Quem venceu a eleição no Nordeste? Lula ou Bolsonaro? Veja resultados nas capitais da região

Houve definição no segundo turno em quatro das nove principais cidades

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Foto do author Levy Teles

BRASÍLIA – A eleição municipal nas capitais da Região Nordeste terminou com União vencendo três prefeituras, o PL com duas e o PP, PSD, PT e PSB com uma prefeitura cada. Como saldo final, nem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e nem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foram os grandes vitoriosos do pleito na região.

O bloco conhecido como Centrão (União, PP e PSD), ganhador em cinco das nove prefeituras em jogo, sai com a vantagem.

Rivais no plano nacional, os partidos de Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) aumentaram o número de filiados antes das eleições municipais de 2024. Foto: Wilton Junior/Estadão

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Todos os principais nomes do bolsonarismo que tentaram disputar nas capitais nordestinas saíram derrotados. Isso aconteceu com o deputado federal André Fernandes (PL-CE), em Fortaleza; com o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga em João Pessoa e com o ex-ministro do Turismo Gilson Machado, em Recife.

Há um contraste sobre o papel de Lula e de Bolsonaro nessas cidades. Isso porque apesar de fazer tímidas aparições no primeiro turno, Lula foi ativo na segunda rodada, com aparições em Fortaleza e Natal. Bolsonaro do outro lado, acabou escanteado seja pelos candidatos do Centrão, seja pelos próprios vencedores do PL.

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Emília Corrêa (PL) venceu em Aracaju no segundo turno contra Luiz Roberto (PDT) com facilidade e optou por esconder o ex-presidente. Bolsonaro ainda tem alta rejeição no Nordeste – única das cinco regiões brasileiras em que ele perdeu para Lula no segundo turno, em 2022.

Já o prefeito reeleito, João Henrique Caldas (PL) teve uma vitória confortável e praticamente não precisou centrar esforços durante a campanha. Com isso, Bolsonaro não foi um ativo político explorado.

Fortaleza é o caso mais claro da omissão a Bolsonaro no Nordeste. André Fernandes (PL), derrotado por pouco mais de 10 mil votos na disputa com Evandro Leitão (PT), apoiado por Lula, apostou em criar uma imagem de “paz e amor”. Bolsonaro só foi à capital cearense em agosto.

Os candidatos vencedores do Centrão ou enfrentaram candidatos apoiados por Lula e Bolsonaro ou optaram por esconder o apoio de bolsonaristas ao seu pleito.

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Veja o resultado em cada uma das cidades:

Fortaleza

Em Fortaleza, Evandro Leitão venceu com 50,38% dos votos válidos ante 49,62% de André Fernandes, em uma eleição muito parelha. A capital cearense acabou como a principal aposta dos petistas e tinha as melhores chances de triunfo.

O ministro da Educação, Camilo Santana, chegou a tirar férias para apoiar candidaturas petistas no Estado e para participar dos atos de Evandro. Reforçaram Camilo o líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE) e o governador do Ceará Elmano de Freitas (PT).

Fernandes tentou criar uma ideia mais moderada ao longo do segundo turno e contava principalmente com os apoios do ex-deputado federal Capitão Wagner (União) e do ex-prefeito de Fortaleza Roberto Claudio (PDT). O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) foi o principal reforço mais à direita durante o pleito.

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Ao longo do segundo turno, a campanha de Leitão tentou associar Fernandes à figura de Bolsonaro.

Salvador

O prefeito de Salvador Bruno Reis não teve muitos problemas para garantir a reeleição neste ano. Ele venceu no primeiro turno com 78,67% dos votos válidos.

Bolsonaro não chegou a manifestar apoio a Reis, mas o diretório estadual do PL, chefiado pelo ex-aliado João Roma, apoiou o prefeito. O incumbente, porém, preferiu não se associar nem a Bolsonaro nem ao PL, escondido durante a campanha.

O PT optou por não lançar um nome e resolveu apoiar o vice-governador da Bahia Geraldo Júnior (MDB) na disputa. O resultado foi um fiasco — Júnior terminou a eleição na terceira posição, com 10,33%, atrás de Kléber Rosa (PSOL), que teve 10,43%.

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Ao longo da campanha, Rosa fez questão de falar que era a única candidatura de fato de esquerda em Salvador e lembrou que Júnior apoiou Bolsonaro na eleição presidencial de 2018.

