Ricardo Nunes apoia projeto de Tarcísio de levar sede do governo para o centro; urbanistas resistem

Governador eleito, Tarcísio de Freitas trata o tema como prioridade; para ele, projeto ajudaria a revitalizar a região

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Foto do author Gustavo Queiroz

Uma das principais promessas de Tarcísio de Freitas (Republicanos) na campanha, a mudança da sede do governo paulista do Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi, para o centro, recebeu o apoio do prefeito Ricardo Nunes (MDB), mas já esbarra na resistência de urbanistas e em desafios fiscais.

O governador eleito e o prefeito trataram do assunto em um jantar na véspera da eleição. Nunes questionou o então candidato sobre o tema e ouviu que o projeto seria prioridade. O emedebista deu aval, mas destacou as dificuldades para sua implementação. “É projeto complexo, mas possível e depende da vontade política. Será preciso articular vários aspectos. Mas tem meu apoio”, disse Nunes ao Estadão.

Antes, o governador eleito falava em transformar o Palácio dos Campos Elísios na nova sede de governo. Foto: Juan Esteves

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A ideia de mudar a sede do governo para o centro é um projeto antigo que o coordenador do plano de governo de Tarcísio, Guilherme Afif Domingos, apresentou ao então governador Geraldo Alckmin em 2012, quando ele era vice-governador. A proposta acabou engavetada, mas ressurgiu durante a campanha com uma nova roupagem.

Em entrevista à TV Globo no dia seguinte a sua vitória, Tarcísio disse que a ideia é rebaixar o terminal Princesa Isabel e erguer ali uma Esplanada. A área do terminal é de 10,6 mil metros quadrados.

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É um projeto complexo, mas possível e depende da vontade política. Será preciso articular vários aspectos. Mas tem meu apoio”

Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo

Em junho, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou um projeto de lei que transformou a Praça Princesa Isabel em um parque municipal. No começo deste ano, a praça foi ocupada pelo fluxo de usuários de drogas da Cracolândia. Com a proximidade da inauguração do novo endereço do Hospital Pérola Byington, nas redondezas, a Guarda Civil Metropolitana fez um cerco na praça. Para Tarcísio, o projeto ajudaria a revitalizar a região.

Antes, o governador eleito falava em transformar o Palácio dos Campos Elísios na nova sede de governo. A proposta poderia prejudicar o Museu das Favelas, que está em fase final de construção e deve ser inaugurado até o fim do mês. Nunes admitiu, na conversa com Tarcísio, que poderia articular a mudança do museu para outro local.

Ele (Tarcísio) vai no sentido de revitalização urbana, terminologia criticada porque parece que a região não tem vida”

Henrique Frota, diretor executivo Instituto Polis

“A ideia é ter uma parceria público-privada. Ter uma Esplanada na Praça Princesa Isabel onde funcionaria o centro administrativo, rebaixaria o terminal rodoviário e preservaria o Palácio dos Campos Elísios e criaria uma outra unidade”, disse. Tarcísio pontuou que o projeto passaria por leilão para definir a empresa executora.

Ele também reconheceu que o projeto levaria “um mandato inteiro” para sair do papel. “O tempo de estruturar o projeto e leiloar, não é um projeto de curto prazo. Leva tempo para ser construído. Vai levar um mandato inteiro em desenvolvimento, leilão e execução, mas é um projeto que deixa legado”, declarou. Hoje, o Palácio dos Bandeirantes abriga a sede do governo, secretarias e também a residência oficial do governador.

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Nabil Bonduki, urbanista e ex-secretário do PT, disse que a proposta é de difícil realização e vai contra o Plano Diretor da capital. “O Plano Diretor estimula o uso residencial do centro e a criação de empregos na periferia”, pontuou.

O diretor executivo do Instituto Polis, Henrique Frota, argumentou que a mudança da sede do governo pode ser positiva, pois permitiria maior acesso da população, mas que a proposta tem pontos cegos. “Do ponto de vista simbólico, sair do Palácio dos Bandeirantes, abandonar esse nome, seria algo inovador. Mas ele (Tarcísio) vai no sentido de revitalização urbana, que é uma terminologia criticada porque parece que a região não tem vida, quando na verdade existe uma dinâmica social”, disse.

Em nota, o governador eleito disse que a mudança traz emprego e comércio “de volta” ao centro. “As decisões serão tomadas após estudo aprofundado sobre impactos e benefícios dessa nova estrutura.”

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