Quem tem medo do 'comunavírus'?, gritam bolsonaristas em ato na Avenida Paulista

Pandemia é chamada de 'farsa' por apoiadores de Bolsonaro em São Paulo, que miram Maia, Toffoli e Doria em manifestação

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Apesar da pandemia do novo coronavírus, uma aglomeração de pessoas vestidas de verde e amarelo ocupou a esquina da Avenida Paulista com a Rua Pamplona, em São Paulo. A polícia militar não divulgou à reportagem uma estimativa dos presentes. Além da pequena adesão de manifestantes, muitos dos presentes têm ligação política com o bolsonarismo. 

O único caminhão de som presente exibia o cartaz do Movimento Direita Conservadora. Os gritos entoados pelos dirigentes do grupo pediam a prisão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, e do governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

"Quem tem medo do 'comunavírus'?", gritavam os manifestantes. "Cada um aqui vale por dez".

Manifestação de apoio ao governo Bolsonaro neste domingo, 15, na Av. Paulista Foto: Felipe Rau/Estadão

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Para alguns dos manifestantes, Doria tentou impedir a realização do ato. "O Carnaval eles não tentaram impedir, a parada gay também não", discursou uma das lideranças do carro de som. O Carnaval e a parada gay ocorreram antes da onda de contágio do coronavírus no Brasil. A maioria dos presentes aplaudia quando a epidemia do coronavírus era chamada de "farsa" e poucos usavam máscara cirúrgica. No Brasil, há 176 casos de coronavírus, segundo boletim divulgado no domingo pelo Ministério da Saúde

A maioria das lideranças do Movimento Direita Conservadora, que manteve o ato pró-Bolsonaro deste domingo, é filiada ao PRTB, partido do vice-presidente Hamilton Mourão.

Vários deles já frequentavam os protestos políticos do País já anos. "Eu e a minha esposa ficamos por meses em 2016 no acampamento pelo impeachment da Dilma Rousseff, como integrantes do movimento Avança Brasil", afirmou Rodrigo Ikezili, marido de Kliohirano Ikezili, pré-candidata à prefeitura de Tupã (SP) pelo PRTB. Ele se referia ao acampamento permanente em frente à Fiesp.

Há pré-candidatos egressos do PSL que deixaram a sigla junto com Bolsonaro.  "Saí e agora estou no PRTB junto com o general Mourão", explicou Giovani Falcone, pré-candidato a vereador de São Caetano do Sul.

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De acordo com Gabriel Yacob, um dos coordenadores do Movimento Direita Conservadora, o grupo foi informado que terá que pagar multa por colocar um caminhão de som na Avenida Paulista.

Os líderes do movimento são Wagner Cunha, de Uberlândia, e Sargento Anilo, de São Paulo.

O caminhão de som do Movimento Direita Conservadora anunciou às 16h05 arrecadou R$ 11.800,00 na eventualidade de serem multados por terem colocado o caminhão de som, que estava estacionado na Rua Pamplona durante parte do ato, na Avenida Paulista. Eles alegam que o governador João Doria havia proibido caminhão de som na paulista. A reportagem viu inúmeros simpatizantes do movimento entregando dinheiro na porta lateral do caminhão. A contagem do dinheiro foi transmitida ao vivo pelas redes.

Pouco antes das 16h, houve um tumulto e vários simpatizantes do Movimento Direita Conservadora acusaram uma pessoa que estava em cima do caminhão de sim de tentar empurrar do alto o manifestante Antônio Ribas, 70, que preside um grupo favorável à intervenção civil.

Na sexta, o governo de São Paulo e a Prefeitura da capital cancelaram eventos públicos com mais de 500 pessoas. A Secretaria de Segurança Pública do Estado manteve o policiamento dos atos que já haviam sido comunicado à autoridades.

O ato na Paulista contou com a participação de um clube de motociclistas chamado de MotoClube. Sargento Galesco, policial militar e membro do clube, discursou do carro de som e criticou Doria. "Seu Doria, a Polícia Militar tem 180 anos e não é o senhor que vai acabar com ela não".

Orientado a ficar em isolamento, Bolsonaro encontra apoiadores

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Orientado a ficar em isolamento até refazer testes para o coronavírus, o próprio presidente Jair Bolsonaro passou de carro ao lado de manifestantes no ato pró-governo na Esplanada dos Ministérios em Brasília e, na volta, foi ao encontro de apoiadores no Palácio do Planalto. 

Primeiro com o punho fechado, Bolsonaro cumprimentou apoiadores. Depois, chegou a usar o telefone celular de algumas pessoas para tirar selfies ao lado delas, além de cumprimentá-las com as mãos abertas. Em alguns momentos, chegou a colar o rosto ao de apoiadores para fazer fotos.

"Desculpa, Jair, mas eu vou"

Em pronunciamento oficial na quinta-feira, 12, em meio às suspeitas de que havia contraído o coronavírus, Bolsonaro sugeriu que as manifestações fossem adiadas. Apesar do pedido, apoiadores do presidente iniciaram nas redes sociais um movimento "Desculpa, Jair, mas eu vou", convocando a população para as manifestações pró-governo em meio ao risco de disseminação do coronavírus entre os participantes.

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