O major-brigadeiro nunca escondeu as perseguições que sofreu. Em outubro do ano passado prestou depoimento à Comissão Nacional da Verdade para falar sobre o assunto. Seu relato foi tão importante que deu origem a um grupo de trabalho dedicado exclusivamente a investigar a questão dos militares perseguidos pela ditadura. (Para ler a reportagem sobre o depoimento clique aqui.)
Moreira Lima recordou que era coronel quando foi demitido do comando da Base Aérea de Santa Cruz, em 2 de abril de 1964. Mais tarde ele se tornaria militante do movimento pela anistia dos militares perseguidos. É o autor do livro Senta a Pua!, sobre a presença da Força Aérea Brasileira na 2.ª Guerra, que deu origem ao documentário com o mesmo nome.
Ele morreu na madrugada desta terça, aos 94 anos, após passar dois meses internado no Hospital Central da Aeronáutica, no Rio. O texto oficial sobre sua morte, com 47 linhas, se detém na atuação dele na 2.ª Guerra. Como piloto do piloto do 1º Grupo de Aviação de Caça, conquistou a glória entre seus pares por realizar 94 missões. Sob fogo das tropas alemãs, teve sucesso em todas elas.
O texto do Centro de Comunicação despertou a atenção e chegou a ser elogiado nas redes sociais por sua linguagem com ares poéticos. Começa assim: "O homem se fez mito. O mito grandioso, magnânimo, extraordinário. O mito guerreiro. O mito-herói. O herói-homem."
Sob a fumaça poética fica a dúvida sobre as razões da omissão da FAB, no momento em que a Comissão da Verdade tenta passar a limpo a história do País.
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Moreira Lima era maranhense, da cidade de Colinas, e ingressou na FAB assim que a instituição foi criada, em 1941.
Quando decidiu seguir a carreira militar, o pai, Bento Moreira Lima, enviou-lhe uma carta, com alguns conselhos. Dizia, entre outras coisas que "o soldado não conspira contra as instituições pelas quais jurou fidelidade".
O herói da FAB nunca esqueceu os conselhos do pai e leu a íntegra da carta em seu depoimento à Comissão da Verdade.
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