O presidente da organização de defesa dos direitos humanos na internet SaferNet Brasil, Thiago Tavares, comunicou nesta segunda-feira, 6, que vai se exilar na Alemanha após ter recebido ameaças de morte por sua atuação no Brasil. A decisão foi comunicada em nota oficial da instituição.
Em outubro, Tavares participou de um painel sobre desinformação e campanhas de ódio durante o II Seminário Internacional do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Sua fala no evento abordou temas como interferência eleitoral e neonazismo no País. Desde então, ele relata ter sofrido "seguidas ameaças, inclusive de morte", em razão de sua atuação profissional e acadêmica no Brasil.
Segundo a nota, os ataques ganharam outra dimensão em novembro, quando um funcionário da organização foi abordado de forma violenta por quatro criminosos armados e sofreu um sequestro relâmpago. Os sequestradores roubaram seu celular e laptop, além de empregarem violência de teor LGBTfóbico. Segundo a SaferNet, Tavares estava a apenas 800 metros do local onde aconteceu a abordagem.
Em dezembro, a organização coletou evidências de comprometimento do laptop de Thiago Tavares pelo malware Pegasus, utilizado mundo afora para espionar jornalistas e ativistas de direitos humanos de forma ilegal.
“A proximidade dos fatos, somado às ameaças que já vinha recebendo, não deixou alternativa a Thiago Tavares a não ser deixar o país, temporariamente, até que as circunstâncias dos fatos sejam totalmente esclarecidas e sejam restabelecidas as condições de segurança pessoal para o desempenho de suas atividades profissionais e acadêmicas no Brasil, seja como defensor dos direitos humanos, seja como especialista em tecnologia”, diz a nota.
Procurado pelo Estadão, a assessoria de Thiago Tavares afirmou que investigações estão em andamento, mas nenhuma outra informação foi apresentada para não prejudicar as investigações.
Em nota, o TSE disse que repudia os ataques direcionados a Tavares e que considera "absurdo o uso da violência na tentativa de cercear a importante atividade de combate à desinformação e defesa dos direitos humanos na internet". O Tribunal enfatizou a necessidade de apuração do caso por autoridades competentes.
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