A Polícia Federal afirmou nesta quarta-feira, 15, que um dos suspeitos de envolvimento no desaparecimento do jornalista inglês Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira confessou participação no assassinato da dupla. Dom Phillips e Bruno Pereira eram profissionais reconhecidos em suas áreas e compartilhavam a paixão pela Amazônia e pela preservação da natureza e dos povos originários da região.
Pereira e Phillips percorriam a região do Vale do Javari. Pereira orientava moradores da região a denunciar irregularidades cometidas em reserva indígena e o jornalista estrangeiro acompanhava o trabalho para registrar em livro que pretendia escrever.
Dom Phillips
Jornalista freelancer e colaborador do jornal The Guardian, Dom Phillips era inglês e tinha 57 anos. Vivendo no Brasil desde 2007, publicou diversas reportagens sobre política e meio ambiente em veículos como Financial Times, New YorkTimes, Bloomberg e Washington Post.
Em 2021, ele recebeu uma bolsa da Fundação Alicia Patterson, dos Estados Unidos, para investigar modelos de preservação para conservação da Amazônia. A partir desse projeto vinha trabalhando no livro “Como salvar a Amazônia”, obra que já contava com os primeiros capítulos em andamento quando do desaparecimento de Dom e Bruno.
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Durante parte de sua carreira, Phillips atuou na cobertura de música eletrônica e, entre 1991 e 1999, trabalhou na Mixmag, uma das maiores revistas no mundo especializada no tema. Ele publicou seu primeiro livro, DJs Superstar Here We Go!: a ascensão e queda do DJ Superstar (tradução livre), no ano de 2009 pela editora Ebury.
No Brasil, Dom ainda ensinava inglês para jovens de um projeto social em bairros da periferia de Salvador, na Bahia, onde atualmente vivia com a esposa. O jornalista, que é natural da região de Merseyside, no noroeste da Inglaterra, também era músico e já morou em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Dom Phillips deixa a esposa, Alessandra, irmã, cunhado e sobrinhos.
Bruno Pereira
Bruno Pereira era natural de Recife-PE, tinha 41 anos e ingressou na Funai como agente em indigenismo em setembro de 2010. Dois anos depois, ele passou a integrar a coordenação regional da Funai de Atalaia do Norte - área em que foi visto pela última vez. Ele deixou o cargo em 2016 e, em 2018, voltou a prestar serviço para a Funai como coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Diretoria de Proteção Territorial.
No cargo, foi uma das lideranças que chefiou maior expedição do órgão nos últimos 20 anos. A missão, que teve o propósito de contatar um grupo de isolados que corria riscos de entrar em conflito com outra etnia que vive na região, foi concluída com êxito, sem nenhum tipo de combate.
Em outubro de 2019, Marcelo Augusto Xavier da Silva, presidente da Funai, publicou a exoneração de Pereira. Na época, o agente indigenista foi comunicado de sua demissão, sem qualquer tipo de argumentação técnica. Pereira era um dos principais especialistas do órgão e vinha liderando, nos últimos anos, todas as iniciativas de proteção aos povos isolados.
Atualmente, Pereira trabalha em um projeto voltado a melhorar a vigilância em territórios indígenas contra narcotraficantes, garimpeiros e madeiros que atuam no Vale do Javari, estado do Amazonas. A missão, conferida a ele por uma organização que representa povos isolados e de recente contato da região, vem desafiando o poder econômico de criminosos brasileiros, colombianos e peruanos que usam aldeias e comunidades ribeirinhas para exploração da floresta e para rota de tráfico.
Bruno Pereira deixa esposa, Beatriz, e três filhas.
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