Sacola cheia: motorista de ex-assessor de Lira é suspeito de receber dinheiro de kits de robótica

Imagens de investigação da Polícia Federal, reveladas pela Rede Globo, mostram casal realizando saques em Brasília e entregando sacola para motorista de ex-assessor do presidente da Câmara

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Foto do author Daniel  Weterman
Atualização:

BRASÍLIA – O motorista do assessor parlamentar Luciano Ferreira Cavalcante é suspeito de receber dinheiro de um esquema de desvio de recursos públicos envolvendo a compra de kits de robótica em Alagoas. Cavalcante foi assessor do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e hoje trabalha na liderança do PP na Casa, conforme o Estadão revelou.

A Polícia Federal deflagrou uma operação na última semana e apreendeu mais de R$ 4 milhões em dinheiro vivo, valor que também inclui dólares, dentro de um cofre em Maceió. A PF aponta fraude na compra de equipamentos de robótica para escolas de Alagoas. O dinheiro veio do orçamento secreto e irrigou 43 prefeituras de Alagoas, reduto de Lira, beneficiando uma única empresa fornecedora.

Cofre cheio de dinheiro encontrado pela Polícia Federal durante operação que investiga desvio de dinheiro púbico envolvendo compra de kits de robótica em Alagoas.  Foto: Polícia Federal

Sacola cheia

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Imagens que fazem parte da investigação da PF foram reveladas pelo programa Fantástico, da Rede Globo, neste domingo, 4. Nas filmagens, o casal Pedro e Juliana Salomão – apontados como operadores do esquema – aparecem realizando “quase uma centena de saques em dinheiro”, em bancos e casas lotéricas de Brasília. Os saques eram fracionados, e não feitos de uma vez só, para driblar as autoridades, de acordo com a investigação.

Em uma das imagens, Pedro e o motorista do assessor Luciano Cavalcante, que não teve o nome divulgado, entram em um carro no dia 17 de maio deste ano. O veículo estava estacionado em um hotel de Brasília. Pedro entra no carro com uma sacola cheia e sai com ela vazia. De acordo com a PF, o motorista e o próprio assessor do PP estavam hospedados no hotel naquele dia.

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A cena se repetiu na Asa Sul da capital federal, também no dia 17 de maio, quando Pedro entra novamente no carro do motorista de Luciano Cavalcante. A Polícia Federal encontrou R$ 150 mil no veículo e o passaporte do assessor parlamentar em uma mochila dentro do porta-malas.

Cavalcante mora em Maceió, é presidente do diretório do União Brasil em Alagoas e recebe R$ 14,7 mil de salário para atuar como assessor da liderança do PP na Câmara, em Brasília.

Arthur Lira já empregou assessor que hoje é alvo da Polícia Federal; Luciano Cavalcante agora trabalha na liderança do PP, partido do presidente da Câmara. Foto: Wilton Junior/Estadão Foto: WILTON JUNIOR

Pedro e Juliana Salomão foram presos na última quinta-feira, 1. No dia seguinte, eles conseguiram uma decisão da Justiça para responder em liberdade. Os advogados do casal afirmaram que os dois não possuem nenhum envolvimento com as supostas fraudes apontadas pela Polícia Federal. A defesa de Cavalcante negou a participação dele em irregularidades após a operação da PF, mas neste domingo ainda não se manifestou.

Arthur Lira não é citado na investigação. Após a operação, o presidente da Câmara afirmou à Globo News que não tem nada a ver com o que foi apontado. “O que eu posso dizer é que eu, tendo a postura que tenho, em defesa das emendas parlamentares que levam benefícios para todo o Brasil, para toda a população, eu não tenho absolutamente nada a ver com o que está acontecendo. E não me sinto atingido, nem acho que isso seja provocativo”, disse Lira.

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A operação da PF se debruça sobre fraudes que teriam ocorrido entre 2019 e 2022. No centro das suspeitas está a empresa Megalic LTDA, que venceu diversas licitações para o fornecimento de kits de robótica. Entre os sócios está Edmundo Catunda, pai do vereador de Maceió João Catunda (PSD), aliado de Lira. Segundo a PF, a companhia não vende esse tipo de produto e comprou os kits de um fornecedor de São Paulo. A empresa nega ter sido beneficiada ilegalmente nas licitações.

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