Recife

Outra eleição sem nenhuma surpresa. O prefeito João Campos (PSB) garantiu mais quatro anos no cargo, com 78,11% dos votos válidos. O principal adversário dele na campanha foi o ex-ministro do Turismo do governo Bolsonaro, Gilson Machado (PL). Ele teve 13,9% dos votos.

A eleição por lá envolveu mais a boa avaliação da gestão do ex-prefeito — que pode tentar o governo do Estado, em 2026 — do que um apoio de Lula em si. Daniel Coelho (PSD, candidato apoiado pela governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), acabou como a surpresa negativa. Ele ficou na quarta posição, com 3,21% dos votos, atrás de Dani Portela (PSOL) que teve 3,78%.

Maceió

O prefeito João Henrique Caldas (PL), o JHC, também venceu confortavelmente no primeiro turno, com 83,25% dos votos válidos, mas Bolsonaro teve pouca relevância na vitória dele. A nível nacional, a rivalidade maior em Maceió envolvia o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o senador Renan Calheiros (MDB-AL), rivais no Estado.

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JHC, apoiado por Lira, não teve dificuldades de superar o deputado federal Rafael Brito (MDB-AL), apoiado por Renan, que teve 12,74% dos votos. O revés na capital era esperado para Renan, que compensou a derrota com o triunfo em maior parte das cidades do Estado.

João Pessoa

O prefeito Cícero Lucena (PP) garantiu a reeleição em João Pessoa com 63,91% dos votos válidos ante 36,09% do ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro Marcelo Queiroga (PL). Não é uma vitória lulista, ainda que petistas o tenham apoiado no segundo turno.

O PT viu seu candidato, o deputado estadual Luciano Cartaxo, ficar na quarta posição, com 11,77% dos votos, atrás do deputado federal Ruy Carneiro (Podemos-PB), com 16,71%.

Aracaju

Emília Corrêa (PL) foi o nome do partido de Bolsonaro e apoiada pelos principais bolsonaristas em Aracaju. O ex-presidente, porém, acabou ficando de lado durante toda a campanha, que centrou-se em “derrubar o sistemão”, centrado na figura do prefeito Edvaldo Nogueira (PDT) e seu candidato neste pleito, Luiz Roberto (PDT).

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Corrêa venceu sem maiores dificuldades, com 57,46% dos votos válidos ante 42,57% de Roberto.

Natal

Natal foi uma das outras três capitais (Fortaleza, Cuiabá e Porto Alegre) em que o PT conseguiu chegar ao segundo turno. A deputada federal Natália Bonavides (PT-CE) contou com à ida de Lula e de João Campos à cidade, mas os esforços acabaram não sendo suficientes.

Paulinho Freire (União) a venceu no segundo turno, com 55,34% dos votos válidos ante 44,66% de Bonavides. Freire teve o apoio tímido de Bolsonaro. O ex-presidente foi a Natal apenas em agosto.

Teresina

Em Teresina, Silvio Mendes (União) venceu no primeiro turno por pouco (52,19% dos votos válidos). Fábio Novo (PT) foi a principal ameaça. Ele teve 43,26% dos votos. O senador Ciro Nogueira (PP-AL), aliado de Bolsonaro, foi o principal fiador da candidatura de Mendes, que contou com o apoio discreto de Bolsonaro.

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O próprio Nogueira já disse publicamente que havia dificuldade em se nacionalizar a disputa eleitoral na capital piauiense.

São Luís

São Luís tem o caso mais curioso entre as capitais do Nordeste porque PT e PL apoiaram o mesmo candidato, o deputado federal Duarte Jr. (PSB-MA). Mesmo com a ampla coalizão formada, ele não teve chance contra o prefeito Eduardo Braide (PSD). Foram 70,12% dos votos válidos para Braide contra 22,56% de Duarte.

O que possibilitou a aliança que unisse o PT e o PL tem a ver com a formação do PL no Estado. A sigla por lá é comandada por deputados federais que são aliados do governo. Esse grupo gera incômodos entre a majoritária ala bolsonarista na Câmara.

Na cidade, Bolsonaro decidiu apoiar o deputado estadual Dr. Yglésio (PRTB) e chegou a ir para São Luís na reta final para participar de um ato de campanha de Yglésio. O endosso não serviu de muito, já que ele teve apenas 3,18% dos votos.

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