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Traduzindo a política

Opinião|Pesquisas sugerem que Nunes agora cresce reforçado pela TV, após Marçal surfar na era das redes

Embora com números distintos, Datafolha indicou o mesmo movimento da pesquisa Quaest, com prefeito reagindo em meio à estagnação dos dois principais concorrentes

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Foto do author Ricardo Corrêa
Atualização:

Embora com números absolutos divergentes, colhidos em campos distintos e com métodos diferentes, as pesquisas Datafolha, divulgada nesta quinta-feira, 12, e Quaest, revelada na quarta-feira, 11, apontam para o mesmo caminho: uma recuperação com crescimento do prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB), possivelmente turbinado pelo peso de sua propaganda eleitoral no rádio e na TV. Nos dois levantamentos, ele cresceu cinco pontos, acima das margens de erro das pesquisas. Enquanto isso, outros dois candidatos que ponteiam os levantamentos junto com ele apenas oscilaram para cima ou para baixo.

Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, Pablo Marçal, Tabata Amaral e José Luiz Datena Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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Na Quaest, Nunes avançou de 19% para 24%. No Datafolha, de 22% para 27%. Neste caso, ele já havia oscilado três pontos para cima em relação a um levantamento anterior, de 22 de agosto. Foram, portanto, oito pontos em dez dias, de acordo com o instituto. Isso dá consistência à avaliação de que ele tem mostrado vitalidade, mesmo após ver Pablo Marçal (PRTB) capturar parte de seu eleitorado. Houve essa semana também uma pesquisa do instituto Atlas, que mostrou oscilação negativa de Nunes. É bom dizer, porém, que, como ela teve um campo maior, iniciado em 5 de setembro e terminado em 10 de setembro, poderia não ter identificado um movimento de dias atuais, quando Nunes ampliou sua artilharia contra Marçal.

O Datafolha mostra ainda que Nunes cresceu justamente no eleitorado de Bolsonaro, grupo em que vinha sofrendo com Marçal, o que pode ter sido impactado pela entrada mais firme de Tarcísio em sua campanha, e, eventualmente, das rusgas entre Bolsonaro e o ex-coach no 7 de Setembro.

Quanto aos comportamentos dos índices de intenção de voto de Boulos, há uma evidente estagnação, com oscilações sempre na margem de erro por semanas. No caso da Quaest e do Datafolha, houve oscilação de um ponto para baixo na primeira e de dois pontos para cima na segunda.

Sobre Marçal é difícil dizer algo sobre seus índices. Houve oscilação acima da margem na Quaest (19% para 23%) e para baixo no limite dela no Datafolha (22% para 19%). Mas parece haver um claro aumento na rejeição após as peças de propaganda de Nunes atingi-lo no rádio e na TV. Na pesquisa desta quinta, sua rejeição subiu de 38% para 44%, enquanto a de Boulos permaneceu estável em 37% e a de Nunes recuou de 25% para 19%. Na Quaest, a rejeição de Marçal passou de 35% para 41%, enquanto a de Boulos oscilou de 45% para 48% e a de Nunes caiu de 39% para 34%.

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Faltando ainda pouco mais de três semanas para as eleições, a definição sobre a vaga no segundo turno parece estar no comportamento do voto útil (aquele que poderia migrar de eleitores de Tabata Amaral, José Luiz Datena e Marina Helena, sobretudo na reta final) e nos indecisos. Somados, esses e os chamados ‘nanicos’ somam 22% das intenções de voto. O suficiente para garantir uma arrancada final a quem conseguir convencê-los. Hoje, Nunes parece ter mais capacidade com as armas de que dispõe, sobretudo considerando que o incumbente, em geral, costuma crescer na reta final, na medida que a indecisão permanece. Se há dúvidas sobre o futuro, o eleitor pode deixar do jeito que está.

Opinião por Ricardo Corrêa

Coordenador de política em São Paulo no Estadão e comentarista na rádio Eldorado. Escreve às quintas

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