BRASÍLIA – O ato no Congresso Nacional que marcou um ano dos ataques antidemocráticos de 8 de Janeiro nesta segunda-feira, 8, teve ausências de governadores e parlamentares alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Planejada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o evento Democracia Inabalada também não contou com a presença do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e de quatro ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Além de Lula, o ato reuniu o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes e o procurador-geral da República, Paulo Gonet. Todos discursaram na cerimônia.
Arthur Lira, que também faria um pronunciamento do evento, avisou Lula, na noite de domingo, 7, que não iria ao evento por problemas de saúde na família.
Deputados e senadores de partidos de oposição ao governo Lula faltaram em massa à solenidade. Do Centrão, a presença de parlamentares se reduziu a membros do PSD, que possui três ministérios na Esplanada. Da legenda, compareceram a senadora Eliziane Gama (MA), que foi a relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro e apoiou a candidatura do petista no segundo turno das eleições; e os líderes do partido no Senado e na Câmara, Otto Alencar (BA) e Antônio Brito (BA), respectivamente. O deputado Arthur Maia (União-BA), que presidiu a CPMI, também esteve na solenidade.
Os deputados Marcos Pereira (Republicanos-SP) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), dois vice-presidentes da Câmara, faltaram ao ato, assim como Lira. O vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rego (MDB-PB), participou da cerimônia.
O líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), disse que a ausência de parlamentares de oposição foi “lamentável”. Randolfe também afirmou que os ataques do 8 de Janeiro foram “um epílogo de uma série de ataques à democracia brasileira” perpetrados por Bolsonaro.
“Hoje era um dia para estar livres de governo e oposição. Me faz questionar o comprometimento de alguns com a manutenção do Estado Democrático de Direito”, afirmou Randolfe.
Parlamentares da oposição criticaram o evento, afirmando que foi um “palanque político” do PT. O deputado federal Rodolfo Nogueira (PL-MS) saudou o presidente da Câmara por ter se ausentado da solenidade. “Quero parabenizar o presidente Lira por não fazer parte desse teatro que o governo Lula armou mais uma vez”, disse.
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14 de 27 governadores faltaram ao evento planejado pelo governo Lula
Dos 27 governadores, 14 não atenderam ao convite de Lula para o evento. Um dos ausentes foi o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), que chegou a ser afastado das suas funções após os ataques do 8 de Janeiro pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes. Ibaneis está nos Estados Unidos. O governo da capital federal foi representado pela vice-governadora Celina Leão (PP). Assim como Ibaneis, o governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), também citou férias para justificar a sua falta.
Os outros dois governadores do Centro-Oeste também não compareceram à solenidade. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), e o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União). Mendes publicou nas suas redes sociais um registro de um compromisso no seu Estado, enquanto que Caiado cumpriu agendas em São Paulo.
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O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), também não compareceu ao ato, apesar de estar em Brasília. Na manhã desta segunda, ele havia confirmado presença à cerimônia, mas voltou atrás antes do início do ato após sofrer pressões de lideranças do partido.
Dos sete governadores do Sul e Sudeste, apenas dois compareceram: Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul, e Renato Casagrande (PSB), do Espírito Santo.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), está na Europa. O vice-governador Felicio Ramuth (PSD) também não está no Brasil. O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), que, na semana passada, informou por meio da sua assessoria não saber se iria para o evento, também foi um desfalque no Democracia Inabalada.
O governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD) enviou um ofício para Lula agradecendo o convite para a cerimônia no Congresso, mas disse que não poderia comparecer por causa de “compromissos previamente agendados”. O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), que na semana passada disse que não sabia se iria ou não para Brasília, permaneceu no seu Estado nesta segunda-feira.
Dos sete governadores da Região Norte, apenas o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), e o governador do Amapá, Clécio Luís (Solidariedade), foram ao Congresso Nacional neste dia 8. O governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), o governador do Acre, Gladson Cameli (PP), e o governador de Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), cumpriram agendas em seus Estados. Os governadores de Rondônia e do Amazonas, Marcos Rocha (União) e Wilson Lima (União), respectivamente, também não foram a Brasília.
O único governador dos nove Estados do Nordeste que não compareceu ao Democracia Inabalada foi Paulo Dantas (MDB), que é chefe do Executivo de Alagoas. Pelas redes sociais, Dantas mencionou o 8 de Janeiro, mas não falou sobre a sua ausência no Congresso. “Não permitiremos qualquer tipo de autoritarismo e ataques aos Três Poderes”, afirmou.
Quatro dos 11 ministros do STF não participaram de ato em memória do 8 de Janeiro
Dos 11 ministros que compõem o STF, quatro não compareceram à solenidade no Congresso: André Mendonça, Dias Toffoli, Luiz Fux, Nunes Marques. Nunes Marques e Mendonça foram indicados por Bolsonaro, enquanto que Toffoli foi indicado por Lula e Fux pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Segundo a assessoria do STF, os ministros faltaram ao evento por não estarem na capital federal nesta segunda.
Assim como Barroso e Moraes, participaram do ato no Congresso Cármen Lúcia, Cristiano Zanin, Edson Fachin e Gilmar Mendes. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, que tomará posse no Supremo em fevereiro, também compareceu.
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