BRASÍLIA – Antes de ser agredido com uma cadeira durante o debate da TV Cultura, realizado na noite deste domingo, 15, o candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, chamou o candidato do PSDB, José Luiz Datena, de “Jack”.
“Tem alguém aqui que é Jack, e está aqui tirando onda, apoiando censura, mas é alguém que responde por assédio sexual, e essa pessoa é o ‘Dá Pena’, (em referência a José Luiz Datena). Eu queria que você pedisse perdão para as mulheres sobre o processo que corre”, disse Marçal a Datena minutos antes da agressão.
O termo começou a ser usado nas penitenciárias brasileiras para se referir aos encarcerados que foram condenados por crimes sexuais, sobretudo estupradores. Seguindo o código de conduta dos presos, esses criminosos eram submetidos a agressões físicas e morais, além de serem obrigados a entregar itens de alimentação e higiene para outros detentos.
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A origem do termo “jack” é incerta. Sabe-se, porém, que há influência do assassino em série britânico “Jack, o Estripador”, que executou ao menos cinco mulheres no final do século XIX. No sistema prisional, foi feito uma corruptela, ou seja, uma transformação da palavra, de “Estripador” em “Estuprador”.
O termo foi popularizado na letra da música “Vida Loka pt.1″ do grupo de rap Racionais MC’s, que surgiu no bairro do Capão Redondo, na periferia de São Paulo. Em um trecho da canção, o rapper Mano Brown diz que os estupradores são poupados por uma parcela da população quando estão nas ruas.
“Mas na rua não é não, até ‘jack’ tem quem passa um pano, impostor pé-de-breque, passa para o malandro. A inveja existe, e a cada dez, cinco é na maldade. A mãe dos pecados capitais é a vaidade”, diz a letra da música, lançada pelo Racionais MC’s em 2002.
O caso citado por Marçal foi aberto e arquivado pela Justiça em 2019. A denunciante foi a jornalista e ex-repórter da Band, Bruna Drews, que afirmou, em entrevistas realizadas na época, que Datena se masturbou pensando nela. Segundo Drews, o candidato do PSDB disse que seria “um desperdício” a profissional namorar uma mulher”, fato ao qual o apresentador supostamente atribuía a ela “não ter conhecido o homem certo”.
Após a denúncia e as declarações públicas da jornalista, o apresentador negou as acusações, afirmando que o caso se tratava de “calúnia”, e alegou que a profissional sofria de problemas psicológicos.
Segundos antes da agressão, Marçal voltou a provocar Datena e disse que o tucano era um “arregão” e não tinha coragem suficiente para agredi-lo. Na manhã desta segunda-feira, 16, o hospital Sírio-Libanês, onde o candidato do PRTB ficou internado, afirmou que ele teve “traumatismo na região do tórax à direita e em punho direito, sem maiores complicações associadas”. Ele recebeu alta.
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Em entrevista à imprensa após deixar o hospital, Marçal disse que vai pedir a cassação do registro de candidatura de Datena. Em nota, o PSDB paulistano afirmou que não há como o tucano sair da disputa por conta da agressão física.
Em nota divulgada nesta segunda-feira, Datena disse que não se arrependeu de ter cometido a agressão. “Eu sou um cara de verdade e, com um gesto extremo, porém humano, expressei minha real indignação por ter, de forma reiterada, sido agredido verbal e moralmente por um adversário que, como todos têm podido constatar, afronta a todos com desrespeito e ultraje, ao arrepio da ética e da civilidade. As acusações que Marçal me fez diante de milhões de pessoas são graves. E absolutamente falsas”, disse o tucano em nota.
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