A manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para este domingo, 25, na Avenida Paulista, em São Paulo, reuniu milhares de apoiadores vestidos de verde e amarelo. Apesar de o ato contar com a presença de quatro governadores e dezenas de parlamentares, não foram todas as autoridades presentes que puderam discursar.
Idealizado pelo pastor evangélico Silas Malafaia, o evento ocorreu diante das investigações sobre uma tentativa de golpe de Estado promovida por membros do governo Bolsonaro. Durante a manifestação, o ex-presidente negou liderar uma articulação golpista depois da derrota nas eleições e disse ainda que sofre uma perseguição.
O Estadão compilou os pontos centrais das falas realizadas na manifestação em apoio ao ex-presidente. A ordem segue a sequência do evento, iniciando pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e finalizando com o próprio Bolsonaro.
Michelle Bolsonaro
A ex-primeira-dama abriu os discursos do ato bolsonarista na Paulista com apelo religioso e reclamando de supostos “ataques e injustiças” sofridos por ela e sua família. Ela se referiu ao público presente como o “exército de Deus nas ruas” formado por homens e mulheres “que não desistem da sua nação” e usou diversas citações bíblicas.
Por um bom tempo fomos negligentes a ponto de falarmos que não poderia misturar política com religião, e o mal tomou o espaço. Chegou o momento da libertação
Ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro
Gustavo Gayer
O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) foi um dos três parlamentares que discursaram no evento. Em uma fala breve, o parlamentar afirmou que, apesar de derrotada na eleição presidencial de 2022, a direita não vai parar no País.
Nós não vamos parar. O Brasil é nosso. Nós sabemos que estamos do lado certo. Mas sabemos que a vitória não vai vir fácil
Deputado Gustavo Gayer
Nikolas Ferreira
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), por sua vez, classificou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como “inimigo”. Ele ainda disse que os apoiadores de Bolsonaro não podem persistir menos do que os petistas.
Nosso inimigo ficou 12 anos tentando a presidência da República. Nós não temos o direito de ter menos persistência do que o nosso inimigo
Deputado Nikolas Ferreira
Magno Malta
Em sua fala, o senador Magno Malta (PL-ES) fez uma defesa do ex-presidente, afirmando que Bolsonaro é vítima de notícias falsas. Ele ainda afirmou o País possui Três Poderes que precisam se respeitar. Declarações do gênero frequentemente são um recado velado para o Supremo Tribunal Federal (STF), que tem sido alvo de ataques de bolsonaristas.
Quero falar que o Brasil precisa restabelecer o seu Estado Democrático de Direito. O País tem uma Constituição que precisa ser respeitada, tem Três Poderes - um necessariamente precisa respeitar o outro.
Senador Magno Malta
Tarcísio de Freitas
Já governador Tarcísio de Freitas agradeceu ao ex-presidente e afirmou que eles sempre estarão juntos. O discurso do governador de São Paulo foi breve, com duração de aproximadamente cinco minutos. Ele usou a maior parte de sua fala para exaltar Bolsonaro e relembrar marcas da gestão do ex-presidente.
Bolsonaro não é mais um CPF, não é mais uma pessoa, ele representa um movimento de todos aqueles que aprenderam e descobriram que vale a pena brigar pela família, pela pátria e pela liberdade
Governador Tarcísio de Freitas
Silas Malafaia
Coube ao pastor Silas Malafaia, organizador do ato convocado Bolsonaro na Paulista, fazer os ataques mais diretos ao Supremo, ao afirmar que se prenderem o ex-presidente será “para a destruição deles”. Em seu discurso, Malafaia apontou diversos questionamentos à atuação do ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos contra o ex-presidente que, entre outras coisas, investiga a tentativa de um golpe de Estado.
Eu não desejo isso pra você (Bolsonaro), mas vou deixar aqui uma palavra: ‘Se eles te prenderem você vai sair de lá exaltado. Se eles te prenderem, não vai ser pra sua destruição, mas para a destruição deles.
Silas Malafaia
Jair Bolsonaro
Encerrando o ato, o ex-presidente minimizou a existência da “minuta do golpe”, da qual foi o mentor, segundo a Polícia Federal (PF). Segundo ele, estados de sítio e defesa estão previstos na Constituição e só poderiam ser acionados depois de consulta a conselhos da República e deliberação do Congresso, o que não ocorreu.
Golpe é tanque na rua, é arma, é conspiração. Nada disso foi feito no Brasil. Por que continuam me acusando de golpe? Porque tem uma minuta de decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição?
Jair Bolsonaro
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