No segundo embate entre os candidatos que disputam o segundo turno para a Prefeitura de São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) voltaram a se enfrentar. No debate do Estadão/TV Record, Nunes reforçou a acusação de que o adversário é extremista. Já Boulos insistiu que o atual prefeito não resolve os problemas da cidade. Mas quem venceu o debate promovido pela TV Record e pelo Estadão? Veja a opinião dos colunistas do Estadão:
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Ricardo Corrêa: Debate Estadão e Record tem Nunes com objetivo mais claro, mesmo com Boulos mais à vontade
No debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo organizado pelo Estadão e pela Record, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) até parecia mais à vontade e desenvolto. Mas coube ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) encaixar uma estratégia mais clara, com objetivo direto de manter em alta a rejeição do oponente. Nunes bateu o tempo inteiro em uma tecla que é chave para essa busca, acenando para o eleitor de direita com temas relacionados à segurança pública e à pauta de costumes. Enquanto isso, o psolista foi intercalando várias estratégias diferentes, tentando cumprir vários objetivos ao mesmo tempo, o que pode dificultar que alcance cada um deles.
Boulos deixa o evento ao menos com alguns cortes para usar nas redes sociais. Talvez tenha conseguido cravar em Nunes algumas questões que até então não tinham pegado, como o episódio dos tiros na boate. Mas graças muito mais ao foco definido por seus marqueteiros e seguido à risca do início ao fim, o prefeito sai do programa com mais motivos para comemorar, sobretudo em razão da vantagem que já ostentava antes do encontro começar. Resta apenas um debate e uma semana para a eleição. Só um fato novo muito marcante ou uma abstenção gigante e fora da curva entre os antigos eleitores de Marçal poderia agora mudar uma eleição aparentemente encaminhada para o emedebista.
Veja aqui a análise completa do colunista Ricardo Corrêa sobre o debate.
Monica Gugliano: Debate sem novidades repete propostas dos candidatos
A poucos dias do segundo turno da eleição, correr poucos riscos é a melhor estratégia. Seja qual for a pergunta, os candidatos têm as respostas prontas. Não importa que elas façam pouco sentido com as perguntas ou tratem de outro assunto. Os candidatos querem dar seus recados, suas versões dos fatos, mesmo que não seja isso que os jornalistas entrevistadores perguntaram. Ou o que eles mesmos perguntaram. O importante é o que eles vão passar aos eleitores.
Visivelmente mais tenso do que o adversário Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB) escapou de todas as questões que pudessem constrangê-lo. Boulos insistiu, até que também cansou e passou a falar sobre os temas que mais lhe interessavam. Um empate foi o resultado mais apropriado para o evento.
Vera Rosa: Quem venceu o debate do Estadão/TV Record e vai conquistar indecisos e eleitores de Marçal?
A oito dias do segundo turno das eleições, o debate promovido pelo Estadão/TV Record com os candidatos à Prefeitura de São Paulo foi marcado por ataques e troca de acusações. O candidato do PSOL, Guilherme Boulos, adotou tom mais incisivo e tentou carimbar Ricardo Nunes (MDB) como um prefeito irresponsável, que não cuida “nem do básico”, como a poda de árvores para evitar o apagão de energia. Na outra ponta, Nunes bateu na tecla da inexperiência de Boulos e procurou, mais uma vez, mostrá-lo como “extremista e agressivo”. O prefeito fez de tudo para aumentar a rejeição de Boulos: ressuscitou a estratégia de apelar para o medo ao desconhecido, disse que o adversário era um “marmanjo” que não trabalhava e o associou a invasões e depredações.
Mas, afinal, quem ganhou o debate? Com estilo mais aguerrido, o candidato do PSOL teve melhor desempenho. No afã de mostrar que a capital paulista é uma cidade segura, Nunes escorregou na casca de banana e deu a deixa para Boulos comemorar ao dizer que esteve recentemente na Praça da Sé, às 22 horas, e viu “crianças brincando”. Resta saber agora se a tática de ataques usada até aqui pelo prefeito e seu desafiante é suficiente para convencer indecisos e atrair votos do influenciador Pablo Marçal na reta final desta campanha. Ao que tudo indica, mesmo sem apresentar novas propostas para esse público, Nunes continua na frente.
Francisco Leali: Quem venceu o debate em que um é acusado de ser extremista e outro de incompetente?
O debate do Estadão / TV Record expôs dois candidatos treinados para o ataque. Brifados por seus marqueteiros, ambos jogaram para o eleitor casos do passado do adversário. Enquanto Boulos citou uma suposta condução de Nunes para delegacia aos 28 anos por tiros para o alto na frente de uma boate, Nunes falou de batida de carro em que Boulos deixou para o pai pagar a conta do prejuízo.
No que atinge o eleitor diretamente, Boulos pareceu sair na frente ao prometer resolver problemas de São Paulo que o atual prefeito não conseguiu solucionar. Mas promessa é o que eleitor já está acostumado a ouvir mesmo em campanha. Quanto a Nunes seguiu o script para dizer, repetir, insistir que o adversário é extremista, que é da desordem, que não gosta da PM.
Boulos terminou o debate dizendo que tem apoio de Datena e Tabata no segundo turno. E ainda se referiu aos eleitores de Pablo Marçal, esses últimos são um contingente de 1,7 milhão de votos que definirão a disputa.
O eleitorado de Marçal é também quem Nunes buscou atingir. Como está em vantagem nas pesquisas e Boulos tem alta rejeição, o debate deste sábado parece indicar que Boulos se sai bem na frente das câmeras, maneja também bem a oratória. Mas até que ponto isso muda voto é dúvida que levará até o dia da eleição. Nunes, mesmo escorregando ao falar que até viu criança brincando à noite no centro da cidade, sai do debate como quem parece não ter perdido a vantagem que já tem.
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