A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou nesta quarta-feira, 2, que está monitorando “possíveis desabastecimentos de suprimentos de saúde”. Desde a noite de domingo, 30 apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado no 2º turno das eleições pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), bloqueiam estradas no País em protestos contra o resultado das urnas.
O diretor-presidente da Anvisa, o contra-almirante Antonio Barra Torres, enviou um ofício ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, com o tema: “mapeamento de risco de desabastecimento da cadeia de suprimentos de medicamentos e vacinas”. O militar pediu “especial atenção, a fim de que se possa manter e garantir o livre acesso da população à insumos de saúde”.
“Já preocupa o risco de desabastecimento, passível de gerar impactos na cadeia de suprimentos de saúde, caso não se efetive um pronto reestabelecimento do transporte”, afirmou.
“É mister assegurar o ir e vir de pessoas e cargas, como fator sustentador de uma oferta constante e fluida de produtos e serviços de saúde, num cenário sanitário, ainda com incertezas.”
Em nota, a Anvisa afirmou que o monitoramento é feito junto ao setor regulado pela agência. A agência também enviou ofícios a aos ministérios da Justiça e Casa Civil, ao Ministério Público Federal, ao Supremo Tribunal Federal, Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde (CONASS) e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS).
“É uma medida que vem no escopo da missão da agência de identificar ameaças e proteger a saúde da população”, registrou a nota da Anvisa.
Na tarde desta terça-feira, 1, Bolsonaro condenou protestos que interfiram no “direito de ir e vir”. A declaração não foi suficiente para desmobilizar totalmente os grupos que bloqueiam estradas no País.
O feriado de 2 de novembro começou com ao menos 167 pontos de bloqueios e interdições nas rodovias federais do País, segundo informe divulgado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) por volta das 6 horas desta quarta. Ainda há ocorrências no Acre, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Paraná, Rondônia, Roraima, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. O total de manifestações desfeitas pela corporação chegou a 563.
Santa Catarina segue sendo o Estado com mais bloqueios e interdições, 37. São Paulo, que chegou a ter oito na terça-feira, agora tem três - somente em rodovias federais. Também há registro de bloqueios parciais na Raposo Tavares, na altura de Sorocaba, e na Castello Branco, na Grande São Paulo; a Castello tem bloqueios nos km 19 e 26, em Osasco e Barueri. Os manifestantes contestam a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas e parte deles pede que haja intervenção militar para impedir o petista de assumir a Presidência do País.
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