Nunes toma posse e diz que ‘ideologia não pode fazer parte do dia a dia’; 55 vereadores assumem

Cerimônia na Câmara Municipal empossou os novos vereadores de São Paulo. Prefeito também dará posse ao novo secretariado em evento no Theatro Municipal

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Foto do author Hugo Henud
Foto do author Juliano  Galisi
Atualização:

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o vice Ricardo Augusto de Mello Araújo (PL) foram empossados na tarde desta quarta-feira, 1º, para o mandato à frente da Prefeitura de São Paulo. Durante o discurso, Nunes apresentou os números de sua primeira gestão e reafirmou seu compromisso em “cuidar das pessoas,” destacando prioridades como educação, saúde e habitação. Na sequência, o emedebista destacou a boa relação com a Câmara Municipal e defendeu, mais de uma vez, a pacificação diante da polarização política no País: “Ideologia nunca pode ser mais importante do que o dia a dia.”

“Não há tempo para personalismos e arrogâncias. São Paulo é maior e mais importante do que qualquer um de nós. São é maior que todos. A ideologia não pode fazer parte do dia a dia. A ideologia nunca pode ser mais importante do que o dia a dia. E, da minha parte, buscarei sempre dialogar e abrir canais de colaboração com todos”, disse ele, que também agradeceu a Jair Bolsonaro e a Tarcísio de Freitas em seu discurso.

Posse do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e do vice-prefeito, Coronel Ricardo Mello Araújo, na Câmara Municipal de São Paulo Foto: Taba Benedicto/Estadão

Nunes também defendeu a pacificação diante da polarização política no País. “Continuarei agindo com aquilo que aprendi na política, o diálogo. Podem contar comigo para tudo que for diálogo, solução e resolução de impasses. O Brasil precisa ser pacificado consigo mesmo. Onde reina o trabalho, não reina a discórdia”, completou Nunes, durante a cerimônia realizada na Câmara Municipal, no Centro, que também marcou a posse dos 55 vereadores eleitos em outubro.

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Nunes ainda dará posse ao novo secretariado em uma cerimônia no Theatro Municipal. Como mostrou o Estadão, o prefeito optou por priorizar a continuidade, mantendo a maior parte de sua equipe no novo mandato.

O prefeito foi reeleito com 59,35% dos votos válidos, somando 3.393.110 votos na capital paulista, ao derrotar Guilherme Boulos (PSOL) e Marta Suplicy (PT) no segundo turno das eleições municipais de 2024. A vitória veio após um primeiro turno acirrado, em que Nunes garantiu a vaga no segundo turno com uma diferença de apenas 81.865 votos sobre o terceiro colocado, Pablo Marçal (PRTB), e 25 mil votos à frente de Boulos (PSOL), que ficou em segundo lugar.

Novo presidente da Câmara

Em seguida, os vereadores elegeram Ricardo Teixeira (União Brasil) como novo presidente da Câmara e definiram os integrantes da Mesa Diretora. Teixeira, indicado por seu partido para disputar a presidência da Casa, recebeu o apoio da bancada municipal do MDB, partido de Nunes, consolidando sua posição como um dos favoritos ao cargo.

Ex-secretário de Mobilidade e Trânsito da gestão emedebista, Teixeira é visto como um parlamentar experiente, conhecido por manter boas relações com os colegas, inclusive da oposição. O adversário do vereador foi Celso Gianazzi (PSOL), que também concorreu ao cargo.

Composição da Câmara

A maior bancada partidária da nova legislatura da capital paulista é a do PT, com oito assentos, mas a base de Nunes detém a maioria dos vereadores. A sigla do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manteve o mesmo número de cadeiras conquistadas em 2020. As fileiras do MDB, do PL e do União Brasil contam com sete vereadores cada.

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Uma das características marcantes das eleições foi o bom desempenho de candidatos estreantes, que figuraram entre os cinco mais votados, deixando de fora nomes tradicionais como Adilson Amadeu (União Brasil), Arselino Tatto (PT), Paulo Frange (MDB), Gilson Barreto (MDB), Carlos Bezerra Júnior (PSD), além de Milton Leite (União Brasil), que após 27 anos na Câmara, optou por não concorrer ao cargo eletivo. A taxa de renovação da Câmara foi de 63,3%, considerando os vereadores que disputaram e os que não tentaram a reeleição.

