Saiba por que Eduardo Bolsonaro, Pablo Marçal e Cleitinho são investigados por fake news sobre RS

Postagens feitas pelos parlamentares e pelo influenciador foram listados em um ofício enviado pela Secom ao Ministério da Justiça; defesa de Marçal diz que coach tem ‘direito de opinião’; Eduardo e Cleitinho foram procurados, mas não responderam

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Foto do author Gabriel de Sousa
Atualização:

BRASÍLIA - O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o coach e influenciador Pablo Marçal e o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) são alvos de um inquérito que apura supostas disseminações de fake news sobre a tragédia climática que já deixou ao menos 107 mortos e 136 desaparecidos no Rio Grande do Sul. A investigação foi aberta pela Polícia Federal (PF) após ordem do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

O deputado Eduardo Bolsonaro (à esquerda), o senador Cleitinho Azevedo (ao centro) e o coach Pablo Marçal (à direita) Foto: Dida Sampaio/Estadão, Waldemir Barreto/Agência Senado e Enzo Beckham/Divulgação Blog Pablo Marçal

Os três estão listados em um ofício que foi enviado nesta terça-feira, 7, pelo ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, para Lewandowski. Após receber o documento, o chefe da Justiça ordenou a abertura de um inquérito.

“Recentemente a Secretaria de Comunicação Social foi informada sobre a existência de narrativas desinformativas e criminosas vinculadas às enchentes e desastres ambientais ocorridos no Estado do Rio Grande do Sul. Este ofício tem por propósito destacar esses acontecimentos, sua relevância e impacto no aprofundamento da crise social vivida pela população”, escreveu Pimenta, que é natural do Rio Grande do Sul.

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No mesmo dia em que Pimenta enviou o ofício para Lewandowski, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou as notícias falsas sobre o Rio Grande do Sul para defender a regulação das redes sociais. O petista disse que as desinformações “só atrapalham” e “não ajudam” a melhorar a situação no território gaúcho. “Um país não pode ir para frente desse jeito”, afirmou o presidente.

O ofício de Pimenta foi contestado pelo partido Novo, que apresentou uma notícia-crime contra o ministro da Secom e o chefe da Justiça. A sigla argumenta que os conteúdos listados pelo Planalto não evidenciam crimes e pediu que os ministros sejam investigados por abuso de autoridade.

Eduardo Bolsonaro

No ofício de Pimenta, o deputado Eduardo Bolsonaro, que é filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), é acusado de ter propagado notícias falsas ao ter compartilhado uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo com o título “Após 4 dias de chuvas, governo Lula autoriza envio da Força Nacional para o RS”.

O ministro da Secom não explicou o motivo da postagem ser considerada uma fake news. “Eduardo Bolsonaro criticou a ajuda do Governo Federal ao Rio Grande do Sul, ao mencionar que o governo levou quatro dias para enviar reforços à região”, escreveu Pimenta.

O Estadão procurou o deputado Eduardo Bolsonaro, mas não obteve retorno.

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Pablo Marçal

Já o coach Pablo Marçal, que é pré-candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PRTB, é apontado pela Secom como propagador de desinformações após alegar que caminhões com doações para vítimas das enchentes estavam sendo retidos pela Secretaria de Fazenda do Rio Grande do Sul (Sefaz-RS) para a cobrança de nota fiscal e ICMS.

Nesta terça-feira, 7, o Estadão Verifica mostrou que não há ações de fiscalização que impeçam o transporte de doações para os municípios atingidos pelas chuvas. As Secretarias da Fazenda do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, o governo gaúcho e a Polícia Rodoviária Federal afirmaram que não há retenção de veículos na Receita.

Nesta quarta-feira, 8, a Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT) confirmou, no entanto, que houve seis autuações em Araranguá por excesso de peso, mas ressalvou que os casos foram isolados e que os veículos não foram impedidos de seguir viagem. As multas, segundo a agência, serão anuladas.

Pimenta também incluiu um vídeo onde Marçal acusa Lula e a Aeronáutica de não trabalharem no resgate das vítimas no Rio Grande do Sul. “Eu não entendo por que que um empresário sozinho tem mais helicóptero lá do que a Força Aérea Brasileira. Até agora não entendi o que que esse Presidente tá fazendo”, afirmou o pré-canditato do PRTB. Nos últimos dias, a declaração do coach foi republicada por diversos perfis nas redes sociais.

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“Importante destacar que o conteúdo veiculado por Pablo Marçal tem larga escala de alcance e é tomado como verdade, replicado por outras figuras em diferentes plataformas de redes sociais”, afirmou Pimenta no ofício.

Em nota enviada ao Estadão, o advogado Tassio Renam, que defende Marçal, afirmou que irá tomar medidas para “justificar e provar” as alegações feitas pelo coach. “O final certamente terá uma sentença resguardando o direto de opinião e fala do nosso cliente, por ser a medida de direito mais justa a ser adotada”, afirmou.

Cleitinho Azevedo

Segundo a Secom, o senador Cleitinho Azevedo “tem ativamente compartilhado conteúdo desinformativo em suas plataformas de redes sociais”. Em uma das postagens feitas pelo mineiro que foram incluídas por Pimenta no ofício, o parlamentar endossa as declarações de Marçal e acusa o governo gaúcho de barrar caminhões com doações.

“A secretaria do Estado do Rio Grande do Sul estão barrando os caminhões de doações por falta de nota fiscal. Canalhas! Pegam essas notas fiscais e levam para o quinto dos infernos. Se vocês não conseguem ajudar, não atrapalha quem está ajudando!”, disse o senador na publicação.

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O Estadão procurou o senador Cleitinho Azevedo, mas não obteve retorno.