BRASÍLIA - O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), afirmou nesta quarta-feira, 6, que o Palácio do Planalto vai tentar retomar a previsão de bloqueio de emendas no projeto que trata das novas regras para uso desses recursos. A medida foi retirada de última hora do texto durante a votação na Câmara. A proposta agora precisa ser analisada pelo Senado.
O projeto apresentado pelo deputado Rubens Pereira Jr. (PT-MA) autorizava o bloqueio de dotações de emendas parlamentares até a mesma proporção aplicada às demais despesas discricionárias. O relator do texto, Elmar Nascimento (União Brasil-BA), retirou esse item de seu relatório final. A versão aprovada prevê apenas o contingenciamento de emendas.
O contingenciamento de recursos do Orçamento da União é feito quando há frustração de receitas na arrecadação federal. Já o bloqueio é necessário quando a despesa sobe acima do permitido pelas regras fiscais. O bloqueio é mais difícil de ser revertido e acontece com mais frequência. Por isso, o Congresso quis evitá-lo no caso das emendas.
“Tem um aspecto que temos que ajustar, porque parece que não passou bloqueio de emendas, passou contingenciamento. Para o governo, é adequado que as emendas parlamentares possam ser bloqueadas, como qualquer outro recurso orçamentário é passível de ser bloqueado. Essa alteração vamos dialogar no Senado para ver se é possível e o texto retornar à Câmara”, disse Randolfe, que se reúne nesta quarta-feira, 6, com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para definir a data de votação do projeto na Casa - a expectativa é que seja na semana que vem.
“O governo preferiria que ficasse o termo bloqueio”, ressaltou o senador. Randolfe disse que a versão do projeto que passou na Câmara foi a “possível” diante das exigências de transparência e rastreabilidade para as emendas que foram feitas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Deputados e senadores tentam convencer o Supremo a liberar a execução das emendas ao Orçamento. O repasse desses recursos está suspenso desde agosto, quando o ministro Flávio Dino determinou que o Congresso e o governo dessem mais transparência e rastreabilidade para o envio das verbas aos municípios. A decisão do magistrado abriu uma crise entre os Poderes e, desde então, representantes do Legislativo, Executivo e Judiciário têm negociado uma saída.
Emendas parlamentares são recursos no Orçamento da União que podem ser direcionados pelos deputados e senadores a seus redutos eleitorais. Hoje, existem três modalidades: as emendas individuais, a que cada deputado e senador tem direito, as de bancada estadual e as de comissão. As duas primeiras são impositivas, ou seja, o pagamento é obrigatório, embora o governo controle o ritmo da liberação.
A proximidade de um desfecho para o impasse sobre as emendas parlamentares provocou uma disputa na Câmara. O deputado Zé Vitor (PL-MG) apresentou um projeto alternativo, após parlamentares considerarem pró-governo demais o texto de Pereira Jr.
Esse cenário reflete o “cabo de guerra” entre Executivo e Legislativo por influência no Orçamento da União. Deputados agiram para tentar impedir que o Palácio do Planalto reassuma muito controle sobre a destinação dos recursos, o que inclui a retirada da previsão de bloqueio.
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