Segunda deputada federal mais votada em São Paulo, Carla Zambelli (PL-SP) é aliada de primeira hora do presidente Jair Bolsonaro e sempre defendeu a liberação do porte de armas. A parlamentar, que diz ter sido agredida no início da tarde deste sábado, 29, perseguiu o suposto agressor de arma em punho no bairro dos Jardins, na capital paulista.
Carla Zambelli nasceu em Ribeirão Preto (SP), no ano de 1980. Ela iniciou na vida pública em 2011, sendo uma das fundadoras do movimento “Na Rua” e ganhou fama ao protestar pelo impeachment de Dilma Rousseff. Também foi a protestos feministas liderados pelo FEMEN, movimento que surgiu na Ucrânia pela abolição do patriarcado em atos marcados por seios de fora. Zambelli, no entanto, nega ter participado do grupo. Em 2018, foi eleita deputada federal pelo PSL, na mesma onda que elegeu Bolsonaro. Já em 2022, foi reeleita deputada federal (agora pelo PL) com 946.244 votos. Na Câmara, foi presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS).
Qual é o papel do estado na preservação (ou não) de pautas como liberdade religiosa, legalização do aborto e das drogas e defesa dos direitos humanos?
O Estado deve garantir o direito à vida, esse é o principal direito humano. Aborto não é direito, mas concessão estatal para homicídio. O estado também deve garantir liberdade em todos os níveis e, por isso, a gente deve proteger o sentimento religioso. O sentimento religioso no Brasil é muito importante porque a maioria da população é cristã e exerce essa fé, seja na religião evangélica, na religião católica, espírita, muitos judeus também. E droga não é liberdade. É prisão, é vício, morte e ataca o primeiro dos direitos humanos, que é o direito à vida.
Devem ser feitas reformas econômicas no próximo mandato?
Precisamos fazer um amplo debate com todos os segmentos da nossa sociedade. O teto de gastos, tão criticado pela esquerda, ajudou a manter a saúde fiscal do nosso Brasil. Tivemos um desastre na pandemia pela política equivocada do “fique em casa” e é fundamental que o Congresso esteja alinhando com as ideias da equipe econômica do Bolsonaro.
Esse novo Congresso é reformista, conservador e vai andar alinhado com as pautas do presidente. Vamos ter muito mais força para aprovar uma reforma administrativa, ter redução dos gastos a médio e longo prazo, e a reforma tributária, porque uma vez a gente enxugando os gastos públicos, vamos reduzir impostos para reduzir a carga sobre o ombro dos empresários. E, assim, gerando mais renda, mais emprego, mais investimento no Brasil.
Além disso, precisamos de uma boa reforma na área do código penal e execução penal, acabar com “saidinha”. A Câmara já votou, falta o Senado. Acabar com a progressão de pena, acabar com visita íntima, derrubar o estatuto do desarmamento, para que as pessoas possam cada vez mais ter acesso à sua legítima defesa. Acho que a mulher, se armando, ela consegue se defender da violência. Já temos muito menos estupros, a violência no Brasil já reduziu bastante, 60 mil homicídios para 40 mil.
Acho que a mulher, se armando, consegue se defender da violência.
Carla Zambelli
A violência contra mulher também está reduzindo. Inclusive, durante a pandemia em que todo o resto do mundo aumentou, aqui no Brasil foi reduzido. Os feminicídios vêm caindo expressivamente no país e isso também tem a ver com o armamento da população e com os programas do presidente que prenderam muitos valentões. O Ministério da Justiça, junto com o Ministério da Mulher, promoveu uma das maiores operações contra estupradores, pedófilos e homens que violentavam mulheres.
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Você é a favor da permanência do Auxílio Brasil ou de outros programas de renda?
Sou a favor que exista programa de renda mínima, porque ninguém pode passar fome no Brasil e no mundo. É importante garantir renda mínima para as pessoas, mas é preciso haver o incentivo. O Auxílio Brasil é melhor que Bolsa Família, porque se a pessoa arrumar um emprego, ela continua ganhando, além do seu salário, mais 200 reais de incentivo para melhorar a sua vida. Temos também o maior programa de treinamento para mulheres que houve na história do Brasil, para que elas possam sair empreendedoras e oferecendo microcrédito na Caixa Econômica Federal. Vamos fazer com que as mulheres possam se desenvolver, sair da vulnerabilidade e, principalmente, não serem mais vítimas de violência dentro de casa.
O que pretende fazer para melhorar a educação no País?
Educação é uma pauta bastante ampla de curto, médio e longo prazo. A curto prazo, acredito que precisamos acabar com a aprovação automática. Hoje, as crianças não precisam estudar, passam de ano sem a necessidade de passar em provas e isso torna o aluno muito preguiçoso. Se ele pode passar de ano não pegando em um caderno, não aprendendo nada, por que ele tem de fazer esforço? Tenho um projeto apresentando em 2019 que tenta mudar esse sistema de aprovação automática. Em curto prazo, faria com que os alunos tivessem que estudar mais para poder passar de ano.
Para médio prazo, iria melhorar qualificação dos professores. O Governo Federal tem um programa de requalificação de professores. O que aumenta também a qualificação do professor é aumento de salário. Com salário melhor, ele pode pagar uma especialização, pós-graduação e pode dedicar um pouco mais à sua carreira, porque vai estar tranquilo com seu financeiro. O presidente Bolsonaro concedeu aumento de 33% e alguns estados conseguiram através disso aumentar o salário dos professores.
Ao longo prazo, precisamos melhorar a ideologização das crianças e adolescentes nas escolas e universidades. Temos que aprovar no próximo mandato o projeto Escola Sem Partido. Já fui coautora dele e pretendo reapresentar na próxima legislatura para que tenhamos esse projeto reavaliado. O professor precisa ser responsável na sala de aula. Não queremos os alunos pressionados nem para a direita, dizendo que tem votar em Bolsonaro, nem para esquerda. O que queremos na sala de aula é que o professor ensine a matéria.
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Como a próxima legislatura deve combater a falta de transparência no uso de recursos públicos?
O que falta no nosso sistema e nossos gastos não é transparência, a transparência é já existe. O que precisa é mudar o sistema de Justiça. Por exemplo, condenados são soltos e a prova disso é um condenado por vários juízes em três instâncias ter sido solto, concorrendo à Presidência. Hoje, tudo é publicado, todos os gastos públicos são publicados e quando eventualmente não se sabe, tem a Lei de Acesso à Informação, que entra com ofício e solicita. O que precisar acabar é com a impunidade.
Correções
A deputada Carla Zambelli foi a segunda parlamentar mais votada em São Paulo para a Câmara, não terceira.
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