Enquanto figuras histórias da política paulistana não conseguiram se eleger, jovens políticos com forte presença nas redes sociais foram destaques nesta eleição. Vereador mais votado de todo o Brasil, Lucas Pavanato (PL), que assume o cargo pela primeira vez, obteve 161,3 mil votos. O jovem de 26 anos, eleito com a segurança pública como uma de suas principais bandeiras de campanha, disse ao Estadão que pretende propor projetos baseados nos valores conservadores que o elegeram e provocou, dizendo que a oposição terá que “aguentar” seu estilo de fazer política.

“Viemos para ficar e, todos aqueles que não gostam de lidar com a gente, não gostam de lidar com políticos como a gente, eles terão que nos aguentar, porque nós vamos continuar ocupando espaço”, disse.

O segundo lugar entre os mais votados também tem uma estreante na disputa pelo Legislativo paulistano. Trata-se da bancária Ana Carolina Oliveira (Podemos) – mãe de Isabella Nardoni, morta em 2008 pelo pai e pela madrasta. Ela conquistou 129,5 mil votos, com uma plataforma baseada na defesa de “todas as vítimas que sofrem em silêncio”. Com mais de 1 milhão de seguidores no Instagram, Ana foi uma das principais apostas do Podemos na capital paulista, recebendo R$ 1,5 milhão do partido, além de um número de urna nobre.

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Dr. Murilo Lima e Sargento Nantes, ambos do PP, ocuparam o terceiro e quarto lugar com 113,8 mil e 112,4 mil votos, respectivamente. Lima focou na proteção animal, enquanto Nantes, com apoio de Pablo Marçal, destacou a segurança pública.

Amanda Paschoal (PSOL), apoiada por Erika Hilton, foi a candidata de esquerda mais votada, com 108,6 mil votos, defendendo causas LGBTQIA+ e ambientais.

Alinhamento com Nunes e pautas conservadoras

Por conta da base, Nunes deve encontrar menos resistência para aprovar projetos na Câmara Municipal. Segundo levantamento do Estadão realizado com os 55 vereadores eleitos, sua base aliada pode chegar a 30 parlamentares. A oposição ocupa 15 cadeiras, enquanto 10 integrantes do Legislativo se declararam independentes. Entre estes estão Rubinho Nunes (União) e Sargento Nantes (PP), ambos apoiadores de Pablo Marçal (PRTB) no primeiro turno, contrariando as orientações de seus partidos.

Nomes como Tripoli (PV), Marina Bragante (Rede) e Eliseu Gabriel (PSB), de siglas que estavam coligadas ou que declararam apoio à candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) durante a disputa, também se declararam como “independentes”.

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O levantamento do Estadão também mostrou que a maioria dos vereadores apoia pautas conservadoras, entre as quais a ampliação do armamento e das atribuições da Guarda Civil Metropolitana (GCM), além da internação compulsória de dependentes químicos na região da Cracolândia.

PSDB sem representação

Uma ausência notável entre as bancadas partidárias é a do PSDB, outrora dominante na Câmara Municipal, mas “varrido” do mapa político no último pleito. A candidatura a prefeito do apresentador José Luiz Datena (PSDB) registrou o pior desempenho da história do partido na capital paulista, com 1,84% dos votos válidos. Durante o primeiro semestre, o PSDB paulistano viveu um racha interno entre os adeptos de uma candidatura própria e os favoráveis ao apoio à reeleição de Nunes.

A rixa levou à debandada, em março, dos oito vereadores em exercício pelo partido. Em junho, após a oficialização da candidatura de Datena, o ex-ministro Aloysio Nunes, quadro histórico da sigla, anunciou sua desfiliação.

Isolado, o PSDB lançou a candidatura de Datena em uma chapa “puro sangue”. A campanha do apresentador não ganhou tração nas pesquisas de intenção de voto e acabou marcada pelo episódio da cadeirada em Pablo Marçal, candidato do PRTB, durante o debate organizado pela TV Cultura. Ao cabo, os tucanos não elegeram nenhuma das 49 candidaturas à Câmara.

