BRASÍLIA – O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), foi criticado por ter faltado à cerimônia de aniversário do 327º aniversário da cidade de Mariana, cidade que há sete anos sofreu a maior tragédia ambiental do País. No evento, neste domingo, 16, que contou com a presença de deputados estaduais e outras autoridades, o presidente da Câmara Municipal, vereador Fernando Sampaio (PSB) disse, em discurso, que Zema deveria “respeitar a cidade” por não ter prestigiado a festa local.
Na cerimônia, estiveram, entre outros políticos, o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, deputado estadual Tadeu Martins Leite (MDB), e as deputadas estaduais Lohanna França (PV) e Maria Clara Marra (PSDB).
De acordo com a Constituição mineira, a capital de Minas Gerais é transferida simbolicamente de Belo Horizonte para Mariana em todos os dias 16 de julho, quando se comemora o “Dia de Minas Gerais”. O município foi a primeira cidade do Estado a ser fundada, em 1696. Sampaio afirmou que era uma “vergonha” Zema não ter ido para a sede simbólica do poder, e pediu para os parlamentares presentes “levarem um recado” ao governador.
“Eu gostaria de pedir para a deputada Lohanna, a Maria Clara e o Tadeu, presidente da Assembleia, que levassem um recado ao governador Romeu Zema, que respeite Mariana pelo 16 de julho. Eu acho uma vergonha o governador não participar de uma festa dessa em Mariana”, afirmou o vereador.
Ao Estadão, a deputada Lohanna afirmou que a ausência de Zema foi um desrespeito à história do município e aos moradores que aguardavam a presença do chefe do Executivo na cerimônia. Segundo a parlamentar, Mariana ainda sofre com os efeitos da devastação do rompimento da barragem da Samarco, e a população local precisa de mais assistência.
“Os moradores de Mariana precisam de um suporte. Mesmo sendo de oposição, eu sei que a figura do governador representa muito. Do mesmo jeito que a sua presença representa muito, a sua ausência também. Alguém tinha que ter ido, nem que fosse o vice-governador ou o secretário de Cultura. Foi um desrespeito”, afirmou a parlamentar.
Em nota encaminhada ao Estadão, o governo de Minas Gerais informou que Zema visitou a cidade de Mariana pela última vez no dia 23 de junho, quando participou do Fórum de Prefeitos do Rio Doce e se encontrou com os atingidos pela tragédia do rompimento da barragem da Samarco.
Cidade viveu desastre ambiental em 2015
No dia 5 de novembro de 2015, a barragem do Fundão, sob gestão da Samarco, controlada pelas empresas Vale e BHP, localizado no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, rompeu, deixando 19 pessoas mortas e 300 famílias desabrigadas. Os efeitos ambientais foram catastróficos, afetando ecossistemas que podem levar décadas para se recuperar.
Com o rompimento da barragem, cerca de 500 mil pessoas foram diretamente atingidas e 200 mil tiveram perdas materiais elevadas por causa dos 39,2 milhões de m³ de rejeitos de minério que percorreram os rios Gualaxo do Norte, Carmo e Doce até desembocar no Oceano Atlântico.
A cidade de Mariana ainda sofre efeitos diretos da tragédia. Em março, o Ministério da Saúde afirmou que prepara estudos para identificar os reais efeitos da contaminação na saúde da população local hoje.
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Em março deste ano, a Justiça Federal ordenou que a Vale e a BHP depositem judicialmente R$ 10,34 bilhões para garantir a reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem, ao atender um pedido do Ministério Público do Espírito Santo, que denunciou que as ações da Fundação Renova, entidade que foi criada para tentar reparar os impactos ambientais do desastre, corriam o risco de não serem mais executadas.
Em dezembro do ano passado, o Estadão mostrou que o governo de Minas Gerais estava preparando um novo termo de repactuação dos prejuízos causados pelo rompimento da barragem do Fundão. O projeto visava destinar recursos para cinco municípios, como forma de substituir programas extintos da Fundação Renova.
O governo de Minas Gerais informou que Zema participa, desde 2021, de agendas que discutem a repactuação da tragédia de Mariana, ressaltando ser “uma prioridade deste governo para garantir uma justa reparação”. “A atual tentativa já se estende por mais de sete anos sem efetividade. Levando em conta todas as reuniões com representantes do governo de Minas sobre o tema, já são mais de 300 encontros e 28 meses de discussão”, disse o Palácio Tiradentes em nota.
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