O prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o vice Ricardo Augusto de Mello Araújo (PL) foram empossados na tarde desta quarta-feira, 1º, para o mandato à frente da Prefeitura de São Paulo. Durante o discurso, Nunes apresentou os números de sua primeira gestão e reafirmou seu compromisso em “cuidar das pessoas,” destacando prioridades como educação, saúde e habitação. Na sequência, o emedebista destacou a boa relação com a Câmara Municipal e defendeu, mais de uma vez, a pacificação diante da polarização política no País: “Ideologia nunca pode ser mais importante do que o dia a dia.”
“Não há tempo para personalismos e arrogâncias. São Paulo é maior e mais importante do que qualquer um de nós. São é maior que todos. A ideologia não pode fazer parte do dia a dia. A ideologia nunca pode ser mais importante do que o dia a dia. E, da minha parte, buscarei sempre dialogar e abrir canais de colaboração com todos”, disse ele, que também agradeceu a Jair Bolsonaro e a Tarcísio de Freitas em seu discurso.
Nunes também defendeu a pacificação diante da polarização política no País. “Continuarei agindo com aquilo que aprendi na política, o diálogo. Podem contar comigo para tudo que for diálogo, solução e resolução de impasses. O Brasil precisa ser pacificado consigo mesmo. Onde reina o trabalho, não reina a discórdia”, completou Nunes, durante a cerimônia realizada na Câmara Municipal, no Centro, que também marcou a posse dos 55 vereadores eleitos em outubro.
Nunes ainda dará posse ao novo secretariado em uma cerimônia no Theatro Municipal. Como mostrou o Estadão, o prefeito optou por priorizar a continuidade, mantendo a maior parte de sua equipe no novo mandato.
O prefeito foi reeleito com 59,35% dos votos válidos, somando 3.393.110 votos na capital paulista, ao derrotar Guilherme Boulos (PSOL) e Marta Suplicy (PT) no segundo turno das eleições municipais de 2024. A vitória veio após um primeiro turno acirrado, em que Nunes garantiu a vaga no segundo turno com uma diferença de apenas 81.865 votos sobre o terceiro colocado, Pablo Marçal (PRTB), e 25 mil votos à frente de Boulos (PSOL), que ficou em segundo lugar.
Novo presidente da Câmara
Em seguida, os vereadores elegeram Ricardo Teixeira (União Brasil) como novo presidente da Câmara e definiram os integrantes da Mesa Diretora. Teixeira, indicado por seu partido para disputar a presidência da Casa, recebeu o apoio da bancada municipal do MDB, partido de Nunes, consolidando sua posição como um dos favoritos ao cargo.
Ex-secretário de Mobilidade e Trânsito da gestão emedebista, Teixeira é visto como um parlamentar experiente, conhecido por manter boas relações com os colegas, inclusive da oposição. O adversário do vereador foi Celso Gianazzi (PSOL), que também concorreu ao cargo.
Composição da Câmara
A maior bancada partidária da nova legislatura da capital paulista é a do PT, com oito assentos, mas a base de Nunes detém a maioria dos vereadores. A sigla do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manteve o mesmo número de cadeiras conquistadas em 2020. As fileiras do MDB, do PL e do União Brasil contam com sete vereadores cada.
Uma das características marcantes das eleições foi o bom desempenho de candidatos estreantes, que figuraram entre os cinco mais votados, deixando de fora nomes tradicionais como Adilson Amadeu (União Brasil), Arselino Tatto (PT), Paulo Frange (MDB), Gilson Barreto (MDB), Carlos Bezerra Júnior (PSD), além de Milton Leite (União Brasil), que após 27 anos na Câmara, optou por não concorrer ao cargo eletivo. A taxa de renovação da Câmara foi de 63,3%, considerando os vereadores que disputaram e os que não tentaram a reeleição.
Enquanto figuras histórias da política paulistana não conseguiram se eleger, jovens políticos com forte presença nas redes sociais foram destaques nesta eleição. Vereador mais votado de todo o Brasil, Lucas Pavanato (PL), que assume o cargo pela primeira vez, obteve 161,3 mil votos. O jovem de 26 anos, eleito com a segurança pública como uma de suas principais bandeiras de campanha, disse ao Estadão que pretende propor projetos baseados nos valores conservadores que o elegeram e provocou, dizendo que a oposição terá que “aguentar” seu estilo de fazer política.
“Viemos para ficar e, todos aqueles que não gostam de lidar com a gente, não gostam de lidar com políticos como a gente, eles terão que nos aguentar, porque nós vamos continuar ocupando espaço”, disse.
O segundo lugar entre os mais votados também tem uma estreante na disputa pelo Legislativo paulistano. Trata-se da bancária Ana Carolina Oliveira (Podemos) – mãe de Isabella Nardoni, morta em 2008 pelo pai e pela madrasta. Ela conquistou 129,5 mil votos, com uma plataforma baseada na defesa de “todas as vítimas que sofrem em silêncio”. Com mais de 1 milhão de seguidores no Instagram, Ana foi uma das principais apostas do Podemos na capital paulista, recebendo R$ 1,5 milhão do partido, além de um número de urna nobre.
Dr. Murilo Lima e Sargento Nantes, ambos do PP, ocuparam o terceiro e quarto lugar com 113,8 mil e 112,4 mil votos, respectivamente. Lima focou na proteção animal, enquanto Nantes, com apoio de Pablo Marçal, destacou a segurança pública.
Amanda Paschoal (PSOL), apoiada por Erika Hilton, foi a candidata de esquerda mais votada, com 108,6 mil votos, defendendo causas LGBTQIA+ e ambientais.
