsonaro, mas já foi partidário de Lula na ocasião da sanção da lei que instituiu um dia para a realização da marcha, em 2009. “O Brasil já é o maior país evangélico do mundo!”, postou Hernandes em seu Instagram, com uma foto ao lado do presidente.

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