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Vereadores eleitos

Vereadores eleitos em outubro de 2024: Thammy Miranda (PSD), Ana Carolina Oliveira (Podemos), Adrilles Jorge (União) e Renata Falzoni (PSB). Foto: Arquivo pessoal/Ronan Nascimento, Tiago Queiroz/Estadão, Daniel Teixeira/Estadão e Arquivo pessoal/Marco Pinto
  1. Lucas Pavanato (PL) - 161.386 votos
  2. Ana Carolina Oliveira (PODE) - 129.563 votos
  3. Dr. Murillo Lima (PP) - 113.820 votos
  4. Sargento Nantes (PP) - 112.484 votos
  5. Amanda Paschoal (PSOL) - 108.654 votos
  6. Rubinho Nunes (UNIÃO) - 101.549 votos
  7. Luna Zarattini (PT) - 100.921 votos
  8. Luana Alves (PSOL) - 83.262 votos
  9. Dra. Sandra Tadeu (PL) - 74.511 votos
  10. Pastora Sandra Alves (UNIÃO) - 74.192 votos
  11. Silvão Leite (UNIÃO) - 63.988 votos
  12. Isac Félix (PL) - 62.275 votos
  13. Zoe Martinez (PL) - 60.272 votos
  14. Rodrigo Goulart (PSD) - 58.715 votos
  15. Danilo do Posto de Saúde (PODE) - 58.676 votos
  16. Gabriel Abreu (PODE) - 58.581 votos
  17. Edir Sales (PSD) - 58.190 votos
  18. Alessandro Guedes (PT) - 58.183 votos
  19. Celso Giannazi (PSOL) - 57.789 votos
  20. Cris Monteiro (NOVO) - 56.904 votos
  21. Silvinho (UNIÃO) - 53.453 votos
  22. Thammy Miranda (PSD) - 50.234 votos
  23. Nabil Bonduki (PT) - 49.540 votos
  24. Janaina Paschoal (PP) - 48.893 votos
  25. Fabio Riva (MDB) - 44.627 votos
  26. Major Palumbo (PP) - 43.455 votos
  27. Rute Costa (PL) - 43.090 votos
  28. Sidney Cruz (MDB) - 42.988 votos
  29. George Hato (MDB) - 42.837 votos
  30. Sansão Pereira (REPUBLICANOS) - 42.229 votos
  31. André Santos (REPUBLICANOS) - 41.379 votos
  32. Hélio Rodrigues (PT) - 40.753 votos
  33. Amanda Vettorazzo (UNIÃO) - 40.144 votos
  34. Marcelo Messias (MDB) - 40.079 votos
  35. Marina Bragante (REDE) - 39.147 votos
  36. Tripoli (PV) - 39.039 votos
  37. Simone Ganem (PODE) - 38.540 votos
  38. Sandra Santana (MDB) - 38.326 votos
  39. João Jorge (MDB) - 36.296 votos
  40. Ely Teruel (MDB) - 35.622 votos
  41. Professor Toninho Vespoli (PSOL) - 34.735 votos
  42. Silvia da Bancada Feminista (PSOL) - 34.537 votos
  43. Sonaira Fernandes (PL) - 33.957 votos
  44. Dr. Milton Ferreira (PODE) - 33.493 votos
  45. João Ananias (PT) - 33.225 votos
  46. Kenji Palumbo (PODE) - 32.495 votos
  47. Ricardo Teixeira (UNIÃO) - 31.566 votos
  48. Jair Tatto (PT) - 30.905 votos
  49. Eliseu Gabriel (PSB) - 30.706 votos
  50. Dheison (PT) - 30.575 votos
  51. Senival Moura (PT) - 30.480 votos
  52. Renata Falzoni (PSB) - 30.206 votos
  53. Keit Lima (PSOL) - 27.769 votos
  54. Adrilles Jorge (UNIÃO) - 25.038 votos
  55. Gilberto Nascimento (PL) - 22.306 votos
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