O presidente da Espanha, Pedro Sánchez, agradeceu nesta quinta-feira, 6, o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à revogação da reforma trabalhista espanhola pelo atual governo do país europeu.
Em dezembro de 2021, Sánchez obteve sucesso em uma articulação para extinguir a legislação que regulamentava o mercado de trabalho no país, aprovada em 2012. Em resposta a Lula, o mandatário espanhol classificou a revogação como uma “conquista coletiva” e um “exemplo de que, com diálogos e acordos, é possível construir um país mais justo e solidário”.
Ao elogiar o governo espanhol, Lula compartilhou publicação de um portal ligado à esquerda que atribuiu à reforma (agora em processo de revisão) uma “precarização do trabalho” na Espanha. “É importante que os brasileiros acompanhem de perto o que está acontecendo na Reforma Trabalhista da Espanha, onde o presidente Pedro Sanchez está trabalhando para recuperar direitos dos trabalhadores”, escreveu o ex-presidente.
A articulação de Sánchez e as declarações de Lula provocaram um debate nas mídias sociais sobre a revogação da reforma trabalhista no Brasil, aprovada no governo Temer, e qual será a conduta no caso de um novo governo Lula.
Lideranças petistas argumentam que a legislação teria “retirado direitos” da classe trabalhadora brasileira.
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffman, se manifestou sobre o ocorrido no país europeu e repetiu o argumento de que não houve criação de empregos após a reforma de 2012, mas, sim, segundo ela, “precarização”. “Precisamos urgentemente fazer isso no Brasil, esse é o caminho para os trabalhadores voltarem a ter os seus direitos”, afirmou.
Em entrevista ao portal Brasil 247 nesta quarta-feira, o deputado Rodrigo Maia, presidente da Câmara na ocasião da aprovação da reforma brasileira, afirmou que o texto nunca se dispôs a gerar um “boom” de empregos, como afirma a oposição na tentativa de desqualificá-lo, mas que ele era necessário para “modernizar” a legislação.
“Os direitos são constitucionais. Ninguém mexeu no direito ao descanso semanal, férias, FGTS, décimo terceiro e a licença-maternidade (...) Ninguém falou que ia gerar dois milhões de empregos, só o Paulo Guedes acreditava nisso, mas era necessário”, disse Maia.
Entretanto, o deputado fez uma ressalva. Segundo ele, nos anos em que foi presidente da Casa, a maior pressão que sofreu da esquerda em relação à reforma foi sobre a mudança da contribuição para o financiamento dos sindicatos. “Foi a única pressão que recebi, e estou convencido de que eles estão certos”, afirmou. “O sindicato é uma estrutura fundamental para a defesa do trabalhador e da Democracia”, completou.
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