Um mês após se tornar réu em processo sobre os atos golpistas do 8 de janeiro de 2023, Leonardo Rodrigues de Jesus, o Léo Índio, deu uma entrevista em que afirma estar na Argentina. Ele dá a entender que aguarda que o “PL da anistia”, que prevê o perdão aos crimes dos condenados na invasão aos Três Poderes, seja aprovado no Congresso.
Em conversa com o âncora Valdomiro Cantini, da emissora de rádio Massa FM Cascavel, nesta quarta-feira, 26, ele reclamou da demora para a tramitação da proposta. “São dois anos. Eu graças a Deus não passei pelo momento cadeia, mas aqui tem pessoas que passaram, ficaram sete meses presos e fugiram, tiveram a oportunidade de fugir”, relatou.

Ele complementou com uma crítica sobre a atuação dos parlamentares que defendem a pauta. “Infelizmente, não está sendo prioridade para a direita e aliados da direita. Se fosse, os mais de 90 deputados federais do PL e mais os aliados trancariam a pauta”, disse, referindo-se a obstruções nas atividades da Câmara.
De acordo com levantamento exclusivo do Estadão, o Placar da Anistia, mais de um terço dos 513 parlamentares da Câmara dos Deputados apoiam a matéria.
Léo Índio afirma que está na Argentina há 22 dias e que vai precisar se apresentar às autoridades argentinas em pouco mais de dois meses, para renovar a autorização de sua estadia. Na bio de seu perfil no Instagram, conta a descrição “carioca exilado”.
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De acordo com Leonardo, em carta apresentada ao Conare (Comisión Nacional para los Refugiados) ele listou como motivos para sua entrada na Argentina “perseguição política e perseguições causadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF)”.
O parente da família Bolsonaro também afirmou ter medo de se apresentar ao Conare para atualização dos documentos de permanência. “Nós não sabemos até onde vão os tentáculos do STF”, disse ao apresentador da emissora de rádio.
Nesta quinta-feira, 27, a Primeira Turma do STF formou maioria para negar recurso da defesa de Léo Índio e manter a decisão do colegiado que o tornou réu por participar dos atos golpistas.
Quem é Léo Índio
Leonardo se descreve nas redes sociais como “sobrinho do Bolsonaro”, mas ele é filho de uma irmã da ex-mulher do ex-presidente, Rogéria Nantes, mãe de Flávio, Carlos e Eduardo. Durante o governo do “tio”, Léo Índio circulava com livre acesso pelos gabinetes do Palácio do Planalto, mesmo sem ter cargo na Presidência.
Em 2022, ele se candidatou a deputado distrital pelo PL, com o nome de urna “Léo Índio Bolsonaro”, mas obteve 1.801 votos e não foi eleito. Em 2024, candidatou-se a vereador de Cascavel, no interior do Paraná, pelo PP. Usou como nome de urna “Léo Bolsonaro”, obteve 739 votos e, mais uma vez, não se elegeu.