PUBLICIDADE

Randolfe diz que Congresso atual tem maior índice de ‘governismo’ do que na gestão Bolsonaro

Líder do governo no Congresso, o senador sem partido afirma que a gestão de Lula tem “marcado mais gols” do que sofrido reveses, apesar da instabilidade política

PUBLICIDADE

Foto do author Victor Ohana
Foto do author Lorenna Rodrigues
Atualização:

BRASÍLIA - O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), minimizou as recentes derrotas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva no Legislativo e afirmou que os índices de “governismo” no Congresso estão mais altos do que na administração de Jair Bolsonaro (PL). Segundo ele, os projetos centrais de Lula têm sido aprovados.

As declarações ocorreram em entrevista ao programa Papo com Editor, do Broadcast Político, nesta terça-feira, 18. O senador citou índices de governismo medidos pelo site Congresso em Foco, de 80% na Câmara e 70% no Senado. “Nós temos um índice de governismo deste Congresso maior do que no período passado, do governo que nos antecedeu”, disse. “Estamos com índices que consideramos dentro da meta da articulação política para aprovar as medidas necessárias”.

O senador Randolfe Rodrigues minimizou das derrotas do governo no Congresso. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado Foto: Waldemir Barreto

Randolfe afirmou que o governo tem “marcado mais gols” do que sofrido reveses, apesar da instabilidade política. “Não estamos vivendo um tempo de estabilidade política. Não se vive um tempo de estabilidade política quando se tem um fundamentalismo populista de extrema-direita a todo momento criando instabilidade na sociedade”, declarou.

Para Randolfe, há um “núcleo reacionário que faz muito barulho” no Congresso e, portanto, os acertos do governo são menos comemorados. “Os nossos gols são pouco celebrados, e são muito celebrados os gols no sentido contrário”, disse.

PUBLICIDADE

O senador fez uma comparação entre o projeto que restringe as saídas temporárias de pessoas presas e projetos econômicos, como o Acredita, que reestrutura o mercado de crédito, e a reforma tributária. Segundo ele, “estão jogando para dentro do campo algumas bolas que não estão no jogo”, o que seria característico de um Congresso mais conservador. “A bola da saída temporária: isso modifica em alguma coisa o programa central que nós destinamos ao povo brasileiro?”, questionou. “Porque o que modifica o programa que destinamos ao povo brasileiro é, por exemplo, aprovar o Acredita. Se tivesse sido rejeitado o Acredita, aí sim, eu poderia dizer: a obtenção de créditos está em xeque, então parte do nosso programa está em xeque.”

Para Randolfe, o que mais interessa ao governo neste momento é a aprovação dos projetos de lei de regulamentação da reforma tributária até julho deste ano. As propostas apresentadas pelo Ministério da Fazenda estão sob análise em grupos de trabalho na Câmara dos Deputados.

“Isso não é uma vitória num campeonato. É levar o título do Brasileirão para casa”, comparou. O senador também salientou que vê as avaliações de popularidade de governos como algo “sazonal”, ao comentar a recente pesquisa Atlas/CNN que mostrou o pior índice de reprovação do atual governo, em 47%. O líder destacou que a pesquisa também traz um índice positivo para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 51% de aprovação.

Publicidade

Senador sem partido

O líder do governo no Congresso também rebateu críticas por estar sem partido e disse que isso não representa “empecilhos” em sua atividade política. Segundo Randolfe, estar fora de qualquer legenda “deveria facilitar” o seu trânsito entre as bancadas. “O que não vai faltar é reclamação sobre filiação partidária ou ausência”, disse.

Randolfe citou “um repertório de críticas” e disse que uma eventual filiação ao PT geraria reclamação de que a decisão “não amplia” a base política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Já uma filiação ao PSB, citou ele, incentivaria reações negativas por se tratar de um “partido muito pequeno” e, na Rede Sustentabilidade, ele seria o único parlamentar da bancada no Senado. Já no MDB, no União Brasil e no PSD, as críticas seriam de que “o governo está se entregando ao Parlamento”. “Isso para mim não é empecilho algum” disse, se referindo ao fato de não estar filiado a nenhum partido. “Converso muito bem com os líderes da oposição, e tenho conversado com os partidos da base, do União Brasil ao PSOL. Nenhum deles disse para mim: tenho dificuldade de conversar com você porque está sem partido.”

Segundo ele, as críticas sobre o assunto são “um mito criado”.”Quando se quer arranjar alguma crítica, a carapuça da crítica cabe em qualquer uma das cabeças, tivesse partido, não tivesse partido. Para mim, isso não é razão para qualquer tipo de preocupação. Minha razão de preocupação diariamente é executar o programa eleito em 2022″, afirmou.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.