Reflexo de pai de Mauro Cid em foto usada para negociação de escultura vira prova para PF

Imagens foram enviadas ao celular do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro para ajudar na venda do item; ex-presidente ganhou a escultura de presente em agenda nos Emirados Árabes

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Foto do author Isabella Alonso Panho
Atualização:

O reflexo do general Mauro Cesar Lourena Cid na foto usada nas negociações de uma caixa de escultura que Jair Bolsonaro (PL) ganhou de presente em uma agenda oficial serviu de prova para a Operação Lucas 12:2, realizada pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira, 11. O general é pai do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, que recebeu as imagens para negociar a venda do item.

A Polícia chegou ao general Lourena Cid através do reflexo dele na foto da caixa de escultura Foto: Reprodução/Polícia Federal

Dentro da caixa na qual aparece o reflexo do general, havia uma escultura de um coqueiro de ouro. Ele enviou as fotos para o filho, Mauro Cid, e pediu orientações de onde levar o objeto para que o valor fosse avaliado. A troca de mensagens entre os dois, que consta na investigação, é do dia 4 de janeiro e mostra que eles pretendiam vender a escultura.

Mauro Cid pediu ao pai para “não esquecer de tirar fotos” e “ver se tem algum documento junto com as peças”. Além da árvore dourada, o general Lourena Cid também estava com uma escultura de barco, feita de metais preciosos. O pai confirma que as imagens das peças foram feitas, que não há documentos nas caixas e envia as fotografias ao filho. É em uma dessas imagens que o rosto dele aparece refletido.

Reflexo general Lourena Cid pai de Mauro Cid escultura presente Jair Bolsonaro Foto: Reprodução

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Mauro Cid enviou ao pai o endereço da empresa Diamond Banc, que fica no estado da Flórida, nos Estados Unidos, onde o general deveria levar as esculturas para terem seu valor avaliado.

De acordo com as investigações, Jair Bolsonaro ganhou a escultura no dia 16 de novembro de 2022, na cerimônia de encerramento do Seminário Empresarial da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira na cidade de Manama, no Reino do Bahrein, nos Emirados Árabes. Há uma imagem, nos autos, do ex-presidente recebendo em mãos o artefato.

Nas investigações, há uma foto de Jair Bolsonaro recebendo como presente a escultura que Mauro Cid e o pai negociaram Foto: Alan Santos

Diante das novas provas, a Polícia Federal suspeita que o próprio Bolsonaro tenha agido para viabilizar a venda de presentes que ele recebeu em agendas oficiais, recebendo em dinheiro vivo o valor das vendas.

Na semana passada, documentos recebidos pela CPMI do 8 de Janeiro mostraram que Mauro Cid tentou vender um relógio da marca Rolex com características similares às do que Bolsonaro ganhou de presente dos Emirados Árabes em 2019. Esse acessório foi vendido por US$ 68.000,00 (correspondente a R$ 346.983,60), e depois recomprado pelo advogado Frederick Wassef para ser entregue ao Tribunal de Contas da União (TCU).

Operação Lucas 12:2

A operação da Polícia Federal feita na manhã desta sexta-feira, chamada Lucas 12:2, fez buscas em quatro endereços localizados em São Paulo, Brasília e Niterói. A investigação apura a venda de joias e outros objetos de valor, como esculturas, que foram recebidos por Bolsonaro como presentes em agendas oficiais. Além do general Lourena Cid, foram alvo da investigação o advogado Frederick Wassef e o ex-ajudante de ordens e tenente Osmar Crivelatti.

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As diligências foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A ordem saiu do inquérito das milícias digitais, que apura a existência de uma suposta rede de ataques a adversários políticos do ex-presidente.

Entre as negociações reveladas pelas investigações da PF, está a de um kit de joias que Bolsonaro ganhou de presente foi anunciado em um site de leilões virtuais, com o lance mínimo de R$ 120 mil.

Kit de joias recebido por Bolsonaro foi colocado à venda por US$ 120 mil em leilão Foto: Reprodução/Polícia Federal
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