O segundo dos três debates com candidatos à Presidência das eleições 2022 no primeiro turno aconteceu na noite deste sábado, 24. O evento foi organizado por um pool de veículos de imprensa – Estadão e a Rádio Eldorado em parceria com SBT, CNN, Veja, Terra e a Rádio Nova Brasil FM. O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) foi alvo preferencial dos participantes. A artilharia dos candidatos também esteve voltada contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que não compareceu.
Orçamento secreto e casos de corrupção dominaram o encontro. Os ataques ao governo Bolsonaro foram mais constantes e contundentes principalmente por parte das senadoras Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil). Ciro Gomes (PDT) e Felipe d’Avila (Novo) também questionaram o presidente sobre o assunto, com troca de acusações. Em uma postura mais defensiva, Bolsonaro fez dobradinha com Padre Kelmon (PTB), recebendo elogios do candidato.
Silvio Cascione: Bolsonaro foi bem
Para Silvio Cascione, colunista do Estadão, Lula não se beneficiou da ausência. Ele foi ofuscado pela presença caricata de Padre Kelmon, e os memes gerados pelas várias cotoveladas e direitos de resposta entre os candidatos. Simone e Ciro aproveitaram a oportunidade para chamar a atenção e Bolsonaro teve um bom desempenho em um debate difícil para ele. “Foi disciplinado, dada a quantidade de críticas ao governo. Quando atacado, respondeu com cautela, dentro do ensaiado, e foi o candidato que mais tentou trazer à luz o tema mais importante destas eleições – a economia”, diz.
O problema é que isso é pouco para virar o jogo, segundo Cascione. “Juntando todas as peças do discurso econômico de Bolsonaro, a verdade é que ele não trouxe novidades, e por isso não deve causar impacto”, analisa. A explícita tabelinha com Padre Kelmon também não ajudou - talvez tivesse sido útil se Lula estivesse lá para ser constrangido.
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Eliane Catanhêde: Simone Tebet e Soraya Thronicke vencedoras
Para Eliane Catanhêde, colunista do Estadão, Lula é o favorito nas pesquisas, mas, nos debates, Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil) são vencedoras. Para ela, a dupla marcou boa presença e foi firme. Já Lula fez “o papelão de não comparecer”, Bolsonaro foi mais do mesmo, Ciro Gomes atirou a torto e a direito, Luiz Felipe D’avila foi coadjuvante e Padre Kelmon foi linha auxiliar de Bolsonaro.
Elas reagiram usando um tom contundente. “Não cutuque com essa sua vara curta”, rebateu Thronicke para Bolsonaro, em quem votou em 2018, fazendo uma provocação ao presidente: “quem é que tirou dinheiro da farmácia popular e manteve compra de Viagra para seus amigos?” Tebet também atacou: ‘’O orçamento secreto é corrupção do governo federal, para comprar voto da reeleição e tirar dinheiro da saúde e da educação”.
É assim que as duas mulheres da linha de frente da disputa vão conquistando, senão votos, conhecimento, curiosidade e respeito. São candidatas a sair muito maiores da eleição do que entraram, diferentemente de Ciro, que também não tem chances de vitória e perde muito do que tinha e não ganha o que não tinha.
Confira a avaliação de Eliane Cantanhêde aqui.
Daniel Fernandes: Lula e Bolsonaro sob ataque
Para o editor do Estadão Daniel Fernandes, não houve vencedores, mas muitos perdedores - principalmente Lula, pela ausência. O presidente Jair Bolsonaro (PL) também saiu no prejuízo. “Bolsonaro também foi bastante atacado, sobretudo, pelas candidatas Soraya Thronicke e Simone Tebet, mas também por Ciro Gomes, sobretudo na parte final do debate”, afirma.
Bastidores: Ciro e Bolsonaro trocam sorrisos
Nos bastidores, Ciro e Bolsonaro trocaram sorrisos e cochicharam nos intervalos do debate. Ciro é alvo de um cada vez mais intenso “ataque especulativo” do PT, que assedia os eleitores do pedetista apelando para o “voto útil” em Lula já no primeiro turno. Como resposta, o ex-ministro do governo petista e ex-governador do Ceará tem respondido subindo o tom nas críticas a Lula e seu partido. Essa crescente animosidade ficou explícita no debate deste sábado, 24, e as críticas de Ciro a Lula alcançaram alguns tons acima do tratamento dispensado pelo pedetista a Bolsonaro.
Assim como os demais candidatos, Ciro atacou Lula pela ausência e pela falta de disposição para debater. Ao longo do debate, houve momentos em que ele e Bolsonaro convergiram, como quando aproveitou uma pergunta sobre STF para falar em “intrusão” da Corte em temas da política. Já o presidente reforçou a ideia, destacando que os ministros atrapalham seu governo. Nos intervalos, Ciro e Bolsonaro trocaram sorrisos, e uma imagem viralizou com o pedetista cobrindo a boca, cochichando com o presidente.
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