Nesta quarta-feira, 25, a Polícia Federal (PF) deflagrou mais uma etapa da operação Lesa Pátria, que investiga os financiadores dos atos antidemocráticos do 8 de janeiro. Foram, ao todo, 13 mandados de busca e apreensão e cinco prisões. Um dos alvos de busca é Leonardo Rodrigues de Jesus, o Léo Índio, primo dos filhos mais velhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Essas pessoas são suspeitas de “incitar, participar e fomentar” as manifestações do 8 de janeiro, que destruíram as sedes dos Três Poderes em Brasília e tentaram dar um golpe de Estado.
Elas podem responder pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido - mesmos delitos imputados aos manifestantes que já estão sendo condenados pelo Supremo.
Além deles, os investigados da 19ª fase da Lesa Pátria também são suspeitos de incitação ao crime e delitos previstos na Lei de Terrorismo. Os mandados da operação foram assinados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
Léo Índio foi auxiliar do vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) nas estratégias de redes sociais da campanha de 2018 do ex-presidente. Depois da eleição do tio, ele começou a circular livremente pelo Planalto. Quando a situação começou a repercutir mal, ele foi nomeado assessor do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), que escondeu dinheiro na cueca durante uma operação da Polícia Federal.
Veja quem são os cinco presos desta quarta-feira:
José Carlos da Silva, Zé Carlos da Renascer
Um dos presos desta quarta-feira, 25, é José Carlos da Silva, conhecido como Zé Carlos Renascer. Evangélico, ele se apresenta como líder comunitário e entusiasta do ex-presidente Bolsonaro. Silva mora em Cuiabá, capital mato-grossense, cidade na qual foi candidato a vereador em 2020 e 2016, pelo Podemos. Nas últimas eleições municipais, ele ficou como suplente.
Luiz Antonio Villar de Sena
Outro preso nesta quarta-feira também é de Cuiabá. Ele é empresário e sócio da Sena Pneus, uma empresa que tem sede na capital mato-grossense e filial em Várzea Grande. Veículos locais publicaram vídeos e fotos que Sena fez no dia da invasão golpista, 8 de janeiro, no meio dos manifestantes.
Cézar Guimarães Galli Junior
O terceiro alvo da PF desta quarta é o médico veterinário Cesar Guimarães Galli Junior. Nas suas redes sociais, abertas e com mais de 6 mil seguidores, há uma foto sua no acampamento em frente ao Quartel-general do Exército em Brasília. Ele também mora em Cuiabá.
“39 dias de Brasília. No fim, não importa tanto que você consiga lutar. O motivo da sua luta é o que conta. Não parem! Não ficará um filho para trás”, escreveu o veterinário. Em outras publicações, ele manifesta apoio à reeleição de Bolsonaro.
Fabricio Cisneiros Colombo
O quarto mandado de prisão foi cumprido a 220 quilômetros de Cuiabá. Fabrizio Cisneros Colombo mora em Cáceres, no interior do Mato Grosso. Nas redes sociais, ele se apresenta como empreendedor e “Ativista, Cristão, Conservador, Pró Armas, Pró Vida e Pró Família”. Para a Justiça Eleitoral, ele declarou que trabalha como protético.
Em 2022, ele foi candidato a deputado estadual pelo Democracia Cristã. Em 2020, tentou ser vereador de Cáceres, pelo Podemos. Nos dois pleitos, Colombo não foi eleito.
Walter Parreira
O último preso desta quarta-feira é Walter Parreira, historiador e representante comercial que mora em Santos, litoral de São Paulo. Ele gravou vários vídeos indo e voltando das manifestações do 8 de janeiro. Parreira se apresenta como um dos organizadores do grupo “Trincheira Patriótica” e diz ter alugado um dos ônibus que levou manifestantes a Brasília.
Na volta, ele disse que a invasão dos Três Poderes foi “ordeira” e que havia “infiltrados”. Ele comparou o esvaziamento do acampamento na frente do QG do Exército em Brasília com o holocausto, que matou mais de 6 milhões de judeus.
“Essa passagem (do acampamento para o local em que os ônibus dos manifestantes estavam estacionados) me faz lembrar aqueles judeus sendo levados naqueles vagões para os campos de concentração nazista. A cena foi a mesma”, disse Parreira.
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