O ex-deputado Rodrigo Maia (PSDB) pediu demissão do governo de São Paulo após o governador Rodrigo Garcia (PSDB) anunciar apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno da eleição presidencial. Maia, que chegou ao Palácio dos Bandeirantes na gestão do ex-governador João Doria, em 2021, como secretário de Ações Estratégicas, é o primeiro membro da equipe a anunciar sua saída devido ao posicionamento de Garcia. O ex-presidente da Câmara ensaia aproximação com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e se reuniu com o petista nesta terça-feira, 4.
Como mostrou o Estadão, secretários do governo de São Paulo ameaçam debandada em razão do apoio do governador a Bolsonaro. Eles dizem ter sido pegos de surpresa pela atitude de Garcia, que avisou o partido de última hora sobre sua decisão. Além de Maia, Laura Machado (Desenvolvimento Social) e Zeina Latif (Desenvolvimento Econômico) deixaram seus postos, também nesta quarta-feira, 5. Maia anunciou a saída em suas redes sociais, embora não tenha detalhado seus motivos. Garcia já nomeou os novos secretários.
A decisão de Garcia surpreendeu o diretório estadual do PSDB. Quadros históricos do partido, como Aloysio Nunes, reagiram mal. Nunes disse ao Estadão que o apoio a Bolsonaro “é uma vergonha, é o fim do mundo”.
Derrotado em sua tentativa de reeleição, Garcia também acertou acordo com Tarcísio de Freitas (Republicanos) na segunda, 3, e revelou sua decisão ontem. Tarcísio terminou o primeiro turno em primeiro lugar, com 42,32% dos votos. Além disso, Bolsonaro foi o candidato a presidente mais votado no Estado. A expectativa é que um eventual governo do ex-ministro possa abrigar tucanos próximos ao atual governador em sua equipe.
Segundo tucanos do diretório estadual, Garcia, que está filiado há pouco tempo no partido, não respeitou os ritos e agiu como se fosse um cacique solitário. As manifestações em sentido contrário de Aloysio Nunes, José Aníbal e José Serra praticamente inviabilizaram uma relação futura de Garcia com o partido no Estado.
Procurado pela reportagem, o secretário-geral do PSDB de São Paulo, Carlos Balota, confirmou que o partido não foi procurado e disse que a legenda no Estado ainda irá se reunir para tomar uma decisão oficial sobre a posição do partido em São Paulo. A leitura entre os tucanos paulistas é que Garcia já não tem sequer o controle da máquina partidária e está agindo de forma voluntarista.
Acompanhe as eleições pelo Estadão
O horário do encontro de Garcia com os secretários dissidentes ainda não foi marcado. Já há uma reunião geral de secretariado agendada para às 9h da quarta-feira.
O partido também liberou os diretórios estaduais e filiados no 2° turno das eleições presidenciais para decidir ente Lula e Bolsonaro. O ex-deputado federal Alexandre Frota anunciou desfiliação do PSDB e declarou apoio a Lula.
Os novos secretários nomeados por Garcia são Tarcila Reis Jordão (Projetos e Ações Estratégicas), Célia Leão (Desenvolvimento Social) e Bruno Caetano (Desenvolvimento Econômico).
Tarcila é doutora em Direito Público pela Sciences Po Paris, professora da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e subsecretária de Ações Estratégicas do Governo de São Paulo. Já Célia foi vereadora e deputada estadual por sete mandatos na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Bruno Ceatano atuou como assessor especial do prefeito de São Paulo, subsecretário de Gestão Estratégica da Casa Civil do de secretário de Comunicação Governo do Estado de São Paulo e secretário municipal da Educação.
Em nota, Garcia agradeceu aos serviços prestados pelos economistas Zeina Latif e Laura Muller Machado e pelo deputado Rodrigo Maia. “A premissa de sua administração é garantir que o interesse público esteja acima de qualquer corrente político/partidária. Portanto, o interesse dos paulistas não pode ser refém de qualquer tipo de proselitismo político”, afirma.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.