Quem são os ‘azarões’ que querem tirar a hegemonia de Motta e Alcolumbre no Congresso

Na Câmara, três deputados concorrem à presidência da Casa e no Senado, são quatro postulantes ao cargo; Hugo Motta e Davi Alcolumbre, porém, são os favoritos

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Foto do author Gabriel de Sousa

BRASÍLIA – No próximo sábado, 1.°, a Câmara e o Senado vão escolher os próximos presidentes das Casas. Os favoritos nas disputas são o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) e o senador Davi Alcolumbre (União-AP). Os dois formaram alianças que vão do PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Outros parlamentares, contudo, entraram na busca pelas duas principais cadeiras do Legislativo e tentam desbancá-los – mesmo sem apoio e diante de chances remotas de mudarem o resultado já esperado.

Câmara e Senado vão definir os novos presidentes, que comandarão as Casas até 2027, no próximo sábado, 1º Foto: Roque de Sá/Agência Senado

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Na Câmara, além de Hugo Motta, Marcel van Hattem (Novo-RS) e Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) formalizaram as candidaturas. No Senado, Alcolumbre disputará com Eduardo Girão (Novo-CE), Marcos Pontes (PL-SP) e Marcos do Val (Podemos-ES).

Dos nomes que vão enfrentar Motta e Alcolumbre, apenas Marcel van Hattem já disputou outras vezes a presidência de uma das Casas. Em 2019, 2021 e 2023, o deputado do Novo buscou o comando da Câmara, mas não obteve mais de 23 votos.

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Dos cinco, Eduardo Girão é o único que já teve projeto aprovado pelo Congresso. Os outros quatro somam 174 propostas que continuam tramitando no Legislativo.

Os oponentes de Hugo Motta na Câmara

  • Marcel van Hattem (Novo-RS)
O deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS) Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Desde 2019, quando formou a primeira bancada na Câmara, o Novo concorre à presidência da Câmara para mostrar representatividade política. Em todas as eleições realizadas até então, o candidato foi o gaúcho Marcel van Hattem.

Em 2019, ele recebeu 23 votos. Dois anos depois, em 2021, foi escolhido por 16 deputados. No último pleito, realizado em 2023, foi o terceiro e menos votado, com 19 votos. Marcel van Hattem está no segundo mandato de deputado federal. Jornalista, antes de ingressar na Câmara, foi vereador da cidade gaúcha de Dois Irmãos, entre 2005 e 2008.

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Nas eleições de 2022, foi o segundo mais votado no Rio Grande do Sul, escolhido por 256.913 eleitores. Marcel van Hattem é aliado de Bolsonaro e participou da comitiva de congressistas que representaram o ex-chefe do Executivo na posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Em seis anos na Câmara, van Hattem protocolou nove projetos de lei – que permanecem em tramitação. Entre as propostas, está a que busca garantir um auxílio financeiro de R$ 31,7 mil para famílias atingidas pelas enchentes que afetaram cidades do Rio Grande do Sul no ano passado.

  • Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ)
O deputado federal Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Deputado que exerce o primeiro mandato na Câmara, Henrique Vieira, fundador da Igreja Batista do Caminho, se apresenta como o candidato do PSOL e da esquerda na disputa pela presidência da Câmara. Aliado de Lula, antes de chegar ao Congresso, foi vereador de Niterói, no Rio, entre 2013 e 2017.

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Além de pastor evangélico, Henrique Vieira é ator, poeta e professor. Nas eleições de 2022, foi o 35º candidato mais votado no Rio, recebendo 53.933 votos.

Nos primeiros dois anos de mandato, protocolou 12 projetos de lei, que estão tramitando. Entre as propostas, está a que busca incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade de aulas de prevenção a abusos sexuais.

