O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou nesta sexta-feira, 8, que gostaria de contar com Aldo Rebelo como vice na sua chapa nas eleições de 2024 e fez elogios à atuação dele como vereador na capital paulista, o que considera um diferencial em relação a outros cotados para o posto. Ele citou ainda a capacidade de “diálogo” e a “experiência” de Rebelo, evitando responder quais as chances reais de convidá-lo.
“É um nome que me agrada e a muita gente também”, declarou Nunes durante a inauguração de um centro de atendimento a mulheres em situação de vulnerabilidade em Vila Siqueira, na zona norte de São Paulo. “Aldo é muito bom de conversa. Ele traz um perfil que eu gosto muito, para parar com essas brigas e cuidar da cidade.”
Rebelo teve o nome ventilado em uma reunião no final de fevereiro em que estavam presentes ele próprio, o prefeito e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), um de seus principais aliados na disputa de outubro. O Estadão apurou que o atual secretário municipal de Relações Internacionais da prefeitura é visto como alguém com mais peso político do que o coronel da PM Ricardo Mello Araújo e a delegada Raquel Gallinati, dois concorrentes no páreo.
A escolha esbarra, no entanto, na prioridade de indicação do PL. Nunes tenta consolidar o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para evitar concorrer contra um adversário desse campo político. A escolha de um vice de fora do partido poderia implodir a aliança. Bolsonaro já afirmou publicamente que prefere a indicação do coronel Mello, enquanto uma ala ligada ao presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto, tenta emplacar a delegada.
Rebelo foi vereador da cidade entre 1989 e 1991, ainda pelo PCdoB, quando participou da criação da Lei Orgânica do Município. Ele deixou o posto para assumir o primeiro de sete mandatos na Câmara dos Deputados. Nesse meio tempo, foi presidente da Casa, chefe da Secretaria de Coordenação Política e Assuntos Institucionais no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ministro do Esporte, de Ciência e Tecnologia e da Defesa com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
O político assumiu o cargo na gestão Nunes em uma vaga deixada pela ex-prefeita Marta Suplicy, que trocou de lado e será vice, pelo PT, do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que lidera no momento as pesquisas. Nunes vem alfinetando essa decisão e argumenta que, ao contrário do oponente, o vice será escolhido “democraticamente” entre partidos da coligação mais perto da data das convenções, em julho.
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Na época, a entrada de Rebelo no governo de Ricardo Nunes agradou o bolsonarismo. O secretário tem bom diálogo com militares, por ter sido ministro da Defesa, e com o agronegócio. Aldo Rebelo também costuma aparecer nas redes bolsonaristas por conta de posições a respeito da soberania da Amazônia e críticas à esquerda e ao presidente Lula. Ele viralizou recentemente com um trecho de uma entrevista em que nega a existência de uma tentativa de golpe nos ataques de 8 de janeiro, em Brasília.
Convite ‘surpresa’ para nova secretária
Diante de promessas de adversários neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, sobre igualdade de gênero em uma eventual composição de governo, o prefeito Ricardo Nunes anunciou de surpresa uma troca em seu primeiro escalão. Ele convidou Marcelina Conceição dos Santos, chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, para assumir o posto com a saída iminente de Carlos Bezerra Júnior (PSDB).
“Temos várias mulheres como secretárias, e hoje vou anunciar mais uma, a Ciça. Vou exonerar um homem e colocar uma mulher, ela vai ser secretária de Assistência Social”, afirmou o prefeito em entrevista coletiva a jornalistas. Faltou combinar previamente com ela. “Você sabia que vai ser secretária? É que eu não tinha falado... Você aceita, né?”.
O atual secretário, que é vereador licenciado, precisa deixar o cargo até 5 de abril para cumprir as regras eleitorais e disputar um novo mandato em 2024. Além dele, são esperados que outras duas secretárias sejam exoneradas pelo mesmo motivo: Aline Torres, secretária de Cultura, e Elza Paulina, da pasta de Segurança Urbana.
Boulos e Tabata Amaral (PSB) aproveitaram o Dia Internacional da Mulher para o firmar o compromisso de que, caso sejam eleitos, suas gestões terão ao menos metade das secretarias dirigidas por mulheres. Ricardo Nunes afirmou em agenda que São Paulo “tem dado exemplo” nesse sentido, citando um número divulgado pelo governo de que mais de 50% dos cargos de alta gestão seriam ocupados por mulheres na capital paulista.
A conta envolve, segundo a prefeitura, diferentes posições nas secretarias, subprefeituras e autarquias municipais. Contando apenas o primeiro escalão, há nove mulheres na liderança de 35 cadeiras, o equivalente a 26%.
Nunes ainda se mostrou incomodado com uma pergunta a respeito de comportamentos machistas de Bolsonaro, a quem tenta se associar na campanha. Ele compareceu a ato convocado pelo ex-presidente na Avenida Paulista, no dia 25. “O candidato sou eu. A análise tem que ser da pessoa, do candidato, que ficará 365 dias por ano cuidando da cidade e enfrentando os seus problemas. Não será outro personagem.”
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