Alinhamento com Nunes e pautas conservadoras
Por conta da base, Nunes deve encontrar menos resistência para aprovar projetos na Câmara Municipal. Segundo levantamento do Estadão realizado com os 55 vereadores eleitos, sua base aliada pode chegar a 30 parlamentares. A oposição ocupa 15 cadeiras, enquanto 10 integrantes do Legislativo se declararam independentes. Entre estes estão Rubinho Nunes (União) e Sargento Nantes (PP), ambos apoiadores de Pablo Marçal (PRTB) no primeiro turno, contrariando as orientações de seus partidos.
Nomes como Tripoli (PV), Marina Bragante (Rede) e Eliseu Gabriel (PSB), de siglas que estavam coligadas ou que declararam apoio à candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) durante a disputa, também se declararam como “independentes”.
O levantamento do Estadão também mostrou que a maioria dos vereadores apoia pautas conservadoras, entre as quais a ampliação do armamento e das atribuições da Guarda Civil Metropolitana (GCM), além da internação compulsória de dependentes químicos na região da Cracolândia.
PSDB sem representação
Uma ausência notável entre as bancadas partidárias é a do PSDB, outrora dominante na Câmara Municipal, mas “varrido” do mapa político no último pleito. A candidatura a prefeito do apresentador José Luiz Datena (PSDB) registrou o pior desempenho da história do partido na capital paulista, com 1,84% dos votos válidos. Durante o primeiro semestre, o PSDB paulistano viveu um racha interno entre os adeptos de uma candidatura própria e os favoráveis ao apoio à reeleição de Nunes.
A rixa levou à debandada, em março, dos oito vereadores em exercício pelo partido. Em junho, após a oficialização da candidatura de Datena, o ex-ministro Aloysio Nunes, quadro histórico da sigla, anunciou sua desfiliação.
Isolado, o PSDB lançou a candidatura de Datena em uma chapa “puro sangue”. A campanha do apresentador não ganhou tração nas pesquisas de intenção de voto e acabou marcada pelo episódio da cadeirada em Pablo Marçal, candidato do PRTB, durante o debate organizado pela TV Cultura. Ao cabo, os tucanos não elegeram nenhuma das 49 candidaturas à Câmara.
Vereadores eleitos
- Lucas Pavanato (PL) - 161.386 votos
- Ana Carolina Oliveira (PODE) - 129.563 votos
- Dr. Murillo Lima (PP) - 113.820 votos
- Sargento Nantes (PP) - 112.484 votos
- Amanda Paschoal (PSOL) - 108.654 votos
- Rubinho Nunes (UNIÃO) - 101.549 votos
- Luna Zarattini (PT) - 100.921 votos
- Luana Alves (PSOL) - 83.262 votos
- Dra. Sandra Tadeu (PL) - 74.511 votos
- Pastora Sandra Alves (UNIÃO) - 74.192 votos
- Silvão Leite (UNIÃO) - 63.988 votos
- Isac Félix (PL) - 62.275 votos
- Zoe Martinez (PL) - 60.272 votos
- Rodrigo Goulart (PSD) - 58.715 votos
- Danilo do Posto de Saúde (PODE) - 58.676 votos
- Gabriel Abreu (PODE) - 58.581 votos
- Edir Sales (PSD) - 58.190 votos
- Alessandro Guedes (PT) - 58.183 votos
- Celso Giannazi (PSOL) - 57.789 votos
- Cris Monteiro (NOVO) - 56.904 votos
- Silvinho (UNIÃO) - 53.453 votos
- Thammy Miranda (PSD) - 50.234 votos
- Nabil Bonduki (PT) - 49.540 votos
- Janaina Paschoal (PP) - 48.893 votos
- Fabio Riva (MDB) - 44.627 votos
- Major Palumbo (PP) - 43.455 votos
- Rute Costa (PL) - 43.090 votos
- Sidney Cruz (MDB) - 42.988 votos
- George Hato (MDB) - 42.837 votos
- Sansão Pereira (REPUBLICANOS) - 42.229 votos
- André Santos (REPUBLICANOS) - 41.379 votos
- Hélio Rodrigues (PT) - 40.753 votos
- Amanda Vettorazzo (UNIÃO) - 40.144 votos
- Marcelo Messias (MDB) - 40.079 votos
- Marina Bragante (REDE) - 39.147 votos
- Tripoli (PV) - 39.039 votos
- Simone Ganem (PODE) - 38.540 votos
- Sandra Santana (MDB) - 38.326 votos
- João Jorge (MDB) - 36.296 votos
- Ely Teruel (MDB) - 35.622 votos
- Professor Toninho Vespoli (PSOL) - 34.735 votos
- Silvia da Bancada Feminista (PSOL) - 34.537 votos
- Sonaira Fernandes (PL) - 33.957 votos
- Dr. Milton Ferreira (PODE) - 33.493 votos
- João Ananias (PT) - 33.225 votos
- Kenji Palumbo (PODE) - 32.495 votos
- Ricardo Teixeira (UNIÃO) - 31.566 votos
- Jair Tatto (PT) - 30.905 votos
- Eliseu Gabriel (PSB) - 30.706 votos
- Dheison (PT) - 30.575 votos
- Senival Moura (PT) - 30.480 votos
- Renata Falzoni (PSB) - 30.206 votos
- Keit Lima (PSOL) - 27.769 votos
- Adrilles Jorge (UNIÃO) - 25.038 votos
- Gilberto Nascimento (PL) - 22.306 votos
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