Com a candidatura de Henrique Vieira, o PSOL mantém a tradição de lançar nomes para o comando da Câmara – o partido participa de todos os pleitos desde 2011. O ex-deputado e atual presidente da Embratur, Marcelo Freixo, foi o candidato da sigla mais votado na história das eleições da Câmara: 50 votos em 2019.

Os oponentes de Alcolumbre no Senado

  • Eduardo Girão (Novo-CE)

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O senador Eduardo Girão (Novo-CE) Foto: Wilton Junior/Estadão

Aliado de Bolsonaro, Eduardo Girão formalizou sua candidatura ao Senado. Eleito em 2018 pelo PROS (que se fundiu ao Solidariedade) com 1.325.786 votos, o senador está no Novo desde 2023 e é o único parlamentar do partido na Casa.

No ano passado, Girão tentou se eleger prefeito de Fortaleza, mas amargou a quinta colocação com 14.878 votos (1,1% dos votos válidos). Empresário dos ramos de hotelaria, transporte de valores e segurança privada, declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter um patrimônio de R$ 48,1 milhões ao participar do pleito municipal.

Em seis anos como senador, Girão foi autor único de 81 projetos. Do total, dois viraram leis. Um deles criou o Dia Nacional do Espiritismo, celebrado em 18 de abril, e outro disponibilizou linhas de crédito para profissionais liberais durante a pandemia de covid-19.

  • Marcos do Val (Podemos-ES)

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O senador Marcos do Val (Podemos-ES) Foto: Wilton Junior/Estadão

Marcos do Val também foi eleito em 2018, na esteira do bolsonarismo. Ele ficou com a segunda vaga capixaba ao conquistar 863.359 votos (24,1% dos votos válidos) concorrendo pelo PPS (atual Cidadania). Um ano depois, ele deixou a sigla e se filiou ao Podemos. Antes de entrar na política, ele foi militar e, segundo a sua biografia no Senado, ofereceu aulas de defesa pessoal para agentes de corporações policiais internacionais, como as americanas Swat, FBI e Navy Seals.

Nos seis anos como parlamentar, Marcos do Val coleciona polêmicas. O senador já se envolveu em atritos com o clã Bolsonaro ao afirmar, em fevereiro de 2023, que sofreu coação por parte do ex-presidente para participar de uma tentativa de golpe. Ele negou a história no mesmo dia, mas tempo depois foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF).

No ano passado, Do Val teve o passaporte apreendido, as contas bancárias bloqueadas e as redes sociais suspensas por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. As medidas foram impostas no bojo de uma investigação que apura ataques de blogueiros bolsonaristas a agentes da PF.

No período no Senado, foi o autor único de 112 projetos de lei, que permanecem em tramitação.

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  • Marcos Pontes (PL-SP)
O senador Marcos Pontes (PL-SP) Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

O senador Marcos Pontes oficializou a candidatura à presidência do Senado. Ao anunciar a participação na disputa, o senador reconheceu ser um “vencedor improvável” e prometeu representar os eleitores que “desejam mudança e Justiça para testemunhar o retorno do Brasil à sua normalidade”.

O PL, porém, anunciou apoio a Alcolumbre, num acordo para garantir espaço na Mesa Diretora da Casa, e a atitude de Pontes provocou reações. O ex-presidente Jair Bolsonaro chamou a atitude de “lamentável”, e o senador Ciro Nogueira (PP-PI) disse que Pontes terá apenas “o voto dele mesmo”.

Em 2006, Pontes ficou nacionalmente conhecido por se tornar o primeiro astronauta brasileiro a ir ao espaço. Ele ingressou na política em 2019, quando foi nomeado ministro da Ciência e Tecnologia por Bolsonaro. Nas últimas eleições para o Senado, conquistou a única cadeira do Estado de São Paulo ao obter 10.714.913 votos.

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Em dois anos no Senado, ele apresentou 41 projetos de lei, que estão em tramitação. Entre as propostas, está a que busca revogar os crimes de porte e posse ilegal da arma de fogo.

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